40h de trabalho (ainda) fazem sentido?
O mercado de trabalho, até pouco tempo atrás, nos oferecia apenas um modelo de trabalho: de segunda a sexta (para os sortudos), das 9h às 18h. E essa semana me deparei com uma matéria incrível da Revista Exame sobre o assunto validando o que eu sempre pensei sobre o assunto.
Somente agora, boa parte das empresas tem percebido que não faz mais sentido exigir que seus colaboradores estejam todos no mesmo local e no mesmo horário. Lembro quando eu estava doente e precisava ir ao médico no meio do expediente e me sentia mal por ter que pedir permissão para cuidar de mim. E, claro, as reflexões não param por aí.
É importante também ficar claro que o empreendedorismo não é a resposta para esse drama trabalhista. Porém a forma como os novos empreendedores entendem a forma de trabalho e formatam suas empresas, isso sim, faz toda a diferença. Ser mais flexível com seus colaboradores pode contribuir até mesmo para o aumento da felicidade e produtividade.
Mais trabalho, menos produtividade
Estudos apontam que apenas 17% da população adulta prospera cumprindo seu potencial de felicidade, sucesso e produtividade. São números bem baixos se realmente formos levar em consideração o tanto que ouvimos falar de produtividade atualmente. A questão é que "produtividade" não está atrelada a quantidade de coisas para fazer, mas como você as realiza e o quão bem as faz.
A filosofa Sara Robinson afirma que, na maior parte do século XX, o consenso geral era que "trabalhar mais de 40 horas por semana é excessivo, perigoso e dispendioso - e consiste no sinal mais claro de uma gestão incompetente". Em complemento a essa afirmação, ainda temos mais de 100 anos de pesquisa no assunto, que comprovam que "cada hora que você trabalha acima do patamar de 40 horas semanais reduz sua eficiência e produtividade, tanto a curto como a longo prazo".
Muitas vezes, a dificuldade de ganhar dinheiro nos torna loucos por trabalho e horas extras. Vale tudo para ganhar um pouco a mais no fim do mês. Vale mesmo? Em grande parte dos casos, sacrificamos nossas vidas, saúde, estado de espírito e produtividade para nos sobressairmos na empresa.
É trabalho demais e saúde de menos. Por mais que a gente ame o que faz - e quando se empreende isso precisa ser um fato - não podemos nos esquecer de equilibrar a balança. A socióloga Christine Carter oferece uma equação para alcançarmos esse ponto de equilíbrio:
Faça um intervalo + Ligue o piloto automático + Livre-se das amarras + Cultive Relacionamentos + Tolere algum desconforto = Ponto de Equilíbrio.
Talvez hoje tenhamos mais possibilidades e um mercado se abrindo para jornadas mais flexíveis. Empresas precisam de pessoas, mas é preciso um balanço na equação para que a culpa de ter uma vida fora do trabalho não nos torne amargurados e culpados. Quer sentimento pior?
As 40 horas semanais de trabalho só fazem sentido quando podem ter gosto de liberdade, de fluxo e, principalmente, de propósito. Quem não gostaria de trabalhar em um lugar onde sabe e sente que se é respeitado como pessoa e profissional? Se você já encontrou um lugar assim, ótimo. Aproveite e não trabalhe mais do que seu corpo pode aguentar. Essa é uma dica pra vida.
Analista de Testes/QA || Garantia da Qualidade || Testes Manuais || Testes Exploratórios
6 aPois é... sobre trabalhar em um lugar onde se é respeitado já ajudaria imensamente. Minha esposa está doente pois trabalha num lugar onde não há respeito, e o assédio moral é constante, porém, ela tem medo de pedir a conta. Ao ir a emergência hoje, devido uma crise de enxaqueca, por uma obra divina, encontrou um médico abençoado (e fora dos padrões) que testificou tudo o que conversamos em casa: que ela tem que cuidar da saúde, que as contas que se danem, e que se não está bem no trabalho tem que pedir a conta mesmo, pois a saúde está em primeiro lugar. E sabe o mais interessante? Ele criticou a quantidade de dias que se trabalha hoje, pois ele trabalha só 3 dias na semana (e faz atendimentos na rua com mendigos nos outros dias).
Sócio na Agência Próxima Web / PubliciAds
7 aPois é Camila, depende muito do tipo, estilo, produto, donos, formação dos donos, tipo de sociedade da empresa, etc. Temos que entender que cada empresa tem sua cultura, e isso tem raízes profundas que se alteram em gerações ou por necessidade extrema. Mas acredito que estamos caminhando para novos significados do trabalho. Acho que essa mudança depende muito também da dessa ressignificação do trabalho e até do modo de vida. Vale o debate, com certeza. Parabéns pelo texto!