3 erros comuns para evitar no processo de fusões e aquisições (M&A)
Nem sempre o fato de uma organização ter uma estrutura sólida a protege dos possíveis problemas de uma fusão ou aquisição.
A questão é que esses processos, apesar de serem vitais para o crescimento dos negócios, podem causar impactos significativos nas companhias mais sólidas. Afinal, não é porque um negócio vai bem que suas adquiridas também irão, certo?
Fusões e aquisições são ótimas para expandir mercado, explorar novos talentos, aumentar lucros, diversificar investimentos e até mesmo incentivar a inovação. Ainda assim, os estudos costumam apontar que esses processos geram uma taxa de insucesso que varia entre 70% e 90%. Em média, 80% deles falham miseravelmente quando o objetivo é melhorar a receita da companhia. Bem perigoso.
Considerando o alto investimento necessário para realizar uma operação do tipo com sucesso e a grande alocação de esforços e recursos para que tudo caminhe bem, ver o negócio dando resultados desanimadores pode ser um balde de água fria nos acionistas.
Então, como é possível evitar o destino da maior parte das aquisições e fusões e gerir bem esse processo? Conhecer as armadilhas escondidas nesses tipos de transação e como lidar com elas no dia a dia do negócio é decisivo para aumentar as chances de sucesso.
Por isso, neste texto, a ideia é trazer um pouco dos erros mais comuns envolvendo fusões e aquisições e como mitigá-los.
Erro de estratégia
Fusões e aquisições são úteis para alcançar diversos fins, mas elas não devem ser encaradas como uma estratégia em si, mas sim uma espécie de facilitador para chegar lá.
Por exemplo, muitas companhias desejam expandir negócios para novas regiões. Elas aproveitam que existem concorrentes que são fortes nesses locais para adquiri-los, pois isso acaba sendo mais rápido (e muitas vezes tempo não é algo que temos de sobra) do que penetrar organicamente. Com isso, a organização expande a atuação geográfica e passa a ter acesso a mercados que normalmente demandaria muito tempo, esforço e conhecimento específico daquela região/país.
Uma boa estratégia envolve escolhas sobre como jogar e onde jogar para alcançar uma vitória pontual em algo que faça a diferença do negócio. Isso significa duas opções: jogar de forma a potencializar os pontos fortes ou apostar de modo a melhorar deficiências que deixarão a organização mais forte.
Em geral, as marcas que conseguem sucesso com fusões e aquisições são aquelas que focam esforços em melhorar aquilo que é o seu principal valor. Veja o exemplo da @Apple, a companhia é sinônimo de sucesso por conta do design e inovação, logo as aquisições seriam focadas essencialmente em potencializar o design para manter-se na liderança.
Do mesmo modo, se uma companhia possui um bom produto, mas encontra problemas com distribuição, ela pode adquirir uma rede de lojas com boa capilaridade, que lhe permita potencializar a distribuição de itens, fazendo com que ele chegue a um número maior de clientes e a tornando mais poderosa.
E isso nos leva direto para o próximo ponto deste artigo.
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A questão cultural
Eis o calcanhar de Aquiles (e sem sombra de dúvidas, o ponto mais subestimado nos processos de M&A, além de ser um dos principais motivos de fracasso no processo como um todo) de muitas companhias quando resolvem adquirir um novo negócio. Fusões e aquisições envolvem regiões, países e culturas organizacionais bastante diferentes. Integrar adequadamente essas particularidades pode ser desafiador.
Muitas organizações optam por deixar um negócio adquirido funcionando separadamente, mas essa não é de longe a melhor opção para quem quer tirar o melhor do investimento, aproveitando as sinergias de cada negócio e realmente focando no 1 + 1 = 3 (no mínimo). É preciso um equilíbrio para mesclar as organizações de modo a potencializar resultados.
Nesse caso, as opções são implementar a cultura no novo negócio ou mesclar ambos em uma cultura ajustada que atenda os requisitos do negócio. A integração não deve ser algo que pode ser deixado para depois. Ela deve ser planejada desde a due diligence para alcançar resultados.
Mantenha uma pessoa responsável pelo processo, envolva consultorias especializadas para ajudar com todo o processo de Change e Integração, e separe/crie times/comitês específicos para talentos, cultura e comunicação. Realizar isso de modo planejado e integrado ao plano maior da aquisição ajuda a atingir o objetivo esperado em menos tempo e com menor risco de impactos negativos no negócio.
O alvo errado
E já que falamos dela, a etapa crucial e mais trabalhosa de um bom processo de fusão ou aquisição é a due diligence. Ela é uma investigação vital e abrangente sobre os negócios da empresa-alvo que se pretende comprar.
Isso ajuda a identificar, medir e minimizar os passivos e riscos que envolvem todo o processo, enquanto avalia-se o valor da empresa-alvo. Fatores como dívidas, impactos econômicos, cenários futuros e o desempenho histórico do negócio devem ser validados e levados em consideração.
A diligência é um trabalho difícil e demorado que, quase sempre, exige uma consultoria treinada e uma equipe dedicada dentro da companhia para averiguar todas as etapas que podem transformar um bom negócio em complicação. Não subestime essa etapa, pode parecer burocrática, com vários termos e jargões jurídicos, contábeis, fiscais e etc… mas ela é essencial para garantir que o negócio em questão é saudável e atingir os retornos esperados da operação.
Realizar uma fusão ou aquisição de sucesso é tão difícil quanto conseguir encontrar um bom ativo para comprar ou investir no imóvel dos sonhos.
Análises precisam ser feitas, cenários precisam ser previstos e planejamentos precisam ser traçados não apenas para que o negócio prospere, mas também para traçar um plano de contingência caso algo saia errado.
Então, me diga, você está pronto para dar esse passo? Já passou por um processo assim?