5 coisas fora do senso comum que aprendi sobre meditação

A ideia de ficar sentado de olhos fechados e pernas cruzadas tentando calar a boca da mente é assustador, tedioso e inútil pra muita gente.

Felizmente, meditação não tem nada a ver com isso.

Descobri isso depois de muito vai-e-vem desse tema na minha vida. Já tentei e desisti de meditar inúmeras vezes, achando que bastava o conhecimento que eu tenho sobre espiritualidade e terapia para entender o propósito e dominar a minha própria mente.

Um grande engano, né?

Há um tempo, porém, comecei a estudar esse tema de uma forma mais aprofundada. Peguei os livros mais densos possíveis para fugir das superficialidades, e basicamente descobri um novo planeta.

Como sempre, toda vez que descubro algo que me transforma tenho uma vontade gigante de compartilhar isso com os outros, então separei aqui as 5 coisas mais interessantes que aprendi sobre meditação nesses últimos tempos.

Quem sabe não te inspira a começar?!

1- O que realmente é meditação?

Meditar é um treino de foco. Simples assim.

O principal objetivo da meditação é desenvolver a sua habilidade de prestar atenção em um objeto sem perder a consciência do seu entorno.

Normalmente esse objeto é a respiração, mas pode ser uma árvore, um mantra ou uma imagem mental.

Isso parece simples, mas na realidade é bem complexo. Não é à toa que em poucos minutos muita gente simplesmente desiste, levanta e vai fazer outra coisa.

E é aí que entram alguns outros pontos interessantes.

2- Tá, mas é sobre ficar em silêncio?

Não. Muita gente tem uma imagem de que é preciso um silêncio absoluto para meditar e que qualquer barulho externo precisa ser combatido, mas a verdade não é essa. O treino é justamente se manter focado mesmo com as interferências externas. 👈

E isso é muito coerente, porque a meditação só faz sentido se você conseguir integrar essa habilidade no seu dia-a-dia e ganhar uma visão mais objetiva, contextualizada e calma das situações, dos seus pensamentos e emoções. E dificilmente teremos silêncio para fazer isso no meio do dia.

3- Então tanto faz se eu digo que medito sempre se não aplico isso no restante do meu dia?

Basicamente, sim. Acho bem difícil fazer um treino de foco e não perceber nenhum efeito mesmo que inconsciente em outros momentos do seu dia, mas a ideia é essa.

Meditar é se conhecer. É ter curiosidade por como sua mente funciona e tentar transformar alguns processos inconscientes dela em movimentos conscientes para você responder ao mundo de uma maneira mais calma e feliz.

Se você medita 10-20 minutos todos os dias, mas não faz o menor esforço pra se manter consciente e presente em outras atividades da sua rotina e aplicar o que aprendeu, sua jornada vai ser muito mais longa.

4- E como é um treino de meditação?

Existem muitas formas de iniciar um treino de meditação. A fórmula que tenho usado é a seguinte:

• Se concentre no presente, deixando a atenção se movimentar livremente por estímulos externos e internos. É aqui que você nota todo o barulho da sua mente. O barulho do cachorro latindo, do carro na rua, o pensamento sobre a reunião mais tarde e as compras de mercado que precisa fazer;

• Quando sentir que é o momento, pode restringir sua atenção às sensações do corpo. Peso, temperatura, pressão, dores. Você não deixa de notar os barulhos externos, mas eles passam a ficar em segundo plano. Esse ponto é importante porque se você restringe sua atenção SOMENTE ao objeto de meditação, você fica mais propenso a ser pego de surpesa por algum elemento externo;

• Em seguida, você diminui mais uma vez seu campo de atenção e presta atenção somente na respiração até o final da sua prática;

5- É nessa parte da respiração que tudo fica chato e difícil, né?

É. No início realmente é fácil ficar entediado depois de poucos minutos ou ser dominado pelos pensamentos e emoções, mas é aí que o ponto do treino não ser feito de qualquer jeito entra.

Existem muitas técnicas para contornar as dificuldades mais comuns da meditação:

• Sua mente tem pulado de distração em distração? Volte a se concentrar no corpo ou nos barulhos externos por um tempo pra se situar de novo;
• Entrou em uma cadeia infinita de pensamentos? Volte a se concentrar na respiração e se felicite por notar. Se distrair é inconsciente, então que bom que você notou e voltou o seu foco;
• Ficou entediado? Comece a contar ou a notar as diferenças de cada parte dela. Como é a inspiração? E a expiração? E as pausas?
• Sentiu alguma dor ou emoção ruim? Preste atenção nela. Tente localizá-la com precisão. Quebrar a emoção em seus componentes básicos também ajuda: o que é imagem mental, sensação física e falação mental? Como mudam e interagem entre si?

Meditar é, afinal, um treino incrível e estimulante, que gera mais calma, prazer e alegria para os seus dias, além de ser ferramenta essencial de qualquer pessoa comprometida a uma séria jornada espiritual.

Não precisa ser balela, tabu, entediante ou inútil.

E se alguém algum dia te fez acreditar nisso, se dê uma nova chance. Não existe certo ou errado aqui. Se distraiu? Volte. Está com dificuldade? Observe. Tudo é aprendizado. É sobre se conhecer, não sobre gabaritar uma prova.

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