"Além da Máquina: Redefinindo a Inteligência e a Inclusão no Século XXI"
Ironicamente, estamos mais preocupados com as inteligências artificiais do que com o cérebro humano. É fundamental compreender que, por trás de cada IA tem um ou mais cérebros humanos que desenvolveram as bases tecnológicas que alimentam estas inteligências. Essa percepção é crucial para que possamos sair da retorica mecanicista, onde a máquina é mais importante do que o seu inventor.
O Enigma da Classificação
Enquanto nos deslumbramos e, por vezes, nos assustamos com as novas tecnologias, mantemos conceitos arcaicos sobre nossos semelhantes. Estamos presos a uma longa pratica de criar modelos que tentam encaixar pessoas em categorias baseadas em comportamentos e habilidades. Por um lado, temos os “gênios”, enaltecidos por diagnósticos de superdotação; por outro, as crianças enquadradas em espectros como autismo, dislexia, déficit de atenção com hiperatividade, entre outros, que muitas vezes são vistas como preocupação.
Deixamos de perceber que todas estas condições merecem a nossa atenção, mas não para taxa-las de boas ou mas. Essa dicotomia revela um comportamento no mínimo imaturo e ignorante, onde ignorarmos o que cada condição realmente representa. Os classificados como “gênios” também necessitam de cuidados especiais para se socializarem. Não é incomum que pessoas com altas habilidades, apresentem dificuldades para se relacionarem devido à baixa inteligência emocional. Basta lermos sobre os grandes gênios que figuraram na história da humanidade. Por outro lado, muitos autistas, que também apresentam altas habilidades, demonstram níveis alto de empatia, desafiando a noção de normalidade.
Uma criança ou uma pessoa com inteligência lógico-matemática, que se destaca no uso da razão, pensamento lógico e resolução de problemas, não deve ser vista como mais inteligente do que alguém com inteligência corporal-cinestésica, por exemplo. Esta última apresenta habilidades que facilitam a conexão entre mente e corpo, permitindo controle e precisão excepcionais. Assim como existem indivíduos que brilham na inteligência naturalista ou musical, cada tipo de inteligência traz suas próprias competências valiosas. No fim das contas, são apenas diferentes, e não superiores ou inferiores.
A Necessidade de uma Nova Perspectiva
O exponencial crescimento no número de diagnósticos neste universo de espectros, síndromes ou outras denominações, nos levou a um ponto onde o “diferente” se torna maioria e está ficando cada vez mais difícil de encaixarmos tamanha diversidade nos modelos que conhecemos.
Por vezes chegamos a acreditar que evoluímos a nossa percepção só porque ampliamos o número de moldes. A questão é que continuamos criando caixotes para separar os que são diferentes.
Quando olhamos pelo viés da deficiência, deixamos de ver as demais potencialidades. A natureza é sempre compensatória: o que “falta” em um aspecto se potencializa em outro. Não percebemos porque estamos presos aos modelos de normalidade. Ao focar nas deficiências, deixamos de reconhecer as potencialidades.
Além dos “diagnósticados”, existem aqueles que não se encaixam em nenhuma categoria. Eles ficam à mercê dos estereótipos, como desatentos, imediatistas, rebeldes, sem ambição, arrogantes.
Estudos mostram que, independentemente de diagnósticos, muitos estão vindo com múltiplas inteligências e capacidades cognitivas além do que conhecemos. Precisamos entender que essas mentes são diferenciadas, não apenas "estranhas".
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O Papel das Organizações na Inclusão
Como as organizações estão se preparando para receber essa diversidade? A emergência do termo "neurodiversidade" ajuda, mas precisamos ir além. É essencial educar nosso olhar para ver não apenas os problemas, mas também as oportunidades que essa diversidade oferece. O ambiente corporativo deve ser um espaço de construção de relações respeitosas e produtivas.
As empresas têm um papel fundamental na mudança de paradigmas, pois é onde as interações mais significativas ocorrem. Para isso, é necessário aprender a se comunicar com esses novos cérebros. A comunicação assertiva está mais relacionada ao respeito e à escuta do que à extensão do vocabulário.
Estamos em busca urgente de mudanças significativas. Se já tivéssemos avançado nesse sentido, não estaríamos ainda debatendo questões como gênero, etnia, cor e idade. Para transformar o significado dessas questões, precisamos primeiro mudar nossos paradigmas e ampliar nossa visão.
É fundamental construirmos novas bases de entendimento para acolher a diversidade que nos cerca. Para isso, é essencial aprender a se comunicar com esses novos perfis.
A chave para o sucesso é aprender com as diferenças e encontrar pontos de conexão que formem um todo coeso. Nos negócios, estamos criando estruturas cada vez mais complexas que exigem uma variedade de conhecimentos. O desempenho dessas organizações depende de mentes afiadas, mas é a sabedoria na liderança que permitirá que todos alcancem seu melhor.
Um Futuro Inclusivo
As organizações que mais rapidamente, se adaptarem a essa nova realidade, estarão melhor posicionadas para prosperar. Ao reconhecer e integrar as múltiplas capacidades, desenvolvendo uma cultura de empatia, elas poderão reter talentos e fomentar ambientes inovadores e resilientes.
Portanto, ao nos depararmos com esses novos seres humanos, é imperativo que as empresas adotem uma abordagem holística e consciente. A era dos novos seres humanos é uma oportunidade para que as organizações se reinventem, promovendo um futuro onde a diversidade e a inovação são celebradas como pilares do sucesso.
Iracy da Costa
Pesquisadora, Escritora e Palestrante
Gestão de projetos/captação de recursos/Cultura/Inovação/Relações Institucionais/Mentoring e Coach/Neuroinovação
2 mMaravilha Iracy da Costa, o que é mais importante para o desenvolvimento pessoal e profissional, para a criatividade e inovação, não aprendemos nas escolas, em universidades, aceleradoras ou Summits. Venho estudando neurociências para liderança, empreendedorismo e inovação desde 2006. Porém, ao mentorar ou prestar serviços para empresários e gestores, a preocupação é apenas uma: tecnologias e retorno imediato. Reforço o que diz nosso querido Miguel Nicolelis, por trás de cada Inteligência Artificial existe uma Inteligência Natural. Essa deve ser laureada. Mas pouco estudada.
Pesquisadora I Escritora I Palestrante em - LIDERANÇA - DIVERSIDADE DE GERAÇÕES - DESENVOLVIMENTO HUMANO
2 mMuito obrigado pelo seu comentário. É importante perceber que mais pessoas comungam desta ideia
Psicanalista, Terapeuta e Consteladora Familiar e Organizacional, Psicopedagoga, Educadora Especial, Neuropsicologia, Psicoterapeuta Holísticas, Bacharel Teologia | Consultora Associada à Corporate Gestão 360o
2 m"Além da Máquina: Redefinindo a Inteligência e a Inclusão no Século XXI" No contexto atual, o título da autora Iracy da Costa da Costa nos leva a refletir sobre a complexa relação entre inteligência emocional, inteligência artificial, epigenética, neuropsicanálise, neuropsicologia e psicopedagogia. A convergência dessas áreas oferece uma oportunidade única para repensar como podemos integrar a tecnologia e o conhecimento humano de forma a promover a inclusão e o bem-estar. Pego carona no conteúdo e vou compartilhar. 😍