A arte de escolher 'certo' - 4 questões para ajudar a lidar com a FOMO
Estamos tão acostumados a ter acesso a tanta informação o tempo todo, que criamos uma dependência dela. Essa dependência tem uma consequência cada vez mais comum nos dias de hoje, a FOMO.
FOMO
Uma sigla que começou a ser usada em 2000, mas com um significado que deve existir desde que o mundo é mundo.
FOMO significa "Fear Of Missing Out", traduzida para o português como "medo de ficar de fora" ou "medo de perder alguma coisa".
Eu imagino que a FOMO deve ter começado a existir no momento em que o ser humano percebeu que não estava sozinho por aí.
De repente, descobrimos que o vizinho estava indo por um caminho diferente do nosso, e aí veio aquele pensamento: 'O que será que estão vendo no outro caminho? Será que por lá não tem mais alimento do que por aqui? Será que é mais seguro do que o caminho que eu escolhi? E se eu fosse por lá? Acho que ia ser melhor...'
Por isso a FOMO está quase sempre ligada à sua prima-irmã, a FOBO. "Fear Of Better Oportunities" (medo de perder oportunidades melhores) ou "Fear of Being Outcompeted"(medo de ser superado).
FOMO, FOBO e o efeito manada
Acho que existem muitas maneiras de pensar sobre FOMO e FOBO (o que já me deu uma sensação de agonia - será que vou escolher a melhor maneira de falar sobre esse assunto?)
Pensando sobre o que eu ia escrever aqui, eu percebi que essas síndromes têm tudo a ver com o efeito manada. Acabamos por limitar nossas escolhas, porque queremos nos adequar às escolhas dos outros. Nesse caso, não simplesmente para fazer igual, mas porque temos medo de perder alguma coisa se fizermos diferente.
Queremos nos adequar às escolhas dos outros. Não simplesmente para fazer igual, mas porque temos medo de perder alguma coisa se fizermos diferente.
O buraco é mais embaixo
Essas siglas têm significados muito mais profundos do que costumamos analisar.
A grande quantidade de informação resultou em aumento das nossas escolhas. Temos mais produtos disponíveis, mais referências para seguir e muitas opções de ação.
Tantas escolhas multiplicam os resultados possíveis. E aí surge o questionamento. "Esse resultado é melhor que o outro?"
A resposta não é tão simples. Não é só comparar dados objetivos e chegar na resposta correta. Porque não existe UMA resposta correta, existem muitas.
O resultado dessa equação: FOMO e FOBO. Medo de ter escolhido errado, de achar que a outra opção era melhor, de se sentir deslocada(o) porque outras pessoas escolheram diferente. E a agonia de nunca saber qual é melhor resposta para você.
Escolher, você escolhe. Talvez, a maior dificuldade seja aceitar e ficar realmente confortável com a escolha que você fez.
#pracegover a imagem mostra a entrada de duas casas germinadas exatamente iguais. A diferença: a da esquerda tem a porta pintada de vermelho. A da direita, amarelo.
E agora?
Existem muitas dicas práticas para lidar com a FOMO e a FOBO.
Diminuir o acesso às redes sociais, que obrigam o inconsciente a fazer tantas comparações, é uma delas.
Mas hoje, eu quero propor ir mais fundo nessa questão e te faço algumas perguntas pra ajudar. Sempre que você sentir o bichinho da FOMO/FOBO atacando e aumentando sua ansiedade, pense:
1) O que de pior pode acontecer, se eu não ficar sabendo de alguma coisa?
Muitas vezes, procuramos as informações (checando sempre o celular, querendo saber o que acontece com todo mundo) porque acreditamos que o impacto negativo de não saber algo é muito grande. Se analisarmos com sinceridade, nem sempre precisamos saber tanto.
Faça o teste. Diminua o acesso às informações gradativamente. Aí entra o detox digital e o controle do tempo de acesso à internet e às redes sociais. Perceba se algo de ruim aconteceu por você não ver alguma notícia ou postagem dos amigos.
2) Isso aqui é verdade mesmo?
A ansiedade gerada pela FOMO/FOBO aumenta muito quando acreditamos que as outras pessoas estão em situações muito melhores do que a nossa realidade.
Você passou o final de semana em casa e caiu a maior chuva. A foto dos seus amigos mostra uma trilha sensacional, com um sol brilhando. Ninguém contou que o calor estava insuportável, que milhões de mosquitos atacaram todo mundo e que a trilha era, na verdade, um caminho bem sem graça.
