45 anos de idade, 30 entre carreira e estudos e agora desligado. Continuar ou mudar?

45 anos de idade, 30 entre carreira e estudos e agora desligado. Continuar ou mudar?

Em 1988 entrei nesse mundo louco e apaixonante do desenvolvimento. Estava fazendo o segundo grau técnico em processamento de dados. Quanta coisa mudou, evoluiu, sumiu, foi substituída de lá para cá. Lá no início, as coisas não eram tão rápidas como são hoje. Você aprendia uma linguagem e a utilizava por um bom tempo antes que ela tivesse grandes mudanças ou outras surgissem e tomasses o lugar dela. Com a abertura do mercado, tudo começou a mudar. A velocidade de atualização aumentou. Não é fácil acompanhar tudo. Grupos especializados vão surgindo. Apoio a essa ou aquela linguagem. Adesão ou não do mercado. Culturas tecnológicas indo e vindo. Empresas surgindo, crescendo, caindo e voltando. A eterna gangorra do mercado da tecnologia. Hoje você não tem nada, amanhã tem uma ideia fantástica e BOOM! Está no topo. Mas, como dizem, tudo que sobe, uma hora desce, seja você grande ou pequeno. Se você não evoluir ou mudar, mais dia, menos dia, vai acabar caindo.

O mercado de trabalho segue da mesma forma. Tem altos e baixos, você não consegue fazer a mesma coisa sempre. Precisa aprender coisas novas, evoluir, crescer. Todos passamos por isso, mas, às vezes, acabamos por entrar em um processo de estagnação. Paramos de crescer, evoluir, aprender e acabamos ficando para trás. Infelizmente, devido a fatores pessoais, externos ou qualquer outro, acabamos, de certa forma, nos acomodando. Quando isso ocorre, ficamos presos em uma bolha e, quando percebemos, já pode ser tarde.

Infelizmente isso ocorreu comigo. Mesmo estando constantemente recebendo ou verificando as novidades, acabei não dedicando o tempo necessário para novos aprendizados. Me tornei especialista em pontos específicos do desenvolvimento. Poucas linguagens e um banco de dados. A consequência, agora que estou sem emprego, fica muito mais difícil encontrar a recolocação. E por que isso ocorre? A fila andou. Tenho uma bagagem de conhecimento grande, mas o que sei já não atende o mercado, preciso de mais para seguir nessa direção.

Tá, e como você vai conseguir uma recolocação se você não tem o que é necessário?

Uma das alternativas é correr atrás do prejuízo. Buscar atualização, mais conhecimento que atenda às necessidades do mercado. Mesmo com 45 anos ainda sou capaz de absorver novos conhecimentos. Poderia pegar o que tenho e investir na minha empresa, criar um projeto fantástico, dominar o mundo! Já tentei isso, não deu muito certo. Esse sonho está adormecido, por enquanto.

Mas existe uma alternativa, que as vezes relutamos em considerar. Mudar! Sim, mudar, por que não? Todos esses anos ligados a desenvolvimento de pequenos, médios e grandes projetos de software, complexos ou não. Tratando com clientes diretos ou não. Tratando com superiores com diferentes estilos, sejam chefes ou líderes. Tudo isso me dá um outro tipo de conhecimento e uma nova direção a seguir. Querendo ou não, todas estas experiências, me deram outros conhecimentos. Não técnicos, mas conhecimentos humanos, de liderança, uma visão diferente desse mundo mais frio da tecnologia. Como desenvolvedores, muitos de nós temos problemas em nos comunicar. Normalmente preferimos nos focar em nossas atividades do lidarmos com pessoas. E não há problema nisso. Se você se sente bem assim, está feliz, quem sou eu para dizer que você precisa ser diferente. O que quero dizer, é que, pessoas não são tão ruins assim. Conviver com elas ou apenas as ouvir podem mudar sua percepção de mundo. 

Vai dizer que você gostava de lidar com pessoas? Não. Não gostava. Sempre fui arredio ao contato, seja com o usuário ou até com o suporte. Mas as coisas mudam, e você percebe que este contato traz muito mais benefício do que stress. Então, dê uma chance a eles, baixe os escudos. Tenho certeza que eles irão aprender com você e você com eles.

A direção que busco agora é outra. Deixo o desenvolvimento para a nova geração. Já escrevi minha história até aqui. Quero deixar de ser técnico e passar a ser humano. Vai ser uma briga interna, porque o técnico ainda está presente. Mas o desejo de mudança é maior. Trabalhar apenas na análise, lidar com usuários e clientes, ajudar a encontrar soluções para problemas. Focar em liderança. Conduzir uma equipe a atingir melhores resultados. É isso que vou buscar agora. É essa a nova história que pretendo escrever. Terei que seguir aprendendo? Claro! Faz parte da evolução de cada um. Ser melhor a cada dia, aprender coisas novas todos os dias. Todo o conhecimento que tenho hoje, poderá ser compartilhado com outras pessoas. As páginas a frente estão em branco, como serão os próximos capítulos dessa história?













❤️❤️❤️❤️❤️

Sarah Arruda Queiroz

Content Strategist • Technical Writer

5 a

Muito lindo! Ahazou Fabão

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