#4 - Planejamento Estratégico: Por que Muitas Estratégias Fracassam?

Ao publicar o artigo anterior (Link Aqui), algumas pessoas me procuraram para comentar que enxergavam muitas mudanças estruturais que deveriam ser realizadas em suas organizações para que só então a execução da estratégia pudesse ter verdadeira acurácia e efetividade.

Sem dúvidas a avaliação da prontidão para a execução da estratégia pode nos mostrar necessidades de mudanças, mas é preciso cuidado para que essa preocupação não nos leve a um outro erro muito comum e que condena significativa parcela dos planos estratégicos ao fracasso: O foco excessivo nas mudanças estruturais!

A capacidade da empresa de gerar resultados positivos e consistentes ao longo do tempo é o que realmente sustenta o sucesso de uma organização.

Mudanças estruturais podem ser necessárias para ajustar a organização às novas exigências do mercado, ou mesmo à busca de resultados desafiadores, mas quando mal planejadas ou implementadas de forma apressada, elas podem prejudicar a execução da estratégia. Ao focar demais em reconfigurar estruturas, a organização corre o risco de desviar recursos valiosos, incluindo o tempo de seus colaboradores que então deverá ser dividido entre a operação e a transformação. É o velho e muita vezes temido bordão “trocar o pneu com o carro andando”.

A questão é que algumas peças até podem ser trocadas com o carro andando, mas não todas e nem mesmo algumas que podem comprometer a marcha do veículo.

Mudanças estruturais exigem adaptação, e essa transição pode gerar resistências internas, conflitos e distrações que podem comprometer a capacidade de tomar decisões rápidas e de reagir com agilidade às demandas do mercado, enfraquecendo a execução da estratégia.

Em vez de reestruturar a empresa como um todo, em grande parte dela, ou em áreas essenciais de uma só vez, é possível fazer ajustes graduais, priorizando as áreas que impactam diretamente a execução da estratégia. As mudanças estruturais devem ser implementadas de forma faseada, com foco nas áreas que realmente necessitam de melhorias. Isso permite que a empresa continue focada na execução enquanto ajusta sua estrutura de maneira eficiente.        

Ao melhorar processos e sistemas internos, muitas vezes as mudanças estruturais podem ser feitas sem a necessidade de uma reconfiguração radical da organização. Essa abordagem gradual assegura que a capacidade de execução não seja prejudicada, ao mesmo tempo que permite que a empresa se adapte às novas exigências do mercado.

É claro que sabemos que existiram situações em que mudanças radicais e bastante extensivas já foram realizadas em empresas em momentos críticos, mas nestas situações, as chances de algo assim dar errado têm se mostrado maiores do que as de darem certo, por isso, medidas extremas precisam ser muito bem pensadas antes de serem colocadas em prática.

O sucesso está em distribuir os esforços de forma equilibrada. A execução da estratégia não pode ser sacrificada em nome de mudanças estruturais, mas as melhorias na estrutura devem apoiar diretamente os objetivos da empresa. A chave é entender que as mudanças estruturais devem ser um suporte para a execução, e não um obstáculo.

Acredito que a abordagem da melhoria contínua cabe muito bem nessa situação e é claro que é necessário que se crie um processo de governança que ajude a mostrar quais mudanças estão em andamento, qual seu status e de que forma essa mudança está contribuindo para com os resultados esperados para que as decisões necessárias possam ser tomadas ao longo do caminho.

O segredo para a execução bem-sucedida da estratégia está no equilíbrio entre a capacidade de execução e as mudanças estruturais. Ao focar na execução eficiente e nos resultados consistentes, enquanto realiza mudanças estruturais de forma inteligente e faseada, a organização consegue atingir seus objetivos de maneira eficaz e sustentável.

Mudanças estruturais devem ser vistas como uma ferramenta para fortalecer a capacidade de execução, não como uma distração. A empresa deve sempre garantir que sua estrutura apoie sua capacidade de gerar resultados, sem desviar o foco daquilo que realmente importa: a execução eficaz da estratégia.

E você, já passou ou se envolveu em mudanças que acabaram tirando o foco do que realmente importa?

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