Não quer dizer que tudo que é postado distorce a realidade. Mas, às vezes, criamos uma imagem bem mais colorida do que acontece com os outros só para desmerecer as escolhas que fazemos.
3) Eu gostaria mesmo de estar nesse lugar diferente de onde estou agora?
Essa é mais uma pergunta para aqueles momentos em que estamos vendo o que os outros estão postando nas redes sociais e começamos as comparações entre as possibilidades.
Você teve uma semana cheia de trabalho e está sonhando com sofá+Netflix na sexta à noite. Mas vê a foto do pessoal na balada e se sente mal por não estar lá. No fundo, você nem queria ir, mas fica questionando se a escolha, diferente da sua, não seria melhor.
4) Eu estou feliz com as escolhas que tenho feito? Por que gostaria de escolher diferente? Existe alguma coisa que eu poderia mudar, pra ser mais feliz com as escolhas que eu faço?
Esse é um complemento à questão anterior. Algumas pessoas podem achar exagero fazer essa pergunta sempre que deixam de ir à balada na sexta à noite.
Mas vale a pena se perguntar se está feliz com as próprias escolhas quando a FOMO e a FOBO aparecem em situações chave, como:
- caso ou compro uma bicicleta?
- que carreira escolho?
- mudo de cidade ou fico onde estou?
Também vale a pena se perguntar tudo isso se as escolhas, mesmo as pequenas, como a balada na sexta à noite, geram ansiedade e frustração.
A FOMO pode começar em situações "importantes", mas pode progredir e acumular questionamentos em qualquer situação que exija um posicionamento.
Dizer sim para uma opção quer dizer não para outras. Para que isso não gere ansiedade, você precisa descobrir quais são as suas respostas.
Muitas perguntas, uma única resposta
Você pode analisar as situações de muitas maneiras diferentes e se fazer várias perguntas toda vez que a ansiedade relacionada à falta de informação atacar.
A resposta para todas essas perguntas é: autoconhecimento.
E você pode estar pensando 'lá vem o papo de coach'. Mas se você não souber as suas respostas, vai estar sempre na dúvida se fez a melhor escolha.
Quando você sabe o que e por que quer, você consegue aceitar as suas escolhas com mais tranquilidade. Existem outras, sim. E você pode até mudar de opinião depois te ter feito uma escolha inicial. Mas isso acontece com muito mais consciência.
E essa consciência é a melhor ferramenta para lidar com a FOMO.
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Eu sou Cibele Castro, Slow Life Coach. Ajudo pessoas a melhorarem a produtividade, respeitando seu ritmo próprio e controlando o stress e a ansiedade, que são tão comuns nos dias de hoje.
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Se você percebe que a FOMO ataca com frequência, se já pensou que precisa de um detox digital e que isso poderia diminuir a sua ansiedade, melhorar os seus resultados no trabalho e a sua satisfação com a vida, clique aqui para conhecer o processo de coaching Slow Digital.
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Senior Materials Engineer | Linkedin Top Voice 2024 | Autor do livro Equilíbrio
6 aO comportamento de manada proposto por Nietzche não poderia estar mais atual. De fato o acesso à informação permitiu comparações incabíveis. Cabe ao indivíduo fazer o juízo e se adaptar. Suas sugestões para isso são bem interessantes e facilmente aplicáveis, Cibele. Parabéns pelo artigo.
1ON - Imediato em PLSV
6 aCibele, ler esse artigo foi como olhar para a ansiedade que já vivi (e que às vezes ainda aparece) em situações desde as mais simples às mais complexas. Sensacional a reflexão que você causou.
Marketing Manager • Barry Callebaut Group 🍫
6 aMuito bom! Descreve como muitos momentos do nosso dia a dia influenciam no emocional e nas tomadas de decisões. Uma das atitudes que implementei foi a meditação, me ajuda muito a diminuir a frequência deste sentimento de insegurança e aumentar a qualidade das minhas reações.
Gestão de Pessoas | RH | Liderança | Performance Humanizada | Conselho em Empresas Familiares
6 aCibele, que texto incrível. Quando parei de assistir TV tinha medo de "ficar por fora". Era o que vc cita >> a maior dificuldade seja aceitar e ficar realmente confortável com a escolha que você fez. Quando eu comecei a validar o que isso significava de fato (que é sua primeira dica, o que pode acontecer de pior) , vi que: nada aconteceria!! hahaha e pronto, desapeguei de vez não da TV, mas da cobrança de não ter a TV!!