Giovanni.

Giovanni.


Giovanni foi meu chefe tem uns 20 anos, mas minha história com ele começou há 46, em 1977, quando eu vivia no Rio de Janeiro e Paulo Giovanni era o dono das tardes do rádio carioca, numa época em que o rádio era o Instagram de hoje na vida das pessoas.


Giovanni era da Rádio Globo e, também na TV Globo, era o garoto propaganda de uma promoção de margarina que dava muitos prêmios e uma casa e aparecia todo dia na tela sorteando umas cartas. Eu tinha 10 anos de idade e preenchi algumas cartinhas sonhando em ser sorteado pelo cara daquela voz bonita, timbre de Barry White e uma dicção capaz de explicar o termo dicção pra quem não sabe o que é dicção. 


Quando ele e Adilson Xavier me contrataram, pude contar isso a ele. Giovanni nunca admitiu ter a fama que teve no rádio, nem na publicidade. 


Paulo, que não se chamava Paulo, cuidava da saúde mental de sua equipe muito antes disso virar pauta obrigatória de gestão. Dono de uma gentileza e educação incomparáveis, só era duro na permanente ambição de fazer mais e melhores negócios. Um publicitário incansável. 


Lembro de Paulo, em 2016, de sacolinha de delegado no ombro e caderninho na mão, olhando e anotando ideias na exposição de finalistas do subsolo do Palais em Cannes, categoria Promo. Estudava as peças como um redator júnior calouro na Croisette. Naquele ano, Giovanni já tinha vendido sua agência de propaganda e estava empreendendo de novo, no mundo da promoção. Confesso que aquele cena me surpreendeu. Era o único dono de agência naquele lugar e naquela hora, estudando peça por peça entre os finalistas.


Coisa de seis meses atrás, cruzei sem querer com Giovanni e sua filha num shopping aqui em SP. E pude dizer a ela o que conto aqui: que Paulo era um exemplo para mim como publicitário, como empresário do ramo, não apenas como sempre tratou a todos de suas numerosas equipes, mas pela vontade de sempre fazer negócios e mais negócios com a força da boa publicidade. Paulo era um tremendo defensor da nossa atividade como mola para os resultados das empresas, um publicitário na essência. 


Giovanni, para mim, ficou ainda mais admirável depois de ter passado por uma tragédia pessoal que poucos, e bota poucos nisso, conseguiriam suportar. Encontrei Giovanni algumas vezes depois do ocorrido e vê-lo trabalhando e celebrando suas conquistas aumentou ainda mais meu respeito por ele.


Soube de seu falecimento neste domingo, 1 de outubro. É uma notícia triste para os que conviveram com ele e uma pena também para as pessoas que não terão a chance de conviver com ele. 


Vai-se uma pessoa diferente, um talento que soube lidar com um tremendo sucesso sem nunca se deixar levar por afetações e deslumbres. Para mim, vai-se um chefe de uma postura impecável e uma fortaleza humana.

 

Deixo aqui a minha solidariedade aos familiares e amigos.

Luciana Minami

Independent Consultant for Strategy and Innovation | Cultural researcher | Strategy consultant for social and politics impact

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Uma liderança fazedora que vai fazer falta.

André Fagundes

Account Manager - Linkedin

1 a

Meus sentimentos a todos os familiares, amigos e companheiros de trabalho. Apesar do pouco contato no tempo que trabalhei na saudosa Giovanni, guardo as melhores recordações de um grande ser humano. Atencioso, preocupado com o bem estar de todos e muito gentil.

…sem afetações e deslumbres… é isso aí! Ele não confundiu nossa profissão com o mundo das celebridades. Uma de tantas virtudes profissionais.

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