Acupuntura na Agilidade
De todo novo problema nasce uma solução, e foi assim que tudo começou.
Quando iniciei meu trabalho com times ágeis, a principal dor que senti foi a falta de uma estrutura que trouxesse clareza sobre a real situação daqueles times. Isso me levou a refletir sobre a necessidade de uma abordagem que fosse compreensível tanto para mim quanto para os times e as lideranças.
Em minha trajetória profissional, fui apresentada a várias ferramentas que poderiam me apoiar. No entanto, o verdadeiro desafio estava em como conectar essas ferramentas em uma visão consolidada, capaz de ser apresentada de maneira clara e objetiva.
Os Primeiros Dias do Agilista
Antes de entrarmos no trabalho em si, é importante destacar os primeiros dias de uma Agilista em um time. Muitos de nós, impulsionados pela experiência e pelo desejo de trazer melhorias, podem cair na armadilha de querer modificar processos existentes logo de início. A crença de que nossas abordagens anteriores, testadas e aprovadas, serão bem-sucedidas novamente pode nos levar ao primeiro erro: a falta de compreensão da singularidade do novo ambiente.
Li certa vez sobre empresas que, ao contratar profissionais seniores, exigiam que eles não dessem opiniões por três meses, permitindo que absorvessem a cultura e entendessem as reais necessidades do lugar. Isso me fez refletir profundamente e adotar inicialmente um mês de observação antes de implementar qualquer mudança. E foi assim que comecei.
O Primeiro Passo: Aplicação do Team Canvas
Através de conversas individuais com cada membro do time, mapeio os elementos-chave desta ferramenta, buscando entender as dinâmicas e particularidades da equipe. Para abrir essas conversas de maneira eficaz, gosto de usar quebra-gelos que facilitem o início do diálogo. Essas conversas são baseadas na escuta ativa, e quando necessário, provoco reflexões com perguntas e propostas de escalas de notas, como: "De 1 a 5, como você avalia…?" e nesse formato vou preenchendo todos os campos que tangem o Team Canvas.
É importante ressaltar que esse primeiro passo é importante para a construção da confiança e para capturar insights valiosos que guiarão as próximas etapas.
Após o mapeamento, organizo os assuntos por similaridade, o que me permite identificar as dores mais latentes e perceber que muitos objetivos ou expectativas já estão alinhados com as mudanças necessárias. A partir daí, surgem os "bolsões" de acordo com o tamanho da dor, o que pode ser uma excelente oportunidade para utilizar outra ferramenta como aliada, o "Systems Thinking Approach to Introducing Kanban" - STATIK, que inicialmente era minha rota.
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O Aprimoramento do Processo: Da Observação à Ação
Depois de consolidar as dores e as possíveis iniciativas que permitiriam implementar melhorias, percebi que poderia filtrar e refinar ainda mais essa análise mudando um pouco minha rota inicial. Foi durante uma conversa na qual fui provocada a refletir em como eu poderia dar visibilidade sobre até onde poderia resolver aquelas dores e quais mudanças estariam realmente ao meu alcance que tentei cruzar duas ferramentas poderosas: o Modern Agile e o Mapa de Influência.
O resultado foi excelente e trouxe uma clareza sobre como, em cada nível, as mudanças poderiam ser praticadas de forma viável. A combinação dessas ferramentas me permitiu traçar um caminho claro para priorizar ações, considerando não apenas o impacto potencial, mas também a viabilidade de implementação dentro das esferas de influência disponíveis.
A Acupuntura Ágil na Prática: Pequenas Intervenções, Grandes Resultados
Assim como na acupuntura, onde pequenas agulhas são inseridas em pontos específicos do corpo para restaurar o equilíbrio, a acupuntura praticada na agilidade envolve intervenções precisas para tratar as dores de cada time e melhorar sua maturidade. A chave está em escutar, observar e entender profundamente o ambiente antes de agir. Com a integração do Team Canvas, Modern Agile e Mapa de Influência, é possível construir um processo mais robusto e eficaz, que não só identifica os pontos de dor, mas também define claramente quais mudanças podem ser implementadas e como priorizá-las.
Conclusão
A jornada de melhoria contínua em um time ágil exige paciência, adaptação e um olhar atento às particularidades de cada grupo. Assim como uma acupunturista, o agilista deve aplicar intervenções precisas e adaptadas à realidade de cada time, promovendo a saúde e a produtividade da equipe. Cada time é único, e o sucesso reside na capacidade de entender e tratar as dores específicas de cada um. Através da combinação de ferramentas, podemos construir um ambiente ágil que realmente funcione, levando em conta necessidades específicas e possibilidades reais de evolução.
Gostou do artigo!? Então curte e compartilhe sua experiência nos comentários como você tem aplicado pequenas intervenções para grandes resultados no seu time.
Software Engineering Leader no Sicredi
4 mAcabei de ver na prática. Excelente Cris, e belo artigo ❤️
Agile Coach Leader | Digital and Agile Transformation
5 mParabéns Cristina Giovanella, muito bom contar com teus conhecimentos, dedicação e aplicabilidade! #sicredi #agilidade #fazeracontecer
Agile Master no Banco BV | MSc em Engenharia de Produção e Sistemas
5 mAcabei de ler seu artigo e gostei muito da abordagem. Na minha experiência, percebi o grande valor de mapear tanto os pontos de insatisfação internos quanto os externos para, assim, evoluir com os times. Vejo que o team building também é muito benéfico no momento da chegada de um agilista ao time, visto que essa prática ajuda a promover um ambiente onde todos se sentem confortáveis para compartilhar seus pontos. Isso não apenas auxilia o time a desenvolver um sentimento de propriedade em relação aos processos de trabalho, mas também cria uma base para o desenvolvimento de soluções coletivas. Continue compartilhando dicas, você tem muita experiência para contribuir 👏
Gerente de Projetos | Scrum Master | Product Owner | Especialista em DevOps e Agilidade | Líder de Squads
5 mÓtimo texto Cristina Giovanella