#8 - Como Escolher a Ideia de Negócio Perfeita para Você
Esse texto foi publicado no dia 09/07/2024 na newsletter Jornada SaaS. Inscreva-se para receber os novos artigos em primeira mão direto no seu e-mail.
Bem-vindo à edição #8 da “Jornada SaaS”! 👋
Hoje quero conversar sobre um tema que tem tudo a ver com a saga do empreendedor que está na busca contínua por ideias de negócios. Você já se pegou pulando de uma ideia para outra, sempre em busca da próxima grande oportunidade? Esse comportamento é tão comum que até tem um nome: a Síndrome do Objeto Brilhante. Talvez você se lembre desse conceito da nossa edição anterior.
A realidade é que a maioria das ideias de negócios não são objetivamente boas ou ruins. O valor de uma ideia depende muito dos seus objetivos, habilidades e tolerância ao risco como fundador. Até mesmo a clássica ideia ruim de tentar “criar o próximo Facebook” não é necessariamente uma má ideia. Alguém, eventualmente, vai conseguir ― embora isso exija um enorme conjunto de habilidades e envolva um risco gigantesco.
Eu acredito que as ideias não precisam ser só boas, mas que também precisam fazer sentido para nossas vidas e aspirações. Diante de uma lista de ideias potenciais, como escolher “A Ideia”? E é aqui que entra um conceito que mudou minha perspectiva sobre como olho para novas ideias: o “Product-Founder-Fit”.
Fique comigo e vamos explorar como alinhar nossas ideias de negócios com o que realmente queremos para nossas vidas pode fazer toda a diferença.
O mito da "ideia de ouro"
Sabe aquela sensação de que basta encontrar a ideia perfeita para que todo o resto se encaixe magicamente? Pois é, muitos de nós já caímos nessa armadilha.
A verdade é que ideias, por si só, valem muito pouco. Pense comigo: quantas vezes você já ouviu alguém dizer “Eu tive essa ideia anos atrás!” quando vê um aplicativo novo fazendo sucesso? Pois é, o simples fato de ter tido a ideia não fez diferença alguma para essa pessoa.
O que realmente importa é a execução. Lembra daquela edição onde falamos sobre os três pilares do sucesso com SaaS? A ideia nem sequer aparecia lá. Porque no fim das contas, uma ideia “meia boca” bem executada tem muito mais chances de sucesso do que uma ideia brilhante que não sai do papel.
Assumir o compromisso é crucial. É isso que vai te fazer persistir quando as coisas ficarem difíceis (e acredite, elas vão ficar). É isso que vai te fazer acordar todos os dias disposto a transformar aquela ideia em realidade.
E para assumirmos o compromisso de verdade, precisamos acreditar profundamente na ideia.
Minha Jornada da “Geladeira” ao Product-Founder-Fit
Depois da venda da Orbit, minha vida de empreendedor entrou em um período que eu chamo de “geladeira”. Foi uma fase de reflexão, onde me vi incapaz de me comprometer com um novo projeto. Ideias? Tinha aos montes. Algumas minhas, outras que me apresentavam. Mas nada parecia “clicar” comigo.
Minha experiência ao construir a Orbit me trouxe uma nova perspectiva. Naquele momento, eu acreditava que minha falta de comprometimento com novas ideias era resultado de uma visão mais criteriosa e realista do que poderia ou não dar certo. Eu achava que simplesmente não estava acreditando nos negócios, por conta da bagagem que tinha acumulado.
As coisas começaram a mudar um ano depois, quando iniciei o AbeeTest.ai. De repente, não era só mais uma ideia legal. Era algo que me fazia vibrar, que eu conseguia acreditar de verdade.
Nesse momento, eu ainda não tinha conectado os pontos conscientemente sobre o que realmente havia me feito acreditar nessa ideia e não nas tantas outras. Foi só mais tarde (inclusive, bem recentemente) que em um trecho de um episódio do podcast “Startups For the Rest of Us” fui apresentado ao termo “Product-Founder-Fit”, e as coisas começaram a fazer sentido.
O que é "Product-Founder-Fit"?
No podcast, um convidado falou sobre como ele pensava ao iniciar um novo negócio, e a forma como ele apresentou seu pensamento me fez refletir sobre eu como me sentia em relação a ideia do AbeeTest.ai, e foi ai que percebi algo: eu não estava apenas mais criterioso ao avaliar novas ideias, eu também não estava encontrando "fit" (ou encaixe) com essas ideias.
