02-jan-2021 A VACINA, A PRAIA E O AVIÃO

Hoje, sábado, dia 2 de janeiro de 21. Uma foto grande em um jornal paulistano mostrou a Praia Grande, no litoral paulista, cheia de banhistas, em época de pandemia. Parece um povo teimoso e carente de diversão? Outros adjetivos ficam por sua conta. Seja respeitoso.

A Anvisa informa que não há empecilho para liberação da vacina, porém precisará do tempo necessário para uma avaliação técnica, a partir do momento em que as empresas produtoras das vacinas apresentarem as informações necessárias. A Anvisa parece manter-se responsável, apesar de pressões políticas.

Será que a vacina não fez falta para muitos? Mesmo sem vacina as praias estavam cheias. O segmento de hospitalidade (hotelaria, bares, ...) e de transportes aéreos, por exemplo, ainda aguarda a melhoria da atividade econômica para sobreviver. Então, a vacina, deverá proteger pessoas e salvar negócios. Isto não quer dizer que diante da necessidade e da justa ansiedade de muitos, justifique-se uma vacinação não segura.

A intuição pode nos dizer que se o COVID 19 contaminar uma pessoa saudável e essa pessoa receber os devidos cuidados médicos, sua chance de recuperação será alta. Por outro lado, se o vírus infectar uma pessoa fragilizada com problemas de saúde, a chance de êxito letal se eleva. As companhias aéreas nesses tempos de pandemia passaram por fortes dificuldades operacionais, com queda, segundo dados divulgados hoje, da ordem de 94,5% na demanda por passagens aéreas. Uma queda de atividade dessa magnitude, é traumática para empresas, por mais saudáveis que sejam.

Em março de 2020, fiz o seguinte comentário sobre a situação da GOL:

“O resultado financeiro da empresa, compreendendo as despesas financeiras líquidas mais a variação cambial sobre as dívidas em moeda estrangeira, totalizaram R$ 1.743,8 milhões, levando a empresa ao prejuízo líquido da ordem de R$ 209,6 milhões. A empresa apresentou em dezembro de 2.019 um patrimônio líquido negativo da ordem de R$ 7.676,7 milhões, mostrando que a vendas de todos os ativos seria insuficiente para pagar as dívidas.”

Então, o impacto do COVID 19, em uma empresa que já apresente elevado endividamento e geração de prejuízo, elevará sua dificuldade de recuperação. É desejável para o país que as três empresas aéreas (Gol, Latam e Azul) encontrem soluções operacionais. Ao longo dos anos, ouvimos com frequência que ‘as passagens aéreas são caras’; ao mesmo tempo as empresas não apresentam necessariamente resultados positivos.

Na pandemia, as viagens de negócios também foram reduzidas e novos hábitos e formatos de reuniões de negócios, à distância, foram aprimorados. Isto dificultará a retomada das viagens corporativas, que normalmente apresentam preços melhores para as companhias aéreas? As viagens de turismo aumentarão sua participação no faturamento? A grande movimentação de final de ano na Paria Grande mostra o desejo das pessoas por diversão. As cargas também precisam ser transportadas.

Segundo o IBGE, a população brasileira atual é estimada em 211,7 milhões. Conforme o site <convid.saude.gov.br> em 1 de janeiro de 2021, o número acumulado de registro de brasileiros infectados foi de 7.700.578 pessoas, representando 3,64% da população. O número de óbitos acumulou 195.411, representando 2,54% dos infectados. O número de óbitos em relação à população ficou próximo de um brasileiro para cada mil habitantes.

Eu, particularmente, quero ser vacinado, mas não quero estar entre os primeiros a serem vacinados. Quero ter a opção de esperar o momento que eu considere seguro para me vacinar. Seriam os políticos locais mais perigosos que o coronavírus? Nesse final de ano, não fui à praia, não participei de aglomeração. Tive um dos melhores “dia de ano novo” dos últimos tempos.

Que você meu amigo, minha amiga tenham um abençoado ano de 2021.

José Pereira da Silva

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