Crianças ESPECIAIS

Crianças ESPECIAIS

Não sou mãe de um filho ou filha especial. Ou pelo menos não como é entendido pela sociedade o termo ESPECIAL. Mas fui irmã de dois destes seres que tiveram um papel extremamente importante na minha vida e na forma de olhar para este tema.

O diferente sempre nos assustou. E, quando este diferente se apresenta como algo desconhecido ou não esperado, torna a tarefa ainda mais desafiadora. Porque, na maioria das vezes está envolto por preconceitos que nasceram pelo desconhecimento e pela falta de aceitação.

Somos educados a querer e esperar pelo que entendemos como normal, que não mude o fluxo das nossas vidas, que caiba dentro do planejado, que alimente nossos sonhos e desejos. E, está tudo certo. Ninguém pode ser criticado ou condenado por isso.

Afinal, a natureza em boa parte é assim.

Faço uma enologia que me parece representar o conjunto de mães e pais deste contingente de seres que tem chegado a este mundo, cada vez em maior quantidade, apresentando as mais diferentes e desconhecidas  características. (TDHA, Síndromes sensoriais, dislexia, sinestesia, ente outros). E, embora os termos usados para descrevê-los ou diagnosticá-los sejam os mesmo os níveis são diferentes.

Imagina uma mãe jacaré que a cada ano procura o espaço mais adequado para pôr seus ovos, prepara o ninho e depois de depositá-los ali, cuida por um longo período para que nada e ninguém possa prejudicá-los. Quando seus filhos nascem, ela os acolhe em sua boca para levá-los ao logo ou rio mais próximo, para que possam nadar e procurar comida com mais facilidade e assim crescerem independentes. Mas, um de seus filhos nasce diferente. Ele tem assas. Imagina o susto desta mãe. Como lidar com isso? Ela sabe ensinar como se comportar nas águas e no solo, mas do ar ela nada conhece. Como ensiná-lo e protegê-lo?

Mas é essa realidade que vivemos. Não sabemos como lidar ou não encaramos com normalidade, porque ao longo da história agimos assim. Quem é diferente, parece que basta enquadrar em diagnóstico, onde a partir dele justifica-se um tratamento diferente, porém nem sempre respeitoso.

Para os pais é o início de uma batalha. Mas não deveria ser assim. Somos todos diferentes. Cada um com suas potencialidades e desafios. Isso por si só deveria bastar para que, ser ESPECIAL, pudesse verdadeiramente ser visto como o termo merece ser visto.

Nesta semana em comemoramos o Dia das Mães eu os convido a olhar para esta realidade com um novo olhar. E, quem sabe, não possamos descobrir que, em vez de diagnosticar novas anomalias, possamos identificar novas potencialidades... Que em vez de tratar síndromes ou doenças, possamos trabalhar com novos e diferentes potenciais. Que não se trata de doenças, mas sim de diferenças. Que o que esses novos seres humanos necessitam é de um novo modelo de sociedade capaz de acolhê-los, compreendê-los e amá-los como são, e não de químicas e técnicas que os façam se enquadrarem ao que hoje é considerado normal, que o novo normal, termo que incorporamos em nosso vocabulário com a pandemia, ganhe o seu verdadeiro significado, que passemos a não ter tanta rejeição ao diferente, por medo ou incapacidade de lidar com ele.

Iracy da Costa

Pesquisadora – Escritora e Conferencista

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