3 motivos pelos quais a eleição de 2018 não deve ter tantos candidatos quanto esperado

3 motivos pelos quais a eleição de 2018 não deve ter tantos candidatos quanto esperado

Muito tem se falado a respeito da quantidade de pré-candidatos a presidente que teremos nas eleições de 2018. A comparação com 1989 é imediata, pois é a que contou com o maior número em nossa recente democracia. Entretanto, alguns fatores levam a crer que, ao chegar a hora de traçar a estratégia eleitoral, os partidos devem ser mais pragmáticos e conter o ímpeto de lançar candidaturas próprias. Confira 3 pontos que corroboram com essa visão.

 Falta dinheiro.

A decisão do Supremo Tribunal Federal, ratificada pelo Congresso, de proibir doações de empresas para campanha obrigou os partidos a mudarem a forma como definem seu posicionamento nas urnas. Os partidos contarão apenas com o Fundo Partidário, o Fundo Eleitoral e as doações próprias ou de pessoas físicas para campanha (limitadas a 10% do rendimento bruto de 2017) – portanto os gastos com campanha devem reduzir drasticamente. Uma campanha presidencial custa caro. Com uma limitação do montante a ser gasto os partidos terão que optar entre lançar um candidato à presidência ou dar atenção às candidaturas para o legislativo. Como é o tamanho da bancada no Congresso que define acesso aos fundos, partidos mais pragmáticos devem optar por focar seus recursos nas eleições destes cargos. Algumas legendas menores podem até lançar candidatura a presidente como forma de demonstrar sua posição ideológica, mas sem chances reais. Partidos médios e grandes devem limitar o número de postulantes ao Planalto de acordo com a estratégia de crescimento para os próximos anos.

 A história.

Muitos nomes têm se colocado como pré-candidatos pelo fato de inexistir uma liderança forte. Michel Temer, Henrique Meirelles e Rodrigo Maia contam com apenas 1% da intenção de votos na maioria dos cenários projetados, ainda assim, se lançam como candidatos. Os motivos são diversos, desde proteger seu legado, quanto cacifar o partido para as negociações e não ser muito cedo para abjudicar de uma candidatura própria e apoiar outro nome. Entretanto, a principal razão é que todos encontram-se em pé de igualdade na disputa.

Vale lembrar que o DEM não lança candidato próprio desde 1989 e o MDB desde 1994. Muitas coisas estão acontecendo pela primeira vez no país, mas lideranças partidárias não devem arriscar ficar sem um cargo caso suas chances continuem muito baixas. Em 1998 tivemos 12 candidaturas registradas. Em 2002, apenas 6. Em 2006, 7. Em 2010, 9. Em 2014 tivemos 11. No dia 15 de agosto, a quantidade de candidaturas deve flutuar por volta desses mesmos números.

 Sobrevivência.

Em meio à quantidade de escândalos que tem surgido envolvendo figuras tradicionais da política brasileira e ao sentimento anti-establishment por grande parte do eleitorado, uma pulverização de candidaturas pode fortalecer candidatos de fora das oligarquias políticas tradicionais. As chances de um outsider diminuem a cada dia, entretanto, na ausência de uma figura representando o novo, candidaturas como a de Jair Bolsonaro se fortalecem. A centro direita precisará tirar votos de Bolsonaro para passar ao segundo turno, de forma que, caso tenhamos muitos candidatos existe um risco de pulverizar os votos e Bolsonaro passar para o segundo turno contra um representante da centro-esquerda. A eleição de um candidato que aja em desacordo com as práticas tradicionais poderia significar uma ameaça para os grandes partidos que querem manter sua relevância e poder. Como diz aquela velha frase, às vezes "é preciso que tudo mude para que continue como está". Mas na ausência de um nome para essa não mudança, os partidos devem se unir contra o outsider.

Conclusão.

Muita água ainda vai rolar até o início das campanhas em agosto e o cenário político pode sofrer diversas mudanças. Somam-se a estes fatos os resultados inesperados obtidos em outras deliberações e eleições ao redor do mundo. Apesar disso, à medida que nos aproximarmos das campanhas a tendência é que o pragmatismo prepondere na maioria dos partidos e que a quantidade de candidaturas registradas seja menor do que o de pré-candidatos.


Juliano Griebeler é Diretor de Relações Governamentais da Barral M Jorge - BMJ, consultoria especializada em relações governamentais, comércio internacional e assuntos tributários.



Ivan Ervolino

Cofundador e Diretor de Estratégia na Sigalei

6 a

Artigo bem interessante Juliano. Realmente são variáveis importantes de observamos em nossas análises.

Roberta Picussa

Doutora em Ciência Política pela UFPR | Coordenadora da Escola do Legislativo | Assessora Parlamentar.

6 a

Muito bom!

Que baita artigo! 👏👏👏

Rodrigo Almeida

Sócio Senior - Relações Governamentais na Barral MJorge & Associates

6 a

Muito bom !

Alexandre Batista

Musician. Arts, Culture & Foreign Affairs.

6 a

Excelente análise, Juliano!

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