#acabolsonaro pode ser só o começo

#acabolsonaro pode ser só o começo

Desde o domingo, dia 15.03, venho unindo fragmentos de informação, pensamentos e lendo artigos das mais variadas tendências.

Claro que a pandemia é o monotema. Mas é tanto o foco de tudo que já há espaço para derivar.

Estamos todos em casa, quarentena forçada. A economia derrete. Os empregos, já minguados, diminuem velozmente na tentativa de sobrevivência das empresas. Está ruim e vai piorar. No fim disso tudo sairemos diferentes. E aí está meu ponto.

De saída o Covid-19, terrível e histórico, quebrou de vez o vidro trincado que dava algum grau de respeitabilidade ao governo Bolsonaro. A postura habitual do presidente, arrogante, ignorante, desprezível, dessa vez não ficou no campo dos valores. Não mexeu com torturados, LGBTs, mulheres, gente de esquerda, imprensa. As ações para convocar manifestações contra o Congresso e o STF em plena fase de propagação da pandemia e a participação entusiasmada (e desprotegida) na aglomeração em frente ao Palácio tiveram um simbolismo brutal.

Aquela parte dos equivocados 58 milhões que nele votaram, mas "por falta de opção", ou porque "ele é um imbecil, mas o Paulo Guedes sabe o que fazer", ou "porque o Moro está com ele e vai fazer a corrupção acabar", e que já vinham entendendo que compraram gatos vagabundos por lebres cheirosinhas, parece final e tardiamente ter caído em si e realizado a bobagem imperdoável que fizeram.

Na prática o governo terminou ali e o pato vai mancar até 2022 (se não redobrar as apostas, ou sucumbir a incapacidade brutal e tomar um impeachment pela frente), caso algum grupo de adultos com QI acima de 80 passe a dar as cartas e levar o país até a próxima eleição presidencial.

Porém, e aí chego tardiamente onde queria, tenho a impressão de que esse breque forçado do mundo está acendendo no Brasil uma chama que não vai apagar quando a pandemia for controlada e voltarmos ao "normal" de nossa vida e organização social.

Fico pensando o que estará na cabeça e nos corações das famílias das faxineiras e empregadas domésticas que assustadoramente não estão sendo dispensadas de seu trabalho, ou estão sendo dispensadas e deixaram de ser remuneradas.

O que pensará gente que perdeu ou perderá pais, avós, filhos, irmãos por falta de tratamento, de vaga em UTI, de respiradores.

Ontem mesmo li diversas mensagens de amigos, sinceramente agradecidos pelo exemplo, divulgando que o Bradesco lançou uma nota garantindo que não cancelará, apenas adiará, seus eventos. É mesmo uma atitude louvável, que espero seja copiada por todas as empresas. Do seu lado, o Itaú divulgou que vai conceder 60 dias de carência, sem juros, para que as pessoas e empresas paguem parcelas de empréstimos já tomados junto a instituição (desde que em dia).

E aí fiquei pensando: bom, são atitudes positivas. Mas é só isso? Bancos? Que participam de um mercado oligopolizado aqui no Brasil, com pouquíssima concorrência, que auferem lucro líquido de dezenas de bilhões de reais por ano cada um, cobram juros de 170% ano ano no cheque especial, que faturam o maior spread bancário do planeta, tem essa mixuruca contribuição a dar num momento de tal gravidade?

Raspas e restos (a benção Cazuza) nos interessam?

A depender desse tipo de atitude dos que tem dinheiro e poder no país podemos, depois dessa onda pandêmica, viver um estado em que as manifestações de 2013 parecerão festinha infantil.

E quem há de negar que lhes faltará razão?

Sonho com uma concertação (não me venham com Moncloa, por favor, haja desgaste), sob pressão popular legítima; que construa a base de um welfare state aqui no bananal; que jogue no lixo o liberalismo primitivo (como definiu brilhantemente André Lara Rezende); que devolva os Bolsonaro, na próxima eleição, ao buraco da milícia e insignificância de onde nunca deveriam ter saído, e que leve com eles toda essa gente que de uma hora para outra perdeu a vergonha de defender torturador, de massacrar índios e desprezar o meio ambiente.

Se no fim do túnel há luz é essa que gostaria de enxergar.

Carlos (Caco) Suriani

Executivo de Negócios Criativos da Indústria da Comunicação Impressa

4 a

Uma pena saber que nosso país é governado por uma elite medíocre e mesquinha, tanto no setor público, quanto privado!

Daiana Moura

Diretora de Marketing e Relacionamento/ Especialista em Gestão de eventos corporativos

4 a

Novamente obrigada! Seus textos são sempre muito sensatos!

Ricardo Beato

Consultor Administrativo, Contábil e Financeiro

4 a

Parabéns pelo texto, Presidente!

Simone Nogueira

Head of Business Development (strategy functional area) at Copastur Viagens e Turismo

4 a

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