Apenas uma Xícara de Café

Uma xícara de café por mais simples que seja em muitos casos, é uma das coisas melhores em momentos de cansaço ou desanimo. Um cafézinho no boteco, de manhã cedo em muitos momentos é o que apenas precisamos para começarmos um bom dia.

A simplicidade de uma xícara de café e seus resultados em nosso ânimo, mostram que mesmo com pouco podemos ter muito e nos impulsionar para frente, num dia complicado.

Este texto é sobre simplicidade. De como podemos começar a fazer coisas fantásticas pensando no mais simples, sem tirar o brilho do resultado final. A medida que evoluímos este "simples" se torna cada vez melhor, chegando um dia ao ótimo.

No momento que somos a apresentados a algo novo, que permita expandir nossa capacidade criativa ou nossos horizontes de idéias, vamos logo pensando no grandioso, no gigante, no impressionante.

Ao encararmos isso já pensamos o máximo, mas caimos num perigoso vale dos quais muitos não saem: fazer o mínimo bem feito.

Quando eu digo fazer o mínimo, não é pensar eternamente no pequeno, mas começar a construir uma base de conhecimentos sólida que vá se expandido a medida que você ganhe experiência.

Na área de jogos isso ainda é um problema (em muitas outras áreas também), pois quando o iniciante começa a estudar ele conclui erroneamente que finalmente pode fazer aquele "tão sonhado RPG mundo aberto, com um milhão de quests, online e que vai desafiar o líder de mercado".

Não os culpo pois já fui assim. Com os anos enxerguei que tudo é um processo de desenvolvimento e construção de técnicas e um monte de experimentos positivos e fracassados.

Parafraseando Voltaire, falo para os meus alunos que estão começando seus estudos em game design: o ótimo é inimigo do bom. As vezes precisamos fazer algo mais simples, evitando um perfeccionismo desnecessário.

Em muitos dos casos este perfeccionismo leva facilmente aos devaneios e a procrastinação, não por preguiça, mas por o indivíduo ter exigido tanto de si, que não conseguiu atingir o que queria.

Agora tome o cuidado com o seguinte :

"Se está bom, não preciso me esforçar para melhorar, se já resolve tá ok."

Cuidado! Você estará sendo vítima do pensamento mediocre e cai na famosa acomodação. Se um dia algo mudar, e exigirem mais de você , terá sérios problemas pois estará construído sua vida profissional baseada no mínimo, e nunca sairá deste patamar.

Um outro ponto é a visão contrária:

"Eu preciso melhorar a qualquer custo, posso fazer melhor, vou estudar, me esforçar, trabalhar enquanto eles dormem! Sou ambicioso e quero ir longe."

Nesse caso além de um burnout, você ainda poderá angariar inimigos, se tornando uma pessoa arrogante e egocêntrica, um tipo de profissional que hoje em dia está sendo mal visto pelas organizações.

Mas então Antônio o que eu devo fazer? E aí ? Parece o dilema do Tostines...

A resposta passa muito pelo famoso "Oh Fortuna" do Carmina Burana, um conjunto de poemas medievais dos séculos XI e XII, que foram orquestrados por Carl Orff em 1936.

Este poema orquestrado, começa de maneira épica (ou seja aquela grande idéia que você tem), diminui o ritmo e vai aos poucos crecendo (o desenvolvimento de seu projeto), até atingir o épico (resultado final).

Então, quando você iniciar sua caminhada, comece devagar, vá aprendendo, vá crescendo como profissional, vá entregando resultados cada vez melhores, sempre implementando algo novo.

Você verá que o seu bom cada vez será melhor, a cada projeto suas habilidades e conhecimentos irão crescer. Aprenderá com os erros e os acertos, até chegar no tão sonhado ótimo.

Quando isso acontecer esse "ótimo" será seu novo "bom", e assim você iniciará um novo ciclo de excelência. É assim que funciona, sem mistérios, sem sortilégios, como uma sinfonia bem executada.