𝗘𝗺𝗯𝗮𝗹𝗮𝗿 𝗮 𝘁𝗿𝗼𝘂𝘅𝗮 𝗲 𝘇𝗮𝗿𝗽𝗮𝗿
No rescaldo da Revolução dos Cravos, o nosso conterrâneo, Arnaldo Lhamas, afirmou que “a democracia, meus senhores, não é apenas liberdade política, não é apenas possibilidade de se votar em quem se quiser. Não é só isso, é muitíssimo mais do que isso: é uma forma especial de viver, é uma forma especial de encarar os outros”.
Discutir o significado de democracia poderia parecer “fora de época” em 2021. Contudo, sabemos que a democracia tem sido posta à prova todos os dias neste arranque da segunda década do século. O avanço dos movimentos extremistas, auxiliados pela apatia de quem se diz “de fora” e pela normalização da xenofobia, do racismo, do fascismo e do nacionalismo (assente naqueles que eram os ideais de Salazar e seus discípulos), é neste momento uma realidade em Portugal.
Algo está muito errado quando se normalizam os constantes ataques a minorias, a classes sociais, ao Estado e às suas instituições e à Constituição da República Portuguesa.
Algo está muito errado, quando, em democracia, se dá espaço a quem a quer destruir. Basta folhear um livro de história contemporânea para se perceber que os movimentos extremistas (e populistas) utilizam a democracia (com a qual não concordam) para chegarem ao poder. Depois de lá estarem, o objetivo final é a destruição dessa.
A quem acredita que o antissistema é o caminho, por acreditar em discursos de ódio proferidos por gente bacoca, resta dizer-lhes, usando as palavras de Zeca, que “é já tempo de embalar a trouxa e zarpar”.
Não se pode continuar a destruir a democracia. É preciso lembrar Abril mas mais do que isso, é preciso lembrar o que foi vivido antes de Abril. Uma sociedade reprimida, sem pão para por na mesa, sem direitos e sem liberdades. O fascismo não se debate, combate-se. Em 2021, não podemos permitir a normalização e legitimação do fascismo e de tudo o que ele representa.
Em 2021, votemos em conformidade com aquilo que é o melhor para o coletivo. Certos de que o que for bom para todos é também bom para cada um.