Alfabetização – uma jornada para a vida toda
Tenho certeza que muitas famílias estão preocupadas com o início do ensino fundamental, se perguntando se a sua filha ou filho conseguirão se alfabetizar… Se este for o seu caso, tenha calma, e vamos conversar sobre este momento! Primeiro ponto é que alfabetização não acontece num único ano ou dia. E diante desse cenário pandêmico, é preciso esclarecer que: Pais e mães, são pais e mães, não são alfabetizadores. Mas sim, são colaboradores, parceiros da escola, e isso bem antes da pandemia.
Também preciso derrubar aqui o mito e a velha expressão conhecida dessa transição educação infantil e ensino fundamental: “Agora é sério, você vai estudar! Acabou a brincadeira!”. O que quero dizer com isso? Que desde bebê a criança já está inserida o processo de aquisição de linguagem, e o adulto continua nesse processo. Esse começo nos anos iniciais é desafiador, mas continua lúdico e poético. Quando a criança vai gradativamente refletindo e compartilhando suas descobertas é de arrepiar. Na escola, educadores e educadoras se emocionavam, imagine agora, a possibilidade da família ao acompanhar tudo isso de perto…
Quando a criança chega no ensino fundamental, o que ela precisa ter é curiosidade, encantamento. A criança vem da educação infantil já inserida no mundo letrado, e essa curiosidade que leva o estudante a querer aprender, desvendar e descobrir sons, letras, palavras, frases, textos, ler e escrever, participar ainda mais do mundo.
Na educação infantil a criança brinca, brinca de ouvir, falar, imaginar, ler, representar, interagir… Nesse momento, ela já está no processo, um processo longo, mas ainda assim, precisamos respeitar o tempo, o ritmo de cada um. O estudante do fundamental precisa experimentar, errar, tentar, descobrir que pode escrever do seu jeito, e isso é escrita espontânea, essa oportunidade gera muita segurança. Outros estudantes vão arriscar só quando tiver certeza e tudo bem, porque tudo isso é uma jornada muito particular e possível para cada estudante.
O ambiente escolar colabora muito, tudo é organizado para potencializar esse aprendizado. Em casa, em meio a pandemia, também é possível preparar um ambiente potente. Faça leitura com frequência, use diferentes entonações, leia dialogando, leia histórias com textos curtos, veja se seu filho ou filha reconhece algum som, alguma letra, alguma palavra, peça que ele ou ela reconte as histórias…
A oralidade, a leitura é a essência da alfabetização, é onde a família pode verdadeiramente colaborar com o estudante.Também é possível espalhar pela casa, pelo quarto, algumas palavras do cotidiano e de interesse do estudante. Jogos de escuta e rimas também são ótimos recursos.
Agora se sua pergunta é: O que fazer quando meu filho ou filha escreve uma palavra errada? O mais importante é que o estudante leu, escreveu, tentou e se arriscou na produção. E nesse momento, se tranquilize: é importante que a educadora ou educador receba essa produção autoral. É a partir dessas observações que ela ou ele proporcionará um caminho seguro, criativo, leve e com novas descobertas feitas pelo próprio estudante.
Vale lembrar que o estudante que inicia o ensino fundamental é uma criança. Essa criança tem repertório, as crianças são autores sociais. O ser humano é um ser da linguagem, o espaço que habitamos é espaço da linguagem. Seja em casa ou na escola, as crianças são capazes de inventar o novo todos os dias, de gradualmente e na brincadeira, na interação, refletir sobre e construir novas hipóteses. E esses pensares, por mais simples que sejam, por mais espontâneos que pareçam, são processos de aprendizagem que começam pela linguagem das crianças.
Claro, nem tudo vem da criança, do estudante, é uma combinação de fatores. É preciso por exemplo, um ambiente rico, que amplie o repertório, que encoraje, esse deve ser um papel de parceria: família e escola. Somos todos responsáveis por contribuir com os estudantes.
O adulto precisa ter empatia pelo estudante, entender que alimentação influência, o sono influência, assim como emoções e sentimentos. É preciso gerar um ambiente acolhedor, gerar boas emoções para oportunizar esse momento e garantir toda segurança ao estudante que está num período sensível, e propício ao momento "aha!".
Cabe ao educador ou educadora identificar o ritmo de cada estudante para proporcionar com maior intencionalidade propostas lúdicas que levarão o estudante a refletir sobre os sons, as palavras, expandir o vocabulário, interpretar textos, ler e escrever gradativamente até chegar ao mais complexo do sistema alfabético da língua.
Na Escola Hub, todo esse aprendizado é conectado ao mundo, pois como reporta Magda Soares (professora e pesquisadora do Centro de Alfabetização Leitura e Escrita da UFMG), “…não basta apenas saber ler e escrever, é preciso saber fazer uso do ler e escrever, saber responder às exigências de leitura e escrita que a sociedade faz continuamente”.
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3 aExcelente visão, Veronica Torres! 👏