Abordagem.
Aos jovens colegas dessa profissão tão cheia de causos, começo contando um deles.
Quando eu queria deixar a área de assessoria de imprensa, onde comecei a trabalhar numa agência de propaganda, e ir para o departamento de criação, eu tentei quase de tudo.
Vivia com um pequeno calhamaço de folhas soltas com ideias que eu achava serem roteiros de comerciais de TV e alguns títulos de anúncio que eu colava sobre as peças que eu cortava das revistas.
Era uma apresentação horrorosa, apesar de muito sincera.
Aquelas eram as minhas armas e era com aquilo que eu ia para a guerra do começo de carreira.
Estávamos uma década e meia antes da popularização da internet, você tem que considerar.
O jeito era xerocar o que você tinha, colocar dentro de um envelope, mandar pelo correio ou pelo office-boy e esperar.
Numa dessas tentativas, recebi em minha casa uma resposta do senhor Washington Olivetto.
Minha demanda? Um estágio. Meu troféu? Uma carta.
Pela inteligência do texto deve ter sido mesmo escrita por ele. Era um "não tenho a vaga" embebido num imenso elogio.
Aquela carta era um grande empurrão.
Mesmo que os outros vinte caras para quem tinha mandado o mesmo material não tivessem me dado qualquer atenção, algo me dizia que estava no caminho. Pelo menos estava no caminho. Isso foi em 1988.
Corta para 2018.
Recebo muita mensagem no inbox, com a mesma intenção do meu calhamaço de trinta anos atrás.
Hoje, claro, tudo ficou mais simples.
Tanto montar seu trabalho nos portfólios eletrônicos como achar a empresa-alvo e mandar um SEND para quem, eventualmente, pode lhe chamar para uma vaga.
Por causa disso, e se me permite, queria dar um feedback. Isso, mais uma vez, não tem pretensão de ser uma regra. É apenas uma opinião, no meio de tantas que vão ajudar você a formar a sua.
Se eu tivesse que mandar meu trabalho para um Diretor de Criação com quem nunca falei na vida, hoje, jamais começaria com um clichê presente na grande maioria das abordagens: admiro muito seu trabalho e bla bla bla.
Não precisa.
Até pode ser verdade, mas dá a impressão clara, pra quem lê, que aquilo é um copypaste esfarrapado. Eu faria diferente. Pensei até num modelo e se isto servir de referência, maravilha.
Fulano, bom dia. Eu sou Beltrano e quero trabalhar aí. O resto, espero, o link fala por mim.
Ou algo, quem sabe, ainda mais curto e direto. Pá-pum. Pimba.
A abordagem é um momento chave na sua batalha.
Outro, igualmente importante, é a espera pelo feedback.
Cobrar alguém por uma resposta de maneira insistente e inadequada, pode, simplesmente, tirar você do jogo porque pode gerar uma antipatia que pode até se injusta.
"Ah, mas você não acha que todo mundo merece uma resposta?" Sim, claro, todo mundo merece uma resposta. Acontece que os timings das pessoas na grande maioria das vezes não combina.
Já fui cobrado por um sujeito quatro vezes no intervalo de uma mesma semana. Ele deve ter me achado um cara arrogante pelo meu silêncio. E eu só estava em férias, inclusive do email. O sujeito foi tão insistente na cobrança que eu preferi encerrar a conversa de forma apenas protocolar.
Hoje, a acessibilidade à caixa postal das pessoas é quase total, então você precisa ter bastante cuidado ao abordar aqueles que você ainda não conhece, ainda mais se o seu objetivo é, um dia, trabalhar com aquela pessoa.
Portanto, pense bastante na forma de abordar alguém que pode abrir uma porta para você. Seja o mais sucinto possível no primeiro contato, sem confundir isso, obviamente, com rispidez.
Aguarde seu feedback com paciência.
Feedback não é algo padronizado, que você encontra como se fossem números de sapatos. Cada um tem o seu e distribui como achar melhor.
O que posso garantir é o seguinte: continue mandando seus links e cuide bem para sua ansiedade não atrapalhar seu objetivo maior.
Outra coisa a se analisar: se o seu trabalho for realmente bacana, mesmo que a pessoa que recebeu o link não tiver como te contratar, acredite que este envio pode gerar um forward, para alguém que você nem tem ideia de estar precisando de contratação.
Por isso, se me permite a sugestão, capriche bastante no seu portfólio.
No final das contas o único trabalho que precisa ser admirado, nesta determinada situação, é o seu.
Executivo de vendas | só veículos
6 aMuito bom
Gerente Escritório | Coordenadora Administrativa | Assessoria Projetos Facilities | Assistente Executiva Sênior C-Level | Organizadora Eventos Viagens Poliglota | Secretária Especialista Expatriados | Cerimonialista
6 ana mosca
Professora; Formadora; Designer de Comunicação
6 aMuito pertinente sua abordagem! obrigado por partilhar
proprietaria na Receptivo Brasileiro em Miami
6 aRicardo Chester Sempre tenho paciência de esperar um feedback. Só acabo insistindo um pouco mais quando chega o tempo limite. No meu caso é com referência a informações para um fechamento. As pessoas esquecem de mandar dados sem os quais meu trabalho fica impossível. Feedback é quase sempre um problema. Em tempo, adorei seu texto !
Quality Control Lead
6 aMuito bom. Esses textos tem me ajudado bastante em minhas condutas no dia a dia...de forma muito positiva. São pontos chaves nas entrelinhas...