5 ideias práticas para levar mais diversidade e inclusão para a sua empresa

Abri a 11ª edição do Super Fórum Diversidade & Inclusão contando para a plateia que a ideia para o nosso evento surgiu em 2010, quando decidi o tema do meu TCC de conclusão do MBA na FGV. Eu já sonhava em organizar um fórum apenas para mulheres, então organizei o plano tático para o TCC e lancei a primeira edição em 2011.

A prática foi bem mais difícil do que a teoria. Pensei em desistir várias vezes. Nenhuma empresa queria patrocinar. Convidei amigas executivas para serem palestrantes, mas quase todas recusaram o convite. “Não quero levantar bandeira de diversidade aqui na empresa!”, elas diziam.

Por isso, me emocionei ao ver a sala cheia de pessoas para a 11a edição do Super Fórum, que aconteceu nos dias 26 e 27 de outubro. Entre elas, vários eram homens brancos, heteros, cis e sem deficiência. Sempre fizemos um esforço consciente de trazê-los para a conversa. As iniciativas de DIEP fluem muito mais rápido quando eles estão engajados também.

Aliás, comentei isso durante o evento e citei uma pesquisa do Boston Consulting Group que escancara essa diferença. Quando os homens se engajam, os programas de DIEP têm 96% de chance de darem certo. Quando não se engajam, a estatística despenca para 36%.

Ao longo dos dois dias de Super Fórum, cerca de 30 pessoas da liderança de empresas avançadas em suas jornadas de D&I subiram ao palco para contar o que já implementaram e os resultados obtidos.

Como muitas pessoas falaram durante o evento, não tem fórmula de sucesso ou receita de bolo para um programa de DIEP. Cada empresa tem as suas particularidades. Mas podemos ter uma certeza: nenhuma iniciativa dará certo sem intencionalidade. Assim como temos budget para organizar a festa de fim de ano incrível, precisamos de budget e apoio da alta liderança para tirar o programa de DIEP do papel.

Para inspirar essa jornada na sua empresa, separei algumas das ideias práticas apresentadas durante o Super Fórum. Eu poderia citar muitas outras, mas prefiro já deixar o convite para você ver tudo de perto e participar conosco da próxima edição, que acontece dias 25 e 26 de outubro de 2023. Programe-se já!!

Programa de Estágio Oculto

Apresentado por Nathalia Sobral , Latam HR Senior Manager Cargill

Para que as contratações sejam mais inclusivas, a companhia adotou o modelo de “currículo cego”. As pessoas gestoras não sabem o nome das pessoas candidatas ao estágio, nem a idade, o gênero ou a universidade onde se formaram.

“Nas entrevistas, as pessoas também não abrem a câmera”, contou Nathalia, citando que assim a pessoa entrevistadora não julga a roupa de quem está do outro lado da tela, tampouco a bagunça ou a organização do quarto. “Isso escancara os vieses. Tivemos muita resistência no início, mas agora não é mais nem questionado.”

Recrutamento invertido para pessoas com deficiência

Apresentado por Paulo Ferle - pessoa com deficiência 🏳️🌈 , consultor de Diversidade e Inclusão no TozziniFreire Advogados

E se o escritório realizasse um processo seletivo para pessoas com deficiência, mesmo sem ter vagas abertas? Esse foi o case compartilhado por Paulo. “Fomos atrás de profissionais com um currículo bom, para então apresentar para pessoas gestoras e sócias do escritório”, ele contou.

Sabendo que a resposta das áreas seria “não temos orçamento”, o projeto já nasceu com a validação do comitê executivo para que as pessoas ficassem alocadas no centro de custos de RH por 1 ano. “Isso fez brilhar o olho da pessoa gestora”, disse Paulo. “Deu super certo. Os vieses foram quebrados e, um ano depois, ninguém quis demitir as pessoas”.

Canal de denúncias terceirizado

Apresentado por Mariana Pizzo , gerente executiva de RH do banco BV

Muitas empresas já têm um canal confidencial para denúncias de ações que não estejam de acordo com o seu Código de Conduta. Mas um detalhe que pode passar despercebido é a credibilidade daquela linha. “Terceirizamos o atendimento do canal”, contou Mariana. “Assim, garantimos mais segurança ao anonimato.”

Universidade Ultragenyx Brasil

Apresentado por Edson Paixão , vice-presidente e diretor geral da Ultragenyx Brasil

“Temos um curso sobre interpretação de P&L aberto a todas as pessoas da empresa”, contou Edson. “Até o motoboy, que é terceirizado, participa.” Outra iniciativa é o curso de inglês, oferecido para as pessoas que não dominam o idioma. “Isso possibilitou a entrada de muitas pessoas com mentes extraordinárias.”

Projeto Conselheira 101

Apresentado por Jandaraci Araujo , CFO e fundadora do C101

Quase não há mulheres nos conselhos de administração. A justificativa das empresas, como nos contou Jandaraci, é que não há mulheres C-Level. “Fomos atrás de pessoas com esse perfil”, ela disse. “Descobrimos mulheres com formação internacional e mais de 20 anos de experiência, mas que eram totalmente inviabilizadas no mercado”.

Assim nasceu o projeto Conselheira 101, que forma mulheres para ocupar esses espaços. A primeira turma formou 20 mulheres; a segunda, 30. “Hoje, 47% delas já estão em conselhos de administração, sendo algumas em empresas de capital aberto”, contou Jandaraci. “Aqui no meu celular tenho o contato de todas elas. É só me perguntar!”