Alguém pode explicar para o Bolsonaro qual é a função da agricultura digital?

Hoje mais cedo o meu CEO me enviou por um whatsapp um artigo publicado pela Bloomberg descrevendo uma relação entre a morte de abelhas em massa no Brasil e a permissão concedida pelo Presidente Eleito Jair Bolsonaro para o uso de 290 novos pesticidas, e que recentemente a própria Anvisa detectou que 20% das amostras de alimentos coletadas apresentavam resíduos de pesticidas acima dos níveis permitidos ou continham pesticidas não autorizados para o uso. Junto com outras duras críticas, o artigo salientou o fato de muitos trabalhadores rurais sofrem intoxicações sérias devido ao uso irresponsável de defensivos agrícolas.     

Antes de fazer um comentário sobre este artigo, eu gostaria de contar um pouco sobre minha história. Venho de uma família de produtores rurais do interior de Goiás e desde da infância convivo com a agropecuária. Aos meus 15 anos de idade me mudei para a Inglaterra e ao concluir a minha formação acadêmica, me naturalizei Britânico e por aqui vivo há muitos anos. Com muito orgulho e gratidão por tudo que a Grã-Bretanha me proporcionou e me transformou, eu ainda mantenho o eterno desejo de ver o Brasil melhor e alcançar o seu verdadeiro potencial como um importante protagonista global. Em relação ao Brasil, eu não tenho nenhum viés político, somente saudade de Goiás.    

É uma pena que diante de diversas críticas que a agropecuária brasileira sofre dos seus próprios importadores e consumidores internacionais em relação a sua política ambiental, e ao impacto negativo sobre as comunidades locais e indígenas devido ao desmatamento, o nosso “Capitão” opta por comentários e afirmações antagonistas em suas respostas. Com todo respeito ao seu cargo eleito, afirmar que a Alemanha, que tem um terço do seu território nacional como florestas (a maioria oriundas de reflorestamento com o maior nível comparado a 100 anos atrás), deveria aprender com o Brasil, não é no mínimo construtivo. Seria possível perceber que como qualquer um, os Alemães também estão preocupados com os efeitos das mudanças climáticas, e também reconhecem a importância da floresta amazônica como um foco internacional para iniciativas de sustentabilidade. Se os estrangeiros vêem os recursos naturais do Brasil como um “asset”, então alguém avisa para o Bolsonaro, que o Brasil está na vanguarda do desenvolvimento da agricultura digital, fornecendo ao produtor rural e a indústria como um todo, ferramentas operacionais que resultam em aplicações de defensivos mais precisas, com redução em geral de insumos químicos, permitindo um manejo racional, sustentável e adequado de todos os recursos naturais, gradualmente eliminado os impactos ambientais negativos, e desta forma preservando para o mundo todo uns dos ecossistemas mais importantes para a sobrevivência da humanidade, enquanto abastece o planeta com alimentos.

É o talento do brasileiro em inovação e empreendedorismo que está criando a tecnologia necessária para rebater todas essas críticas sofridas pelo agronegócio brasileiro, por mais que elas sejam fundamentadas. O sucesso das empresas como Perfect Flight, Sensix, Climatempo, Farmbox, Myfarm, Olho do Dono, Airscout, Solinftec, @Tech, Hummingbird e diversas outras Agtechs, deveria ser destacado como exemplo do protagonismo que o Brasil pode exercer no mundo. E independente do Bolsonaro ou qualquer outro presidente, garantir a preservação da natureza cai sobre nossa responsabilidade. 48% dos 11.4 milhões de hectares de floresta da Alemanha são privados. E todo mundo confia na durabilidade de uma BMW. Talvez seja melhor se unir com a comunidade internacional e compartilhar conhecimentos e recursos para cada vez mais as nossas tecnologias e características se complementarem. E desta forma manter todo o território do Brasil digno de sua soberania e magnânimo.