Mas, afinal, o que é esse tal de "Product-Founder-Fit"?
É quando suas habilidades, experiências e paixões se alinham perfeitamente com as demandas e desafios do produto que você está construindo. Quando a ideia de negócio não apenas parece viável, mas também ressoa profundamente com o que você deseja alcançar em sua vida pessoal e profissional.
Por que isso é Importante para o Sucesso do seu SaaS?
Encontrar essa sintonia é fundamental para o sucesso de qualquer negócio. Quando você trabalha em algo que está alinhado com seus valores, habilidades e objetivos, a energia e a dedicação que você investe são genuínas e sustentáveis. Sem essa harmonia, é fácil perder a motivação quando surgem os inevitáveis desafios.
Construir um negócio é uma maratona, não uma corrida de 100 metros. Haverá dias difíceis e desafios que testarão sua determinação. Ter esse “fit” é o que vai te manter motivado quando as coisas ficarem complicadas.
Essa sintonia fica mais clara com a experiência vivida. À medida que você vai acumulando conhecimentos e passando por diferentes situações, começa a entender melhor o que realmente quer para sua vida e carreira. Cada fracasso e cada sucesso moldam essa percepção. Suas jornadas anteriores moldam suas expectativas, refinam suas habilidades e deixam suas motivações mais claras.
O "Product-Founder-Fit" não é uma fórmula mágica que você pode copiar e colar. É algo profundamente pessoal. O que funciona para mim pode não funcionar para você, e vice-versa. Depende das suas ambições, dos seus valores, das suas habilidades únicas e até dos seus medos e inseguranças.
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E como eu encontro esse “fit”?
Para encontrar o verdadeiro Product-Founder-Fit, precisamos criar nossos critérios pessoais que definem um negócio ideal para nós. Esses critérios vão servir como uma espécie de filtro de ideias, e são um reflexo profundo de quem somos, do que valorizamos e do que queremos alcançar.
Eles vão nos permitir separar as ideias que realmente se alinham com nossa visão daquelas que, embora possam parecer atraentes à primeira vista, não se encaixam de verdade nos nossos objetivos de longo prazo.
Por que eu quero ter um negócio?
Antes de estabelecer esses critérios, precisamos entender por que estamos fazendo isso pra começo de conversa. Quero mudar o mundo criando produtos inovadores? Quero ficar milionário e me tornar reconhecido pelo meu sucesso? Estou simplesmente cansado de trabalhar para os outros?
No meu caso, a motivação é clara: quero garantir uma vida confortável para a minha família, tendo a liberdade de aproveitar plenamente o tempo com eles. Busco um faturamento previsível que não dependa diretamente da quantidade de horas que eu trabalho. Quero a liberdade de construir produtos, sem a necessidade de gerenciar grandes equipes.
Valorizo imensamente a autonomia. Não me incomodo em trabalhar 12 horas por dia no meu próprio negócio, mas amo a flexibilidade de poder sair no meio da tarde de uma terça-feira se tiver vontade. O home office é meu ambiente ideal, e tenho planos de voltar a morar no interior no futuro.
Minha busca por liberdade financeira não é necessariamente para me aposentar cedo, mas para ter a tranquilidade de saber que posso fazer isso se quiser. É sobre ter opções, sobre criar um estilo de vida que me permita trabalhar em projetos que me movem, mas também viver plenamente fora do trabalho.
Diferente da busca frenética pelo “próximo Facebook”, minha visão se alinha mais com a construção de um negócio sustentável que suporte esse estilo de vida. É sobre criar valor, sim, mas também sobre criar uma vida que eu ame viver todos os dias.
Meus Critérios Pessoais
Para escolher as ideias de negócio que realmente fazem sentido para mim, cheguei em um conjunto de 6 princípios que refletem minhas aspirações de vida e experiências que tive no passado. Aqui estão eles:
1. Existência de Concorrência no Mercado
Pode parecer contraintuitivo, mas um mercado com concorrentes é um mercado validado. Isso significa que existem pessoas dispostas a pagar pelo produto. Claro, é preciso ter bom senso. Eu não entraria, por exemplo, no mercado de plataformas de pagamento para infoprodutores, que já é dominado por grandes empresas. Porém, se a ideia for mais "verticalizada" e focada em uma persona específica – como a ideia da Payou, por exemplo, que o Felipe fala sobre na sua newsletter e que foca em prestadores de serviço – aí começa a ficar interessante.
