Analisando eventos organizacionais: mecânicos ou complexos?
parte II
Postulados dos eventos simples
Vimos anteriormente, que o raciocínio científico ocidental associou o reducionismo ao pensamento de causalidade linear mecanicista e que esse modelo de analise do processo decisório, se incorporou ao dia a dia das empresas . Física, química, biologia, filosofia, sociologia, psicologia e centenas de outras disciplinas foram se subdividindo em criações fragmentadas e construídas pelas instituições responsáveis pelo pensamento tradicional do ocidente. Nessa visão tradicional, perdeu-se a noção da unidade da natureza via a fragmentação reducionista da realidade dividida em disciplinas isoladas.
Nos eventos simples existe uma ordem e uma regularidade dos acontecimentos que podem ser matematicamente previstos. O movimento gravitacional, as fases da lua, o fluxo das marés, a sequência das estações do ano, a regularidade do ciclo dia e noite, o funcionamento das maquinas, são eventos que se podem prever com o uso das equações lineares. Nos fenômenos mecânicos ou gravitacionais e usando-se a idealização abstrata dos modelos matemáticos, pode-se calcular o passado dos fenômenos e prever os eventos futuros, pois neles existe o chamado determinismo. Nos fenômenos determinísticos uma vez conhecidos os eventos passados, poderemos prever com precisão os acontecimentos no futuro. Esse raciocínio é valido para os fenômenos simples ou mecânicos. Nessa visão o mundo seria estático e não haveria a criatividade na natureza, pois ela seria repetitivamente seguidora da mesma rotina mecânica.
Postulados da Teoria da Complexidade
A característica fundamental nos fenômenos complexos se deve ao fato de integrar múltiplos eventos, de diferentes qualidades, que interagem em uma nova unidade. Por isso, um sistema complexo não pode ser analisado desintegrado de seus elementos constituintes e não pode ser compreendido fora de seus ambientes específicos.
Os organismos complexos jamais retornam ao estágio anterior de evolução. Na ótica da complexidade, o tempo histórico e os eventos não têm retorno. Um pássaro jamais retornara ao ovo e nem as plantas voltarão a ser semente. Parecem constatações óbvias, mas contrariam o tradicional pensamento mecanicista, que acredita que sanados os problemas ou desvios atuais tudo voltará a ser como antes. Na natureza, o futuro além de imprevisível, será invariavelmente diferente do presente.
Evolução, ambiente, energia, informação e complexidade.
Cinco eventos interdependentes e entrelaçados são básicos para compreendermos a evolução de sistemas complexos. São novos elementos paradigmáticos que nos ajudam a compreender a eterna construção/descontrução/reconstrução dos eventos complexos.
Todos os organismos do nosso planeta terra estão em sua dinâmica necessariamente:
1. Em constante evolução.
2. Acontecendo em determinado ambiente.
3. Consumindo energia.
4. Processando informações.
5. Tendendo a aumentar o seu grau de complexidade.
Poderemos raciocinar em qualquer ordem na montagem dos nossos silogismos, pois esses eventos não tem uma ordem hierárquica. Poderemos dizer que: os organismos humanos evoluem dissipando energia em certos ambientes em um determinado grau de complexidade processando informações. Ou falar que: os organismos despendem energia ao processar as informações do meio ambiente e tendem a evoluir aumentando o seu grau de complexificação.
Tomemos como exemplo a evolução ser humano. No processo histórico de humanização, podemos mudar a ordem dos eventos, mas eles serão sempre inexoravelmente interdependentes na descrição da vida humana: da consciência, da linguagem simbólica, do amor e do eu. Poderemos formular que: não existe “mente” fora de um organismo vivo e que essa se personaliza na autoconsciência de um eu e que esse não existe fora de um ambiente de relações amorosas e que não utilize uma linguagem simbólica.
Podemos afirmar com certeza que, no nosso planeta o aparecimento emergencial do fenômeno da vida possibilitou construção de um corpo biológico, provocando a evolução de um organismo com elevado grau de complexidade, culminando com a emergência do amor, da linguagem simbólica, da consciência reflexiva de um eu individual.
Ou poderemos formular: a mente ou a consciência reflexiva só existe em um corpo vivo em constante evolução e portador de uma identidade personificada, em um eu construído com sua entrada no simbólico e ao longo de sua história amorosa.
Gostaria ainda de ressaltar que esses cinco eventos têm três características em comum: que é o da perene transformação, a da inter-relação ou interdependência entre os mesmos e que são absolutamente peculiares.
Na próxima semana formularei as conclusões praticas dos dois artigos publicados em serie, visando o aprimoramento do processo decisório nas organizações de alta produtividade.