7 Verdades Inconvenientes sobre Metodologias Ágeis
As metodologias ágeis estão, atualmente, no topo de todo diálogo sobre gestão. Todos se renderam a elas, do RH a Operação, do Financeiro a Qualidade. Todos recitam termos como Kanbam, SCRUM, Mindset, Framework e MVP, como se fossem as coisas mais comuns do dia, e ainda se acham no direito de olhar com olhos de reprovação e/ou espanto quando alguém pergunta o que é isso, ou para que funciona.
Pois é, Agilidade é a palavra da moda, ou pelo menos, da capa de 10 entre 10 revistas de gestão. Mas a pergunta que não quer calar é a seguinte.
Será que é tudo isso mesmo?
Bem, hoje, na contramão de todo mundo, vamos falar sobre 7 verdades inconvenientes sobre metodologias ágeis, então, haters de plantão, podem se preparar para encher a caixa de comentários, porque lá vem.
1_ O Framework não resolve a sua vida
Ninguém está discutindo a importância do framework no desenvolvimento de qualquer das práticas ágeis, contudo, o framework não é a agilidade. Implantar um framework e achar que a empresa se tornou ágil por causa disso é similar a pendurar uma política de compliance na parede e acreditar que a organização passou a manter relações éticas e responsáveis com todos os seus colaboradores, clientes e fornecedores. As metodologias ágeis podem e devem existir muito além do framework
2_ O MVP (Minimum Viable Product) é mais um conceito do que uma entrega efetiva
Esqueçam o exemplo que vocês viram no treinamento da firma! Infelizmente, muito pouca gente consegue realmente entregar um produto minimamente viável em um punhado de sprints. O que se convencionou entregar são funcionalidades. Logo, a ídeia de dar algo ao cliente que efetivamente fosse funcional e se pudesse ir agregando valor com o tempo, por mais que seja bela e ambiciosa, no mundo real é de difícil execução e quase não desenvolvida.
3_ Parafraseando Drucker: A Cultura come a Agilidade todos os dias no café da manhã
Metodologias ágeis não podem ter o destino semelhante ao dos setores de qualidade de muitas empresas e existir apenas dentro da salinha do TI, ou em meia dúzia de projetos escolhidos. Toda a cultura da organização precisa mudar sua forma de pensar e estar mais aberto e suscetivel a mudança, entendendo a mesma, como algo normal e útil na evolução das pessoas e da própria organização.
4_ Agilidade não é velocidade
Esqueçam isso!!! Agilidade é adaptabilidade, receptividade a mudança, adequação, sensibilidade, percepção!!! Agilidade é muita coisa, menos velocidade. Esta, pode surgir como uma consequência de um processo muito maior de adaptabilidade constante as necessidades e oportunidades do cliente e do mercado, mas é uma consequência positiva, de algo bem implementado, nada além disso.
5_ Cada organização faz de um jeito
Tem literalmente de tudo! Equipes com os mais variados tamanhos, Sprints com as mais variadas durações, funções sobrepostas, funções com atividades deslocadas, personagens que fundamentalmente inexistem, desvios de função, tudo!!! E tá tudo bem. Metodologias ágeis são mutáveis, adaptáveis e podem refletir algumas características particulares, mas cuidado com os excessos.
6_ Mindset Ágil é muito mais do que um livro
Mudança de mindset, claro!!! Eu li o livro!!! What a f....?!?!?!? Por favor, não seja essa pessoa, até porque se eu fosse recomendar um livro seria o Antifrágil do Nassin Taleb. Mas bibliografias a parte, entenda que mindset ágil é uma mudança significativa na forma de pensar e agir. É adequação constante e não um mantra a ser recitado com garbo e elegância.
7_ Por não ter pessoal treinado, os RHs estão criando verdadeiros Frankensteins funcionais
A adoção de metodologias ágeis em muitas empresas é algo muito novo, apesar do Lean já existir a mais de 50 anos, sendo assim, é natural que as organizações estejam se adaptando ao modelo, e consequentemente, adaptando seus quadros a ele. Contudo, a necessidade imperiosa de alocar pessoas em posições está fazendo com que muitas empresas criem lógicas de poder que impactam no dia-a-dia das atividades, acabando com a proposta real das metodologias ágeis.
Aceitem que as estruturas de poder existentes nas metodologias tradicionais criaram cargos e funções que muitas vezes, não terão uma correlação direta com os existentes nas metodologias ágeis, e que esse simples fato, pode fazer com que skills que eram altamente valorizadas percam sua posição de destaque, o que pode alterar as dinâmicas de poder e as pessoas envolvidas.
Cada um desses pontos perecia um artigo inteiro a parte, contudo, vamos no limitar as pequenas inquietações apresentadas aqui e, de acordo com o interesse, ampliar a discussão em cada um dos tópicos.
É importante ressaltar também, que nenhum dos pontos apresentados reduz a importância e relevância do papel das metodologias ágeis no contexto atual. Também, sequer, reduz seu impacto positivo, nas organizações que resolveram implantá-las de forma séria. O texto apenas apresenta reflexões e inquietações sobre fatos observados no acompanhamento de diversas organizações e percepções de alunos e gestores ao longo de inúmeros treinamentos.
Assim sendo, ele busca tão somente, ampliar a discussão e a reflexão sobre mais essa possibilidade existente no mercado para apoiar os negócios. Abraço a todos.
Consultora Comercial e Relacionamento com Cliente / Community Management , Social Listening & Customer Onboarding skills.
4 aQue texto excelente, parabéns.
Proprietário | Vendedor em ponto fixo. Vendedor de rua em um ponto fixo.
4 aExtraordinária essa colocação, no mundo atual traduzir para uma linguagem onde todos, compreendem já é o grande diferencial nas tratativas em ambientes, onde pessoas bem esclarecidas ,fazem toda e total diferença. Parabéns pela sua colocação e explicação.
Founder e CEO na Mindset Emocional | Agilista | Psicanalista Organizacional | Coach
5 aÓtimo artigo Bruno Leonardo!!! Definitivamente, agilidade não significa implementação de framework e nem mantra (embora seja importante conhecermos abordagens e técnicas, com seus conceitos e pressupostos, para que tenhamos condições de adaptá-las às realidades organizacionais com bons resultados). Comporta um desafio muito mais amplo, o processo de transformação cultural para um novo mindset.
Advogada OAB/SE | Direito Trabalhista | Previdenciário | CEJUSC
5 aMuito boa reflexão. Também é meu sentimento que há uma confusão na aplicabilidade do mindset ágil. Há muito caminho ainda a percorrer para o real entendimento. Parabéns pela coragem de expor um assunto tão em voga e que muitos acreditam e ser a salvação dos sucessos dos projetos.
Gestão | Tecnologia | Agilidade | Projetos | Inovação | Transf Digital | CS | IT Advisor
5 aMuitas verdades! Hehe parabéns por explanar de forma simples e direta estas "verdades" e a confusão que tanta informação causa em companhias. As metodologias ageis são muito bacanas, mas vão além mesmo do que citou ! 👏👏👏