Analise ao Metrópoles: Natal 2024 deve gerar R$ 69 bi: valor ainda é abaixo do pré-pandemia
As projeções para o Natal de 2024, com vendas estimadas em R$ 69,75 bilhões, mostram um crescimento de 1,3% em relação ao ano anterior, mas ainda estamos abaixo dos números pré-pandemia de 2019, quando o varejo movimentou R$ 73,74 bilhões. Esse cenário revela uma recuperação econômica tímida e os desafios estruturais persistentes do nosso comércio.
A pandemia de COVID-19 deixou cicatrizes profundas no mercado de trabalho e na renda das famílias. Apesar de uma leve melhora no desemprego, o endividamento das famílias, que alcançou 79% em 2023, limita a capacidade de consumo, especialmente em datas sazonais como o Natal. A alta taxa de juros também não ajuda: a Selic elevada desestimula compras financiadas, dificultando a venda de produtos de maior valor agregado, como eletrônicos.
Além disso, o consumidor mudou. O avanço do e-commerce exige uma adaptação rápida dos varejistas, mas nem todos conseguiram acompanhar. Pequenos e médios negócios ainda enfrentam barreiras para investir em tecnologia e logística. Somado a isso, a inflação em itens essenciais, como alimentos e combustíveis, continua pressionando os orçamentos familiares.
A recuperação desigual entre regiões do país agrava o quadro. Enquanto grandes centros mostram mais dinamismo, cidades menores enfrentam maior dificuldade de acesso ao crédito e dependem de políticas assistenciais para impulsionar o consumo.
Para realmente recuperar o fôlego do varejo, precisamos de medidas coordenadas. É essencial reduzir gradualmente as taxas de juros, estimular o consumo e investir em políticas públicas que ampliem o poder de compra das famílias. Do lado empresarial, inovação, eficiência e uma integração inteligente entre lojas físicas e digitais são indispensáveis.
O Natal de 2024 é um sinal de alerta e de esperança. Se quisermos retomar os níveis de vendas pré-pandemia e fortalecer o varejo como motor econômico do país, precisamos agir com estratégia e determinação.