#78: Vitórias e posicionamentos (Fernanda Torres 🏆 e Meta 🤝 MAGA)

#78: Vitórias e posicionamentos (Fernanda Torres 🏆 e Meta 🤝 MAGA)

Hoje temos dois temas que não poderiam faltar nesta edição: Fernanda Torres e as novas políticas da Meta, com Bites na Mídia, notícias rápidas e os tradicionais alívios cômicos, porque rir é preciso.

Precisamos falar sobre Fernanda Torres

A gente tenta não ser repetitivo, mas ficou impossível não falar (mais uma vez) dela. E, para isso, lançamos mão das ferramentas do Sistema Bites, que nos permitem voltar no tempo e esmiuçar a trajetória do foguete em que Fernanda Torres decolou.

Convenhamos, como vive uma pessoa que confunde talento com número de seguidores?

Antes mesmo do lançamento de Ainda Estou Aqui, uma publicação viralizou falando de Fernanda como uma “desconhecida nepobaby” que não tinha sequer 1 milhão de seguidores. A discussão levantou questões sobre a crescente tendência de medir sucesso artístico pelo número de seguidores nas redes.

Em reação à absurdização do mundo digital, recortes dos consagrados trabalhos de Nanda começaram a circular como memes. Logo menos, Ainda Estou Aqui é lançado, vira um estrondoso sucesso de crítica e bilheteria, fazendo as menções à atriz (e seus seguidores) subirem sem parar.

Mas o Globo de Ouro, no último domingo (5), levou Fernanda aos céus. Em apenas dois dias, ela foi mencionada mais do que em todo o ano de 2024. Além disso, sua base de seguidores não para de crescer - já está em 3,7 milhões.

BITES NA MÍDIA: Fernanda Torres foi citada sete vezes mais que Lula e 13 vezes mais que Bolsonaro nas redes, como publicado por Lauro Jardim com colaboração do Sistema Bites. A coluna Sonar, em O Globo, também utilizou os dados da Bites para explorar o tema.

A filha da Fernandona fez história: a primeira atriz brasileira a ganhar o Globo de Ouro, desbancando ninguém menos que Angelina Jolie, Nicole Kidman, Kate Winslet, Demi Moore (que virou fã e até pediu o telefone da brasileira) e também Tilda Swinton – esta última, sua inspiração confessa, como revelou a Fábio Porchat cinco anos atrás.

O tempo, este senhor tão bonito, sorriu para Fernanda. ⌛🏆

Meta se compromete com o MAGA e define mudanças em políticas de moderação

A Meta anunciou na terça-feira (7/1) uma ampla reformulação em suas políticas de moderação de conteúdo e na gestão de suas relações institucionais, marcando uma transição estratégica em alinhamento com o novo contexto político dos Estados Unidos.

  • Fim do programa de fact-checking: Será substituído por um modelo de "Notas da Comunidade", semelhante ao implementado no X (Twitter). O comunicado oficial da Meta, tanto em vídeo, quanto em texto, explica que o sistema anterior estava politicamente enviesado e servindo como mecanismo de censura, o que destruiu a confiança dos usuários.
  • Flexibilização das regras de conteúdo: As restrições sobre temas sensíveis, como imigração e gênero, serão reduzidas. A empresa concentrará seus esforços na remoção de conteúdo considerado ilegal ou de "alta gravidade". Essa mudança buscaria reduzir erros e evitar remoções indevidas.
  • Priorização de conteúdo político: Após anos limitando posts sobre eleições e política, a Meta reintegrará esse tipo de conteúdo de maneira personalizada, baseando-se nos interesses dos usuários.

Imagem gerada por IA

As novidades foram anunciadas 5 dias após a nomeação de Joel Kaplan ao cargo de Chief Global Affairs Officer, responsável por liderar estratégias globais de políticas públicas, relações governamentais e comunicação institucional. Kaplan é ex-funcionário da administração George W. Bush e é conhecido por sua atuação em defesa de interesses conservadores.

Chama a atenção o posicionamento explícito, até pouco tempo incomum entre as big techs. Em vídeo, Mark Zuckerberg anunciou colaborações para enfrentar regulações europeias e criticou uma suposta censura judicial na América Latina, em um contexto que remete ao bloqueio temporário do X (Twitter) no Brasil. Ele falou explicitamente em "cortes secretos" na América Latina, o que a direita brasileira comemorou nas redes ao longo do dia como recado para o STF.

A postura deixa clara uma luta por priorizar os interesses das empresas americanas e reafirmar o ideal de "liberdade de expressão" como base central das novas políticas da Meta. Ele disse também que trabalhará com o governo de Donald Trump para enfrentar as regulações mais restritivas da Europa, numa postura de defesa de interesses.

É um posicionamento que vai ao encontro das declarações dadas por Elon Musk, dono do X e que será diretor de uma nova agência de desburocratização do governo americano na presidência de Trump.