2. Processo de Vendas Curto
Prefiro simplicidade. Processos de vendas longos me desanimam muito, talvez devido à minha falta de experiência com produtos enterprise. Gosto de manter as coisas simples e ágeis. No meu mundo ideal, o cliente deveria ser capaz de usar e assinar o produto por conta própria ou, no máximo, com uma demonstração rápida. Embora vender pra grandes empresas possa ser lucrativo, a complexidade associada a isso não me atrai.
3. Capacidade de Desenvolver o MVP Sozinho em Poucos Meses
Autonomia é fundamental para mim. Então, se eu tiver capacidade técnica ― os 12 anos programando com certeza ajudam ― pra levantar o MVP sem depender de mais ninguém, a ideia tem mais um sinal verde. Eu nunca programei um app mobile, por exemplo… então, uma ideia que dependa de um aplicativo pra ser validada provavelmente não seria a minha escolha.
4. Conhecimento do Mercado
Questão prática: se não conheço o mercado, fica difícil acreditar ― de forma lúcida e embasada ― no potencial da ideia. Para um negócio dar certo, você precisa dominar o que está fazendo. Ou ter alguém com você que domine. Mas, novamente, eu gosto de autonomia. Conhecer o mercado me permite validar a viabilidade da ideia com mais confiança.
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5. Alinhamento com Princípios Pessoais
Não acredito em "dinheiro a qualquer custo". Jamais investiria tempo e energia em algo que fere meus princípios. Quero me manter fiel aos meus valores, mesmo que isso signifique abrir mão de oportunidades aparentemente lucrativas.
6. Precisa Ser Rentável e Auto-Sustentável
Não quero depender de investimentos externos para viabilizar o negócio. Já vivi essa experiência com a Orbit, e ― apesar de ter dado certo e de antes disso achar que era isso que eu queria pra minha vida ― não gostei. Receber um "cheque" de um milhão pode ser glamouroso, mas descobri que o peso e as responsabilidades associadas a isso não funcionam tão bem para mim. Não quero dominar um mercado ou ter uma empresa com centenas de colaboradores. Busco empreender pela autonomia e liberdade, não pelo glamour.
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Esses são meus critérios pessoais, criados a partir de minhas experiências e do que realmente importa para mim. Espero que eles inspirem você a refletir sobre seus próprios critérios e a encontrar a melhor abordagem para suas ideias de negócio.
Desenvolvendo Seus Próprios Critérios
Cada empreendedor tem uma história única, com suas próprias experiências, habilidades e aspirações. Copiar os critérios de outra pessoa pode até parecer uma solução rápida quando não se tem clareza do que está buscando, mas inevitavelmente vai levar à alguma frustração. O que funcionou para outra pessoa pode não funcionar para você, porque suas motivações e experiências de vida são diferentes.
Para encontrar um verdadeiro “Product-Founder-Fit”, você precisa ir fundo nas suas próprias motivações e objetivos. Pergunte a si mesmo:
Por que eu quero criar um negócio? O que espero alcançar? Quais são os meus valores e princípios inegociáveis? O que realmente me move? É a paixão por resolver problemas complexos? O desejo de impactar um mercado? Ou talvez a ambição de construir um negócio que dê liberdade financeira e geográfica?
Não subestime o poder das suas experiências passadas. Cada sucesso, cada fracasso, cada obstáculo superado adiciona uma camada à sua perspectiva de mundo. Pensar sobre isso vai te ajudar a moldar seus critérios de uma maneira que seja autêntica e relevante para você. Por exemplo, se você já vendeu para grandes empresas no passado e isso drenou sua energia, pode decidir que suas futuras ideias de negócio precisam focar em pequenas e médias empresas.
Lembre-se: seus critérios não são estáticos. Eles evoluem conforme você cresce como empreendedor e como pessoa. O que era importante para você há cinco anos pode não ser tão relevante hoje. Esteja aberto a revisitar e ajustar seus critérios periodicamente.
Por fim, não tenha medo de ser específico e até um pouco exigente com seus critérios. É melhor dizer não para dez ideias medianas e sim para uma que realmente te empolga, do que se comprometer com algo que vá contra o que você quer pra sua vida e que te faça desistir em alguns meses.
