2001 (Parte 2): Um cliente quase quebrou a Tecmedia – EP. #014

2001 (Parte 2): Um cliente quase quebrou a Tecmedia – EP. #014

O cliente aprova a sua proposta comercial, diz que tem muita urgência no serviço, você investe um ‘monte‘ de dinheiro contratando pessoas e comprando equipamentos, pra dar conta daquele projeto, e o cliente dá pra trás e quase quebrou a Tecmedia.

Ele diz que não vai mais fazer o serviço com você. Aí você olha aquele monte de contas pra pagar, olha aquela gente toda esperando para receber o salário, e faz o que?

Leia o texto abaixo pra saber como saí dessa enrascada.

Estava tudo indo muito bem…

O ano era 2001, eu tinha acabado de reestruturar o escritório da Tecmedia em Tubarão, e já estávamos desenvolvendo alguns projetos, entre eles, aquela loja virtual que comentei no episódio passado. (se não assistiu, clica aqui em cima e assiste lá).

Bom, estava tudo correndo bem, dentro do planejado: escritório e computadores novinhos, equipe montada, projetos em andamento, novas negociações. Eu havia até comprado uma TV e um aparelho de vídeo cassete para fazer treinamentos de capacitação com a equipe (sim, naquela época, ainda usávamos fitas VHS para assistir a maioria dos vídeos. risos…), até que um dia, uma grande empresa aqui da cidade, entrou em contato solicitando uma reunião.

Um grande projeto

Fui até a empresa, conversei com o gerente de tecnologia, coletei as necessidades, voltei para o escritório, montei a proposta, marquei uma nova reunião, apresentei a proposta com os valores, e o gerente aprovou!

Pensei comigo: massa! mais um grande projeto pra fortalecer essa nova fase da Tecmedia.

O próximo passo foi a elaboração e assinatura do contrato. Elaborei a minuta, enviei para o gerente, e ele me chamou outra vez para uma nova conversa. Aí ele ressaltou que havia muita urgência no projeto e disse pra eu agilizar ao máximo o desenvolvimento, e comentou ainda que ele estaria encaminhando o contrato para o diretor da empresa assinar.

Na minha grande ingenuidade, atendi o apelo do gerente, e agilizei o processo.

O investimento

Como a equipe da Tecmedia ainda era pequena, a primeira coisa que fiz, pra poder dar conta da demanda e dos prazos, foi contratar mais pessoas. Para cada novo funcionário, eu precisaria de uma mesa, uma cadeira, e de um computador. Também providenciei. (Comprei tudo com o meu amigo Jarbas Possamai, da JMP Informática).

Tive que fazer tudo isso muito rapidamente, então, em pouco tempo, eu já tinha os computadores instalados, e o novo pessoal recebendo treinamento.

Na semana seguinte, o tal gerente me chamou para mais uma reunião.

Uma facada nas costas!

Chegando lá fui surpreendido com a notícia de que o diretor da empresa, havia achado o valor da nossa proposta, muito alto, alegando que existia uma outra pessoa, que faria o mesmo serviço por um quarto do nosso preço.

Com isso, o gerente deu o golpe final, dizendo que não faria mais o projeto com a Tecmedia.

Cara, imagina a situação… Eu, com uma equipe maior do que eu precisava naquele momento, com 10 cheques pré-datados para cobrir a compra dos móveis e equipamentos, e com uma cara de quem fez papel de idiota.

Levantando a cabeça

Mas, uma coisa que aprendi muito cedo foi de que não adianta chorar sobre o leite derramado, por isso, voltei para o escritório, conversei com a equipe, expliquei a situação, me comprometi a não demitir ninguém, por causa daquele problema, e disse que iria correr atrás de novos projetos, pra que a gente desse a volta por cima.

Primeiro fui renegociar o pagamento dos computadores, lá com o Jarbas, pois eu não teria condições, naquele momento, de honrar com as datas dos cheques. O Jarbas, além de meu amigo, é super tranquilo pra negociar, entendeu perfeitamente a situação, e nos acertamos.

A dica aqui é meio óbvia, mas lá vai: negócio fechado, só com contrato assinado. Não acredite em promessas.

Mas a lição serviu pra eu ficar ligado, e não cair mais em conversinhas desse tipo.

A Nascisul Transportes

Alguns dias depois, comecei a fechar novos projetos, sendo que o maior deles foi o site da Nascisul Transportes, que ficava localizada em Criciúma. Além de uma experiência técnica muito valiosa pra nós, o projeto se tornou case nacional na área de transportes.

Desenvolvemos um site, e uma área de serviços online, onde, além das informações institucionais e comerciais da empresa, o cliente da transportadora, tinha a disposição um leque de ferramentas integradas, onde era possível, por exemplo, consultar duplicatas, conhecimentos, posição das cargas, prazos de entrega, entre outros serviços digitais.

