Aprender é preciso, deliberar não é preciso
Vejo o quão difícil nos é permitirmos que ações alheias sigam seu curso natural. Quantas e quantas vezes nos empenhamos em influenciarmos a saída de um processo decisório de outrem, sem refletirmos sobre o quanto de fato esta pode nos afetar, se é que pode. Muitas vezes nos parece importante assegurarmos que a decisão a ser tomada, ou o caminho a ser seguido, seja o que acreditamos como mais correto em uma ótica bastante subjetiva.
Somos defensores ferrenhos do direito de errar, pois sabemos o quão importante ele nos é para o aprendizado. Contudo, ao insistirmos para que outros adotem a nossa sugestão, supostamente ideal, estamos incongruentemente lhes privando do que tanto defendemos.
Além do impacto na jornada de aprendizagem do próximo, imprimimos sofrimento em nossa própria. Tentativas ininterruptas de convencimento nos exigem bastante esforço emocional, muitas vezes, inclusive, dedicado a permanência em um modo adaptado, que nos é custoso.
O que podemos fazer de diferente é nos empenharmos em criar espaços para aprendizado, canalizando a energia que dispomos para identificarmos e fortalecermos as constantes que não podem ser desprezadas. Assim, asseguramos um ambiente onde não existam necessidades de apontar erros e tampouco se façam necessárias tentativas de forçar alguém a se comportar diferente de seu natural. O meio torna-se responsável por dizer o que é válido, explicitar os protocolos sociais valorizados e trazer à tona o que precisa ser melhorado ou evoluído.
Uma vez que fragilidades apareçam com naturalidade e sem grandes julgamentos, a inteligência coletiva pode ser utilizada para acordar hipóteses que busquem a melhoria de processos e práticas. Com isso, novas constantes devem surgir e estas serão responsáveis por enobrecer o ambiente, contribuindo para que os indivíduos se aprimorem por perceberem a relevância em fazê-lo, libertando-nos do impulso de nos convencermos uns aos outros.