Aplicando os Princípios na Prática
Esses princípios não são apenas uma lista bonitinha pra se ter em mente ou pra colar em post-its na parede, mas sim ferramentas poderosas para guiar suas decisões. Quando uma nova ideia surgir, passe ela pelos seus princípios. Se ela não atender a maioria dos seus critérios, talvez não seja a melhor aposta para você neste momento.
Aplicar uma "engenharia reversa" também pode ser uma estratégia muito eficaz. Em vez de esperar que a ideia perfeita caia do céu, use seus princípios como filtros para identificar ideias que realmente se conectam com você. Comece com o fim em mente: imagine o tipo de vida e trabalho que você quer ter, e depois trabalhe de trás para frente para encontrar uma ideia que se encaixe nesse cenário.
Os benefícios de ter princípios claros são imensos:
Com esses princípios, você para de correr atrás de "qualquer" ideia e começa a selecionar aquelas que realmente fazem sentido para você. O objetivo não é limitar suas possibilidades, mas sim afunilar seu foco para as oportunidades que realmente importam para você.
Alinhando Paixão e Negócios
Recapitulando, discutimos a importância de encontrar o verdadeiro "Product-Founder-Fit" para garantir que suas ideias de negócios se alinhem com suas aspirações pessoais e profissionais. Passamos por meus critérios pessoais que ajudam a filtrar ideias e como aplicar esses filtros de maneira prática.
Para relembrar:
Agora, é a sua vez! Encorajo você a se sentar, refletir sobre o que realmente importa para você em um negócio SaaS e criar a sua própria lista de princípios. Reflita sobre suas motivações e experiências e crie critérios que ressoem com quem você é e o que você deseja alcançar.
Adoraria saber como você enxerga tudo isso. Quais princípios você considera essenciais? Como eles refletem suas aspirações e valores? Compartilhe suas reflexões comigo ― adoro aprender com as experiências únicas de cada empreendedor.
Lembre-se, encontrar o Product-Founder-Fit certo não é apenas sobre construir um negócio bem-sucedido; é sobre levar uma vida que você ama, fazendo o que você ama.
Agora que você está por dentro desse assunto, que tal compartilhar esse conhecimento com sua rede? Sabemos o quanto a jornada de empreender pode ser desafiadora, e esse tipo de informação pode fazer toda a diferença para alguém que está começando.
“Semanário” de bordo
Consegui fazer bons avanços no AbeeTest.ai. Porém, subestimei a complexidade de construir um editor visual. Talvez eu esteja sendo preciosista demais com este MVP, mas criar um editor de páginas que seja compatível com qualquer construtor de páginas é realmente um desafio complexo. A difícil arte de encontrar o equilíbrio!
Espero finalizar essa parte do projeto em no máximo duas semanas.
E no aprimoramento pessoal, continuei com meus estudos de copywriting. Cada dia aprendo algo novo e interessante, que espero aplicar não só nas minhas comunicações de marketing, mas também no desenvolvimento do AbeeTest.ai e nos meus futuros projetos.
Foi uma semana produtiva, e estou ansioso para ver o que conseguirei fazer na próxima!
Indicações da Semana
🎧 Podcast: Startups For The Rest Of Us #718
Para a dica de conteúdo desta semana, quero recomendar um episódio do podcast Startups For The Rest Of Us que me apresentou o conceito de “Product-Founder-Fit”. Embora o episódio não seja focado exclusivamente nesse tema, durante uma sessão de perguntas e respostas, uma das questões levou a essa discussão sobre como alinhar suas ideias de negócio com suas aspirações pessoais, algo que realmente ressoou comigo.
📺 Filme: Ilha do Medo (Shutter Island)
É um suspense psicológico estrelado por Leonardo DiCaprio e dirigido por Martin Scorsese. A trama acompanha um detetive que é enviado a uma misteriosa ilha para investigar o desaparecimento de uma paciente de um hospital psiquiátrico. É cheio de reviravoltas e tem uma atmosfera bastante envolvente e tensa. Esse é um daqueles filmes que te mantém vidrado do começo ao fim! Se você gosta de filmes que desafiam a mente e oferecem uma boa dose de suspense, este é imperdível.
Obrigado por ler até aqui!
Espero que esse conteúdo tenha gerado valor pra você :)
Nos vemos na próxima edição da “Jornada SaaS”!
Abraço,
Ronaldo Scotti
Esse texto foi publicado no dia 09/07/2024 na newsletter Jornada SaaS. Inscreva-se para receber os novos artigos em primeira mão direto no seu e-mail.