Afinal o que é uma Pós-graduação?
(Alerta: este texto tem passagens de carácter promocional e dedicação pessoal.)
Se quer saber a verdadeira resposta a esta pergunta, tenha cuidado perguntar a um professor!
Há cerca de 5 anos discutia, no 2.º Encontro Nacional de Gabinetes de Comunicação do Ensino Superior da Fórum Estudante, com uma colega, na altura no ISCTE, qual deveria (se deveria) o diretor de comunicação interferir no projeto pedagógico da Escola? Na sala (repleta de profissionais) ninguém estranhou. Mas os académicos se me ouvissem convocariam uma greve geral!
A discussão tinha fundamento: estando Portugal a caminhar para uma lógica evidente de gestão Universitária cuja sobrevivência da maioria das instituições (públicas, entenda-se) depende das suas receitas próprias e isso determina novas formas de desenvolver atividades e inovar produtos, o que tem isso de diferente de uma empresa no sentido lato? Se tem que planear, gerir e avaliar resultados, sem descuidar a qualidade, qual é a diferença? E então: porque não podemos falar de Marketing Público como há tempos ouvi um douto professor afirmar em público que tal conceito não existia? Falemos então apenas de Marketing. Basta. Leis de mercado, sim também assim é nas Universidades. Sim, os produtos formativos têm que ser pensados com pitada de Estratégia, Inovação e Visão de Mercado! Se não vender, não há lucro. Simples. Mas a pedagogia ainda é feudo privativo. E isso mata, caso não saibam.
Há um ano trocava impressões sobre o meio académico com um colega da Universidade Católica de Lisboa e debatemos, desta vez, as designações que cada Escola, cada Universidade (pública ou privada), atribuía aos seus cursos. Cursos estes realizados depois da Licenciatura (1.º ciclo e primeira graduação).
Uns designam por “Programas Avançados”; outros por “Cursos de Formação Especializada”; outros ainda “Formação Executiva”; “Formação Aplicada”; “Curso Intensivo”; “Executive Master”… a oferta é vasta e para todos os gostos. Mas todos eles designam a mesma coisa: um curso de Pós-graduação!
E o que é uma Pós-graduação afinal?
É um curso que se realiza após uma graduação. Ridículo? Nem por isso.
Se formos ao rigor do nosso amigo Saussure e atendermos aos compósitos da linguagem, ao signo, ao significante, ao significado e à significação, “Pós-graduação”, per si, não diz mais que isso literalmente. Porém, extrapolando a leitura simplista do conceito, muitas Escolas entendem-no hoje como um conceito abrangente para designar uma formação avançada, que pressupõe, um background curricular e académico, preferencialmente, o grau de licenciado, sendo orientado para temas mais particulares de uma área científica maior, através da qual se abordam temas que, pela sua natureza e/ou extensão e/ou complexidade/pormenorização, não são aprofundados (ou nem são abordados) num curso convencional de 1.º, 2.º ou mesmo 3.º ciclos (licenciatura, mestrado ou doutoramento). Atribui-se a estes cursos ainda um cariz eminentemente profissionalizante e, quando viável, o mais aplicado possível, numa abordagem teórico-prática de convergência entre a academia e o mercado de trabalho; a pedagogia e a realidade profissional; a teoria literária e o know-how adquirido pela experiência dos formadores. Do que se espera encontrar uma turma de alguma heterogeneidade na medida em que uma Pós-graduação tende (ou deveria) a não vedar portas a não “especialistas” ou indivíduos formados na área científica do curso. Precisamente porque a Pós-graduação deve ser encarada como um complemento formativo e, simultaneamente, profissionalizante, cada vez mais necessário para recém-licenciados que precisam de se diferenciar no “monte de CV” que as empresas acumulam diariamente e, por outro lado, os profissionais que humildemente reconhecem ser determinante reciclar conhecimento, inovar e/ou adquirir novas competências para fazer frente ao presente e ao futuro. Seja por desafio da mudança profissional, seja por ímpetos empreendedores e/ou simplesmente de enriquecimento intelectual.
Por tudo isto, a Pós-graduação não confere grau. É de facto uma formação avançada, intensiva, aplicada, o que quiserem. É e deve ser, para mim, também um espaço de networking e partilha que coloca em cima da mesa de trabalho situações reais, simulações e traz à academia protagonistas de temas relevantes que engrandecem a dimensão pedagógica e científica com o “saber fazer”.
Não sei bem se todos (ou grande parte) entendem assim o que deve ser uma Pós-graduação. Eu, como aluno, é o que sempre desejei e quase nunca encontrei. Ora porque há Marketing a mais nalguns produtos (cursos) ora porque há demasiado show-off e artifício nas estrelas formadoras; ora simplesmente porque os programas são irrealistas ou até mesmo cientificamente questionáveis; ou no avesso, há demasiada academia, no sentido torpe e amorfo que podemos conhecer, cujo pó dos livros continua a vedar-lhes o acesso à janela porque estão confortáveis nas suas cadeiras de secretária.
E então o que é que deve ter em conta para escolher um bom curso de Pós-graduação?
- Decida-se por um curso que complemente o seu CV e a formação académica. Não repita a sua licenciatura!
- Investigue o corpo de formadores (atenção ao mediatismo!) – tudo depende do que procura.
- O encadeamento e rigor pedagógico-científico. Fundamental. Já basta a artificialidade do mundo virtual. Exija conteúdo e seriedade!
- A pertinência para o seu momento pessoal atual e/ou a médio e longo prazo. Porque é que vai fazer?
- Uma boa relação custo-benefício. Fundamental. Propina alta, não significa qualidade e vice-versa.
- Uma instituição sólida e as condições de formação. Ainda é relevante esta nota no CV.
- Teste pedir informações e perceba como lhe é dada a resposta. Demasiado informatizada? Impessoal? Administrativa? Desconfie.
- Procure falar com o coordenador antes de se candidatar. Visite a Escola se não conhecer. Diversifique na opção pela instituição.
- Reconheça que é um percurso de trabalho e que chegará a meio a arrepender-se por ser difícil conciliar com a vida pessoal e profissional. No fim valerá a pena!
- Leia com atenção o regulamento do curso, apresente uma boa candidatura, seja aceite, e não se deixe enganar. Uma pós-graduação Não é um Mestrado!
- …outros!
E daqui, nasceu em 2014, ano em que lancei o meu (já necessitado de atualizações) primeiro livro “Comunicação 2.0: Como o Poder Influencia Decisões e Desafia Modelos de Negócio”.
Daqui à Pós-graduação em Comunicação Estratégica Digital no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa (ISCSP-ULisboa) – que vai para a 4.ª edição/candidaturas até 30 de setembro – foi um salto. Um curso que procurei desenhar sentado na carteira de aluno. Num encontro entre académicos e excelentes profissionais que aceitaram o desafio e confiaram no projeto que se diferencia da concorrência (ahhh… há concorrência nas Universidades?) pela consistência pedagógica e cientifica e pela dimensão profissionalizante com uma relação marcada à realidade profissional, em boa parte motivada pelo corpo de formadores e pela profícua parceria com o grupo LIFT World! E para o qual procuro aperfeiçoar de ano para ano.
Portanto, chame a uma Pós-graduação o que quiser. Mas invista em si e no futuro. Acredite no saber. Há boas ofertas por aí.
Decida melhor, que vai mais longe!