Administre suas dívidas

Administre suas dívidas

Em tempos de crise econômica e recessão, como o que estamos vivenciando, toda atenção deve ser dada às dívidas, tanto em relação às organizações quanto em relação às pessoas e famílias.

Por vezes, o endividamento é parte da caminhada de uma organização ou mesmo no plano pessoal. Endividar pode não ser o fim do mundo, desde que num processo planejado e com perspectivas para o seu equacionamento. Entretanto, num cenário de incerteza e com a atividade econômica em contenção, a administração das dívidas requer cuidados especiais.

Neste curto espaço que se segue, veja a melhor forma de enfrentamento das dívidas num cenário de crise.

O primeiro passo importante na administração das dívidas é relacionar todas elas, quem são os credores, o montante devido a cada um, o custo mensal (taxa de juros), o tempo que está em aberto, as garantias existentes e outras informações relevantes.

As dívidas vencidas devem ser a primeira prioridade de solução, seja renegociando-as ou quitando-as. Uma dívida vencida e sem solução pode levar o credor a tomar uma atitude extrema, como um protesto, uma ação de cobrança no Judiciário, a busca de execução de uma garantia, enfim, o que estiver mais acessível para cobrança.

Todas as dívidas devem ser tratadas com atenção, diálogo com o credor, transparência e proposição de solução, sejam elas a curto ou médio prazo. É preciso transmitir credibilidade no processo de administração das dívidas, buscando que o credor se transforme em parceiro e saia da condição fria de cobrador.

Outra questão é em relação ao custo de cada dívida. Existem dívidas de custo muito elevado e outras de custo menor. A esse respeito é sempre bom lembrar que o Brasil tem juros muito altos, que penalizem duramente o devedor. O mais adequado, quando não se pode quitar rapidamente, é negociar o seu alongamento e a redução do custo mensal.

Com todas essas atitudes para uma boa administração das dívidas, é preciso ter um horizonte de solução, ou seja, como pagá-las. Para isto, pode ser necessário reduzir a operação da organização, reestruturar toda uma atividade, vender um bem e até aceitar “ser menor” por um determinado período em que a prioridade é o equacionamento das dívidas. Na vida pessoal, igualmente, é preciso se reestruturar e gastar menos, ou simplesmente o que se tem à disposição.

Em todo o tempo esteja pronto a negociar, seja porque o plano inicial pode ter de ser alterado ou porque o credor também solicitará mudanças no que aceitou inicialmente. Ou seja, negociar sempre é uma boa regra para um devedor. Esta disposição vai ao encontro do interesse do credor. Isto porque a dívida é um problema para você e também para ele. Num tempo de crise, todo credor quer receber um devedor disposto a solucionar uma pendência, ainda que sua proposta não seja a melhor. Vale a máxima: mais vale um mal acordo do que uma boa demanda.

O processo de administração de dívidas pode ser longo, anos eventualmente. O importante é dar o primeiro passo o quanto antes. É preciso se preparar para isto não somente sob os aspectos econômico e administrativo, mas também emocional e físico. Não perca o sono, se alimente adequadamente e não deixe que a gestão de dívidas contamine sua saúde, vida pessoal e familiar.

É importante construir e percorrer essa travessia com sabedoria, prudência e perseverança. Lá na frente será um problema vencido. Tudo passa, o que é bom e o que é difícil também.

*Doutor em Educação e Mestre em Administração Escolar. Professor da UNIVAP.

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