Afinal, o "QI" (quem indique) é um meio eficaz para contratar bons profissionais?
Para mim, atuar em processos seletivos foi uma escolha movida por paixão e pela vontade de fazer encaixes perfeitos. Acredito que existe alguém certo para cada vaga. Cada vez mais reflito sobre como esses processos podem ser mais assertivos para o empregador e para o candidato. Claro, toda empresa quer garantir as melhores pessoas, com boa índole, excelente qualificação e profissionalismo, e todo candidato quer encontrar um emprego pra chamar de seu.
Afinal, o “QI” (Quem Indique) é um meio eficaz para se conseguir bons profissionais? Bem, há controvérsias! No meu ponto de vista, o “QI” pode ter vertentes diferentes, dependendo de como ele é entendido e praticado.
Vou chamar a primeira vertente de o “QI” da AMIZADE: Essa é a forma mais comum e mais desastrosa do “QI”. O candidato é amigo de alguém da empresa e por isso é indicado para a vaga. Não importa se ele tem a qualificação ou os pré-requisitos, se é que os pré- requisitos foram determinados. O “amigo” nunca trabalhou com o candidato para saber se o mesmo é bom profissional. Por incrível que pareça e lamentavelmente, muitas empresas, inclusive de médio e grande porte, ainda contratam utilizando apenas este critério. A probabilidade de esse candidato não se adaptar a sua função é enorme. O pior é que muitas vezes o empregador acaba mantendo aquele profissional no emprego por “consideração” a pessoa que o indicou e se decide desligá-lo, acaba provocando um mal estar com quem fez a indicação.
A segunda vertente é o “QI” da REPUTAÇÃO: Para mim, essa é a forma mais eficaz e que faz do “QI” um fator importante nos processos seletivos. Geralmente, a pessoa que indica alguém pela reputação é imparcial e foca no profissionalismo. É muito comum no mundo corporativo que gestores indiquem ou busquem indicações para vagas diversas. Inclusive, algumas empresas de grande porte fazem campanhas de incentivo para que seus colaboradores indiquem um amigo, assim, fica mais fácil trazer gente mais alinhada com a cultura da empresa.
É natural, por mais que neguem, que um recrutador criterioso procure saber da reputação da pessoa avaliada. Sim, ele vai entrar em contato com os antigos empregadores, pode ser que ele busque alguma conexão através de redes sociais, pesquisas online etc. Um candidato que mantém bons relacionamentos e ética profissional nas empresas por onde passou, terá mais chances de entrar numa vaga em aberto. Obviamente, o “QI”, mesmo na perspectiva correta, não é um critério decisório, mas pode ser um “plus”, caso o recrutador consiga coletar boas referências do candidato.
Vale salientar que um processo seletivo é composto por várias etapas, entre elas, análise do currículo, testes de conhecimento geral e específico, análise comportamental entre outros. O que faz a diferença para passar nas etapas de um processo seletivo ainda é escrever um currículo corretamente, ter a experiência e a formação acadêmica exigida, e ter um bom desempenho nas fases do processo.
Muitas vezes, pela vontade de encurtar o caminho e reduzir gastos, as empresas acabam utilizando só do “QI” para escolher o profissional desejado. São raras as contratações bem sucedidas nestes casos. Um processo seletivo mal feito pode ser o começo para o aumento do índice do turn over, o que pode se tornar uma bola de neve de prejuízos para a empresa.
Quero incentivar a cada pessoa que está empregada ou em busca do sonhado emprego, que procure manter o seu leque de contatos sempre aberto, desenvolva networking sempre! Uma das chaves para o sucesso profissional e na vida, certamente é manter bons relacionamentos. Qual legado você tem deixado nas empresas por onde passou? Já parou pra pensar sobre quem está lhe observando? É necessário compreender que independente de estar ou não feliz com o seu atual emprego, manter uma boa reputação só traz benefícios para você mesmo! Um comportamento exemplar e comprometimento com o seu trabalho nunca trará consequências negativas.
O mercado precisa entender que processos seletivos bem estruturados, garantem profissionais mais parecidos com a cultura da empresa, evitando retrabalho e reduzindo o índice de turn over. Vale a pena refletir sobre que tipo de pessoa eu quero que trabalhe na minha empresa. Quais são os critérios indispensáveis para a abertura da próxima vaga? Empresas maduras entendem a importância de cada fase do processo seletivo e as aplicam com o mesmo rigor, tanto para os candidatos que chegam por indicação, quanto para os demais.