A arte de esperar

Tenho três tesouros em casa. Dois humanos e 1 Shih-Tzu. Todos meus filhos! Dos humanos, dentre tanta coisa que há em comum, o que mais me chama a atenção é o imediatismo. Tudo bem! Pode ser culpa minha, em parte. Mas dezenas de pais, dos mais próximos àqueles mais distantes, compartilham da mesma percepção em relação às crianças. É tudo pra ontem! E aí parei pra pensar como era na minha época, sugerindo uma comparação com os dias de hoje.

Vou dizer a vocês que existia um prazer em esperar e curtir as pequenas coisas, quase banais, mas que marcaram a minha vida. Uma delas era ir à locadora de vídeos, escolher o filme, ir pra casa, colocar a fita no vídeo cassete e desfrutar da experiência. Fui criado com três irmãs e, de duas uma: ou escolhíamos o mesmo filme ou esperávamos a vez de cada um. Ponto! Tínhamos, em geral, 48 horas, dependendo do volume de locações, para assistirmos e, então, devolvíamos a fita. E ai de nós se não rebobinássemos! Multa na certa! Mais alguns dias e lá íamos outra vez curtir aquela experiência que, cá entre nós, era bem boa! Na TV aberta, se eu quisesse assistir a um desenho animado, por exemplo, tinha a hora certa, já que seguia uma programação que não dependia dos meus dedos apertando um controle remoto.

Hoje em dia é tudo on demand. Se eles querem assistir a um desenho, basta escolher o streaming que desejam, selecionar o vídeo dentre 'trocentas' opções e voilà! Tá na mão! É pra já! Esperar o desenho animado desejado? O que? Imagina! Eu quero já! Quero agora! Esperar pra quê? Confesso que acho difícil conseguir administrar tudo isso no ritmo do dia a dia em que vivemos, dentre tantas funções. O imediatismo está presente. A velocidade impera. O ritmo aumenta. Até mesmo as propagandas nas plataformas de compartilhamento de vídeos duram 6 segundos, porque é o nosso tempo de atenção. Mas, com as crianças, eu me esforço e ganho algumas batalhas. No fim do dia, a reflexão que fica é que vale viver mais o presente e saber desfrutar da espera. Seja pra uma viagem, pra um encontro, pra um projeto ou mesmo um filme, vale curtir a espera. Faz bem pra alma! O desafio é fazê-los enxergar o lado bom da coisa e viver o presente com mais calma.

Vocês, pais e mães de plantão, passam por isso?