A analogia das espécies.

A analogia das espécies.

É com essa imagem que começo minhas vivências de hoje.

Meu irmão mais velho tem um sítio no município da Lapa aqui mesmo no Paraná, em torno de 1:30 hora de distância saindo da minha casa.

É lá que minha mãe faz pão, de lá trazemos ovos, galinha, pinhão, limão rosa, laranja, araçá, jabuticaba, pitanga, cereja silvestre, framboesa silvestre, mexerica, pêssego, milho, batata, repolho, cheiro verde (salsinha e cebolinha), pimenta, louro, couve e etc.

Adoro me embrenhar mata adentro, só ouvindo o canto dos pássaros, o som dos bugios, às vezes me deparo com uma lebre, o barulho do vento e me encanta o barulho das águas batendo nas pedras do córrego que corre até o rio.

Queria eu ser uma artesã e fazer belas obras com tanto material que a natureza ali despeja. Quando entro na mata perco a noção da hora, minha mãe é quem fica preocupada por causa das cobras.

Cada visita à natureza é um espetáculo diferente e toda vez que vejo essa metamorfose comparo o poder da regeneração entre as espécies..

Sou apaixonada por fungos e lá tem muita variedade e eles nascem na maioria das vezes em galhos caídos ou em árvores já debilitadas pela ação de outras plantas, de ventos fortes ou mesmo esburacadas pelos animais.

Assim como algumas pessoas eles são tão lindos e ao mesmo tempo tão perigosos.

Em uma dessas andanças encontrei uma árvore caída e ao lado o que restou do seu tronco, num formato de trono estava cheio de fungos eu o chamei de trono dos “gnomos” é a natureza se recriando.

Será que o homem teria essa generosidade em deixar criar algo novo em si quando tem suas estruturas abaladas pela perda de alguém, por mutilações em um acidente ou doença e quando perde o emprego ou quando vê sua empresa falindo?

Veio a comparação com as pessoas que por algum motivo perderam seus movimentos, sua visão ou sua fala. Algumas pessoas assim como na natureza se deixam abater e morrem, algumas precisam de pessoas que ajam feito fungos e se apropriem de suas feridas para que possam ainda ter uma vida e outras tiram de dentro de si uma força tamanha e mudam tudo a sua volta criando uma nova paisagem ao seu redor.

Lá tem muitos pinheiros (as araucárias) e muitas árvores frutíferas, faça chuva ou faça sol todo ano generosamente estão carregadas. Quantas pessoas são altruístas assim, dão sempre o melhor de si para os outros, seja seu tempo para ouvir ou falar, seu conhecimento para ensinar ou curar, seu alimento ou seu agasalho sem nada pedir em troca.

Às vezes encontro árvores tomadas por cipós, trepadeiras e bromélias. Penso nas pessoas que são tão generosas que se deixam serem sugadas por outras pessoas, que como parasitas ali se alojam como se aquele lugar fosse parte do seu ser ou aquelas pessoas que vão se infiltrando como quem não quer nada e quando você percebe já está sem forças para lutar contra.

Encontro árvores de tamanhos, espécies e formatos diferentes. Têm aquelas que querem alcançar o sol custe o que custar e vão empurrando para o lado as mais fracas não lhe dando espaço para crescer ou não deixam crescer nada em torno. Assim são as pessoas mesquinhas, profissionais sem ética que pisam nas pessoas sem a menor cerimônia, mas se esquecem da existência da crise que como uma serra pode ceifá-las num instante.

Certa vez aconteceu algo inusitado até então para mim, estava eu percorrendo o sítio inteiro catando pinhão, em certo momento começou a cair pinhão comido, quando olho para cima um bugio lá no alto do pinheiro.

Sabe aqueles momentos que você fala sabendo que ninguém vai te ouvir ou te compreender? Pois é, falei “bem que podia jogar uma pinha inteira no lugar de pinhão comido”, se eu não dou um passo para o lado a mira ia ser certeira, ali se estatelou uma pinha no chão.

Seguindo a mesma analogia acima, têm pessoas que não se contentam em chegar ao topo querem derrubar quem está tentando ir pelo mesmo caminho.

“Faz parte da natureza dos mortais pisar ainda mais em quem já caiu.” 

Rebatando Ésquilo, Nicholas Sparks dizia:

“Mas as coisas mudam. As pessoas mudam. A mudança é uma das leis inevitáveis da natureza, cobrando tributos sobre a vida.” 

Vejo também árvores majestosas entrelaçadas por outras árvores. Assim são os bons líderes, aqueles que ajudam outras pessoas a crescerem também, pessoas que servem de apoio para que outros alcancem o topo ou pessoas que abraçam causas que não são suas para que todos estejam fortalecidos numa tempestade.

Tem os bambus e as varas de vime que envergam, mas não quebram. São aquelas pessoas que nas dificuldades se arcam se contorcem, mas não se abatem, são aquelas pessoas que ao perderem seus empregos descobrem em si uma força e uma criatividade que bem trabalhadas rendem belas obras de arte, tornam-se pessoas talentosas em áreas que nem se imaginavam.

“As futuras gerações algum dia vão rir da tolice dos filósofos materialistas modernos. Quanto mais estudo a natureza, mais fico maravilhado com os feitos do Criador. Oro enquanto estou trabalhando no laboratório.” Louis Paster

Assim fico eu conversando com meu pai em pensamento, com meus próprios pensamentos, com Deus, com os pássaros, com o rio e com a natureza lá se passaram duas, às vezes três horas e só me dou conta do tempo quando vejo o pôr do sol e é com ele que me despeço te perguntando. Você é quem na natureza?


Jarde Dembiski

02/10/2017

Anderson Adami

Gestor da Informação, Especialista VBA, Professor

7 a

Melhor seria que aprendêssemos o quanto antes essas tantas leis universais que Deus escreveu, de forma tão simples, na natureza. Lindas reflexões. Muito obrigado!

Marlene Pagoto

Especialista em Licitações | Estrategista em Conquista de Grandes Contratos | Consultora em Vencer Licitações em Diversos Setores | Secretária Executiva

7 a

Parabéns Jarde Dembiski... muito profundo

Claudemir D.

operador 1.2 termoformagem embalagem plastico rigido busco uma nova oportunidade de trabalho

7 a

Gostei dessa fazenda estou precisando um dessa só nelor

Marciano Pereira

Professor. Supervisor Escolar

7 a

Parabéns pelo texto, reflexivo, crítico. Lendo lembrei-me da resiliência como caracteristica pouco difundida no atual sistema de ensino, lembrei de Rubem Alves e da metafora da ostra, que se feliz não produz pérola, lembrei-me da necessidade de parar para comtemplar e aprender com a criação que nos cerca e da qual somos infima parte. Obrigado pelo texto!!

Patrícia Sales

Relacionamento e fidelização l Customer Experience l Analista Comercial I Executiva de vendas I Inside Sales

7 a

Lindo texto Jarde Dembiski! Você escreve com emoção e autenticidade! A forma como escreve oferece experiências e sensações que estão além da leitura! Parabéns e obrigada por compartilhar conosco! Abraços!

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