5 Coisas Que Aprendi como Controller...
A Morte é, em si, uma questão de assimetria de informações, é uma delas...
Há alguns anos, meu filho mais velho me perguntou com o que eu trabalhava.
- Trabalho num banco.
Respondi, percebendo imediatamente que a resposta não havia satisfeito a curiosidade do pequeno.
Tentei de novo:
- Eu trabalho ajudando a guardar o dinheiro das pessoas, para quando elas precisarem usar. E também emprestando esse dinheiro para as pessoas que precisam de dinheiro agora, e não tem.
- Isso parece chato... – Ele foi impiedoso...
Mas, onde já se viu tentar explicar agentes deficitários e superavitários para uma criança de 6 anos?
- Filho, às vezes, as pessoas têm problemas que elas não sabem como resolver... quando estas pessoas procuram o papai, ele as ajuda a encontrar uma solução para estes problemas.
- Isso sim parece divertido!
Depois deste diálogo, quando alguém me perguntava o que eu mais gostava de fazer no meu trabalho, a resposta era automática: Gosto de resolver problemas!
Uma rápida olhada no meu perfil do LinkedIn demonstrará que fiz isso desde agências bancárias até a diretoria de bancos, incluindo na equação o Governo Federal.
Ocorre que minha história foi construída em cima de solucionar problemas na área negocial. Operações de crédito, Reestruturações societárias e de dívidas, M&A e assim por diante. Quem trata deste tipo de tema sabe que ali não há zona de conforto.
Quando fui convidado para a Diretoria de Risco e Controlaria do Banco de Brasília SA, pela primeira vez em muito tempo senti aquele “frio na barriga” próprio de quem larga o conforto do previsto, embora meu dia-a-dia até então tivesse muito pouco de conforto, e quase nada de previsto.
Embarquei!
Sabia que experimentaria um nível de aprendizado exponencial, o que logo se confirmou.
Entendo que nos meses em que ocupei aquela posição pude dar minha contribuição para tornar o trabalho da equipe mais eficaz. Ao mesmo tempo, aprendi um sem número de questões técnicas e específicas.
Tive também aprendizados mais genéricos, dos quais sigo fazendo uso, agora em outra diretoria do Banco, e que pretendo levar comigo por onde o caminho me levar... E são estes aprendizado que de forma bastante breve, passo a compartilhar:
1 – Meu produto tem o valor que meu cliente dá a ele.
De fato, esta é uma máxima de negócios.
Ao iniciar minha atuação como CRO me foram apresentados algumas dezenas de relatórios produzidos pelas áreas que agora estariam sob a minha gestão.
Alguns relatórios eram diários, outros semanais, quinzenais, mensais e alguns trimestrais.
Passei a consumir aquelas informações de forma compulsiva, e logo percebi que a maior parte das informações eram repetidas e pouco profundas.
Perguntei: Se parássemos de emitir estes documentos por um mês, quem ia ligar para reclamar?
A resposta foi um silêncio ensurdecedor.
Dali em diante começamos uma busca por dar qualidade e relevância as informações a partir das necessidades das áreas do banco e da alta administração.
Importante ressaltar que a equipe estava bastante ocupada em produzir estas informações e nem sonhava que as mesmas eram tão pouco consumidas.
Ficou o aprendizado: Só tem valor se o cliente vê valor... Ainda que o cliente seja o departamento ao lado.
2 – A morte é em si uma assimetria de informações, a arte de direcionar o olhar...
Um amigo meu, baseado no conceito que rendeu a Stiglitz um Nobel de Economia, disse-me certa vez que “a morte em si é uma assimetria de informação.” E se não fosse, bem poderia ser. Mas, a morte de uma pessoa, em geral, é um evento previsto e sabido, mas sobre o qual faltam detalhes, como data, hora, forma... assim, o ser humano, de seu lado do contrato, não possui informações suficientes para tomar as decisões mais acertadas...
A busca pela maior eficiência na disseminação das estratégias corporativas e na comunicação empresarial é um desafio enfrentado por praticamente todas as corporações. É da natureza das organizações complexas que parte das decisões sejam tomadas com base nas melhores informações disponíveis, mas, não há garantia de que estas são as melhores informações sob o ponto de vista de uma tomada de decisão eficiente.
A controladoria, por ter acesso a informações originadas pelas diversas áreas da organização, tem a responsabilidade de atuar reduzindo a assimetria informacional que sob o ponto de vista da corporação não tem vencedores.
Cabe a ela também a missão de direcionar o olhar da administração para as questões críticas causadas pela assimetria de informações.
A isso chamamos de direcionar o olhar. Caso a controladoria abdique desta missão, a alta administração será pautada por informações que podem não ser as melhores disponíveis ou podem favorecer um lado da disputa, que, não necessariamente é o melhor para a empresa.
Ou seja... o resultado é imprevisto... assim como a morte...
3 – Os números contam a história.
Não vou me delongar, mas, séries históricas demonstram o caminho que a empresa seguia.
Orçamentos demonstram para onde a empresa vai.
Resultados demonstram onde a empresa acertou e onde errou.
Os números contam a história e, caso a história que se quer contar não esteja embasada nos números... os números não mentem jamais... vai contra a natureza deles...
4 – Muitos controles não são necessariamente controles efetivos
O ambiente de controles internos tem o objetivo de mitigar riscos e proteger a organização contra fragilidades que possam causar prejuízos de ordem financeira, de imagem, jurídicos ou quaisquer outros.
Ocorre que um sistema de controles internos que tome dos executivos uma quantidade de tempo que interfira no dia-a-dia das unidades tende a ser tratado como uma atividade burocrática.
Com isso, não só os riscos deixam de ser mitigados de forma eficiente como também o próprio sistema passa a ser questionado.
O Sistema de Controles internos devem ser preciso, simples e flexível.
Deve contar com procedimentos padronizados que façam sentido para a organização e, principalmente, deve ser gerido por pessoal profissionalmente e tecnicamente qualificado.
5 – Informação é um bem extremamente perecível.
Uma organização é, em síntese, um organismo!
O que vai bem precisa ser melhorado ou mantido e o que não vai bem precisa ser corrigido.
Cada componente do organismo gera informações que, se bem utilizadas servirão a um propósito ou ao outro.
A principal variável para usar bem este insumo é o tempo... em bom português, “timing”...
Uma informação valiosa usada antes da hora pode ter seu potencial subdimensionado e não produzir os efeitos que produziria no tempo certo.
Já se for usada depois da hora, pode servir apenas para consolidar a certeza de que uma ou várias oportunidades foram perdidas.
A ideia é contribuir no diagnóstico e no tratamento... quando se perde o timing, só se ajuda na necropsia...
Espero realmente que este meu aprendizado possa contribuir com o seu!
Recepcionista Administrativa
5 aMuito bom. Há um ano tivesse lido esse artigo sobre controladoria, não teria sofrido tanto para desenvolver meu TCC. Kkkkk. Obrigada por disseminar aqui suas experiências, sempre que puder não deixe de publica-lá, certeza estará contribuindo para o conhecimento de muitas pessoas.
Consultora de Diretoria na BRB DTVM
5 aExcelente artigo! Sugiro que o próximo seja: 10 coisas que ensinei como Controller!
Consultor de riscos financeiros
5 aExcelente texto! Parabéns pelo trabalho desenvolvido.
Empreendedor, Professor de MBA, Mentor de Carreira e Empregado CAIXA.
5 aSimplesmente sensacional! Parabéns Antônio Gil! Show!