O desenvolvimento desse projeto foi uma parceria feita entre Tecmedia e TDF Assessoria Empresarial, que prestava consultoria para a Nascisul. A indicação da Tecmedia foi através do Júlio Cesar Feldmann, aquele que foi meu chefe na Eliane, e conhecia o dono da TDF.

O desafio

Com esse novo projeto ganhamos fôlego pra recuperar um pouco o nosso fluxo de caixa. Porém, o nosso desafio, naquele momento, não era só a parte financeira da empresa, mas sim, a parte técnica do projeto, pois a exigência para o desenvolvimento do novo site da Nascisul era que fosse utilizada a linguagem de programação PHP, ao invés do ASP, como estávamos acostumados até então.

Mesmo considerando que nem eu, nem a equipe tínhamos o mínimo de conhecimento dessa linguagem, aceitei a proposta, e comecei a estudar PHP e Linux (O sistema operacional onde o site seria hospedado). Depois de muitas horas de estudo e de muito trabalho, conseguimos concluir o projeto e colocá-lo no ar.

O site fez um sucesso tão grande que a Nascisul produziu até um comercial na TV, pra divulgar a novidade.

O reconhecimento

A Nascisul foi a primeira transportadora do Brasil a oferecer esse tipo de auto serviço eletrônico, via internet, para seus clientes. E a Tecmedia teve uma participação fundamental no projeto.

Ao longo desses mais de 22 anos no mercado, atendemos várias outras transportadoras, implantando a mesma solução, e obtendo resultados extraordinários.

Só com a Nascisul foram mais de 15 anos de parceria, incluindo o desenvolvimento de várias versões do site oficial, inúmeras ferramentas de interação, e um contrato mensal, onde atendíamos a demanda do cliente, e prestávamos consultoria na área de projetos web.

Até hoje, este case é uma grande referência para nós!

O projeto da Nascisul e outros projetos que fechamos naquela época, amenizaram um pouco os problemas financeiros, possibilitando o pagamento gradual das nossas dívidas.

Professor universitário

Trocando de assunto: outra oportunidade que apareceu na minha vida de docente, também em 2001, foi quando encontrei, na saída do prédio onde ficava o escritório da Tecmedia, um amigo (o Leonardo Benedet). Ele também tinha uma empresa na área de desenvolvimento web, e assim, era meu concorrente 🙂 Mas éramos amigos desde o tempo da faculdade. Ele comentou que o então coordenador do Curso de Ciência da Computação da Unisul, Rafael Faraco, havia conversado com ele sobre a necessidade que a universidade tinha em contratar um professor na área de web.

Fui até a universidade, conversei com o Rafael, que foi meu professor quando fiz o curso, e ele confirmou a necessidade de encontrar alguém com experiência em programação web, e assim, acertamos a minha contratação.

Desta forma, em 2001, também iniciei a minha trajetória como professor de nível superior, ensinando programação para web. Comecei com ASP ( Active Server Pages), depois de alguns semestres, passei para PHP, e tempos depois, introduzi JAVA pra Web ( JSP, Servlets).

A experiência

Fiquei na universidade por quase dez anos (2001 à 2011). Lecionei disciplinas de Programação para Web, Otimização de Processos, Comércio Eletrônico, Portais Corporativos, além de vários cursos sequenciais, aos sábados. Também orientei mais de 30 trabalhos de conclusão de curso, e participei da banca avaliadora de vários outros.

Tenho muito a agradecer ao Léo, pela indicação, ao Faraco, pela confiança no meu trabalho, e à todos os demais professores e equipe de coordenação, que me apoiaram durante todo esse tempo. Claro, também tenho que agradecer aos quase 1.000 alunos que passaram pelas minhas aulas durante esses quase 10 anos como professor universitário.

O retorno financeiro

Assim como na Eliane, conquistei a vaga de professor universitário, em razão da minha experiência na área de internet, adquirida dentro da Tecmedia.

Outro detalhe importante é que os meus rendimentos como professor auxiliavam na manutenção da empresa, nesta época. Mesmo assim, o equilíbrio financeiro era bastante difícil.

No próximo episódio

No próximo episódio, vou falar sobre um outro emprego extra que tive que conseguir para poder saldar as dívidas da empresa. ou seja, tive que trabalhar em 3 lugares diferentes até conseguir pagar o investimento que eu havia feito por causa daquele cliente que deu pra trás, que comentei no início desse vídeo. Também vou falar de outro erro que cometi ao decidir trocar o escritório da Tecmedia de endereço, sem prever as consequências.

Agora conta pra mim se você já fez algo parecido. Diz se você já começou a trabalhar em algum projeto, e o cliente simplesmente deu pra trás do acordo, ou mesmo de um contrato firmado, e você acabou ficando no prejuízo.

Comenta aqui embaixo e compartilha a sua experiência comigo!

Um grande abraço, e até o próximo episódio!!

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