A angustiante busca por recolocação!
A vida como ela é hoje, apresenta tantos desafios que em minha opinião não há como qualquer especialista comportamental prever ou preparar quem quer que seja de forma adequada para a busca por recolocação.
Por mais que lancemos mão de técnicas, as mais variadas, de comunicação, PNL, modelo de currículo, como falar, o que falar, pesquisar a vaga, adequar o currículo ao descritivo do perfil da vaga, enfim, tudo isto é válido, obrigatório e imprescindível. Ainda assim, lidar com a angustia do candidato e da perspectiva de se colocar à frente de um selecionador (a) no processo de seleção, considerando o cenário atual é um jogo para especialista em xadrez.
O mercado mudou, o cenário é louco, a economia está imprevisível, nosso governo e governantes fazem jus ao moderno e batido jargão “vergonha alheia”, e como sempre, em toda a história, quem está pagando o pato é a ponta, o trabalhador, quer dizer, neste caso o desempregado.
Como um (a) chefe de família, se prepara, para a polidez exigida em um processo seletivo, quando trás no corpo, na emoção e na alma a angustia de uma família a manter, contas a pagar, dívidas por saldar e um todo micromundo a gerenciar?
Como profissional que apoia candidatos neste processo, muitas vezes, me envergonho ou constranjo ao ter que dar algumas orientações para os candidatos, porque o “mundinho organizacional” exige das aparências o que o coração sôfrego do candidato não tem muitas condições mais, de oferecer.
Sensatez, polidez, atitude altiva, otimismo e aquela conversa – SEM MENTIRAS – que vai fazer você vender-se da forma mais convincente do mundo, quando você sabe que o que o candidato (a) quer mesmo dizer é: ""CARA" me dá esta oportunidade, estou desesperado (a), preciso desta chance e darei meu sangue (venderei a alma ao diabo) para ter este emprego e recuperar minha dignidade". Porque um emprego, salário e manter a família lida diretamente, sem atalhos, com manter a dignidade humana.
É preciso um olhar para a intimidade do processo de seleção, onde as empresas tomem consciência do estado natural e atual das coisas e permitam processos mais humanos, onde, claro, além das competências comportamentais e técnicas do candidato sejam analisadas sim, sem jamais, perder de vista a humanidade que se apresenta ali, numa história de uma vida, que pode, de forma situacional estar completamente abalada por uma conjuntura social e cultural que se impõe de forma cruel e absoluta sobre todos nós.
Valéria Graziano
Consultora e Coach