Além de Joel Kaplan, Zuckerberg anunciou mudanças no conselho da Meta. Entraram no conselho Dana White, CEO do UFC, que apoia abertamente Donald Trump; Charlie Songhurst, ex-executivo da Microsoft e especialista em inteligência artificial; e John Elkan, CEO da Exor, herdeiro da família Agnelli, da Fiat/Stellantis, Ferrari, o time de futebol Juventus, Iveco e que é a principal acionista do grupo que publica The Economist.

Já em adequação às novas diretrizes da Meta, foi anunciado que as plataformas da empresa agora permitem publicações que associem transexualidade e homossexualidade a doenças mentais, justificadas por crenças políticas ou religiosas. Essa decisão gerou grande controvérsia, especialmente devido ao histórico de remoção desses tópicos como transtornos pela OMS (em 1990, para a homossexualidade, e 2018, para a transexualidade).

Além disso, houve a renomeação de temas LGBTQIA+ no Messenger, retirando referências explícitas e substituindo por nomes mais genéricos, como "arco-íris" para o antigo tema orgulho, que posteriormente foram apagados.

Esse movimento reforça críticas de que as diretrizes da Meta, enquanto alegam promover liberdade de expressão, na prática, acabam priorizando narrativas que invisibilizam ou marginalizam grupos vulneráveis.

Análises de dados mostraram que os argumentos de liberdade de expressão para acabar com o programa de checagem não se sustentam. Parte significativa do conteúdo sinalizado por fact-checkers não é discurso político, mas spam de baixa qualidade e desinformação que as plataformas da Meta ajudaram a disseminar.

Essa constatação reforça que esse movimento é uma escolha política, não técnica.

A substituição do fact-checking tradicional pelo sistema de Notas da Comunidade apresenta desafios particulares para o combate à desinformação, especialmente em contextos locais. Estudos mostram ineficência no método e a experiência do X (Twitter) demonstra como esse modelo pode ser instrumentalizado para amplificar narrativas falsas ou desacreditar informações legítimas, incluindo comunicações oficiais e/ou promovidas.

Sem uma moderação que compreenda nuances culturais e contextos locais, conteúdos problemáticos podem ganhar ampla circulação antes que sejam identificados como potencialmente danosos, principalmente quando não se enquadram nos critérios de "alta gravidade" estabelecidos pela empresa.

"Na prática, sem essa política, vai haver um acionamento maior do Judiciário para poder remover esse tipo de conteúdo. Deve aumentar a tensão com as Cortes, que vão continuar tentando coibir o conteúdo avaliado como criminoso. As plataformas não são obrigadas a ter moderação, mas não estão livres para descumprir decisão judicial que obrigue a remoção de conteúdos criminosos", afirmou André Eler, diretor técnico da Bites, ao Globo.

Como consequência imediata das mudanças anunciadas por Zuckerberg, a maior presença de conteúdo político nas plataformas da Meta tende a criar uma maior concorrência de atenção e deve aumentar a preocupação com exposições negativas e disputas de batalha ideológica em comentários. No longo prazo, o posicionamento crítico da Meta em relação às regulações judiciais no Brasil sugere um possível acirramento nas relações com autoridades locais.

A empresa parece apostar em uma visão mais alinhada ao mercado norte-americano, mesmo que isso implique em possíveis conflitos regulatórios em outras regiões, sinalizando uma mudança importante na dinâmica entre plataformas globais e governos locais.

A recepção pela direita brasileira foi muito positiva, em especial com a leitura de que houve um recado para Alexandre de Moraes, como demonstrou o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) ou a influenciadora Ana Paula do Vôlei, que se diz jornalista. Ela repercutiu o elogio de Trump ao anúncio de Zuckerberg. Deputados como Carla Zambelli (PL-SP), Carlos Jordy (PL-RJ), o senador Sergio Moro (União-PR) comemoraram o que consideram um ponto a favor da liberdade de expressão e um limite às decisões do STF no Brasil.

Enquanto isso, o Ministério Público Federal (MPF) em São Paulo ordenou explicações à cúpula da Meta sobre a aplicação das novas diretrizes no Brasil. Segundo comunicado, a entidade busca esclarecer o impacto das "Notas da Comunidade" e a eventual substituição do programa de checagem independente, questionando como as mudanças respeitarão o Marco Civil da Internet.

O ministro Alexandre de Moraes afirmou que empresas de tecnologia só continuarão operando no Brasil se respeitarem a legislação local, destacando que o país não é "terra sem lei". Moraes também citou precedentes, como o bloqueio temporário do X (Twitter), para garantir o cumprimento de normas judiciais.

Além disso, representantes do governo, incluindo o novo ministro da Comunicação Social, Sidônio Palmeia, criticaram as alterações, chamando-as de "problema para a democracia".

A Meta indicou que monitorará os efeitos das mudanças nos EUA antes de decidir sobre sua implementação global, incluindo no Brasil, mas sem dar detalhes de como e quando isso será feito.

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