Não seja escravo da sua Amígdala
Imagine a seguinte cena: em 15 dias você tem uma apresentação super importante, a chance de ouro que tanto desejava pra vender aquela ideia ou produto. Você se prepara: seleciona os temas que quer tratar, estuda, resume e prepara aquele powerpoint digno da Pixar. No dia da apresentação, você está confiante, afinal de contas, você domina o assunto. O que poderia dar errado?
15 minutos antes do evento seu coração começa a querer desafiar a lei da gravidade, a bater mais forte, sua boca fica seca, suas mãos tremem, o suor começa a brotar e, num passe de mágica sua memória é tomada por uma nevasca. Parabéns, sua amígdala está funcionando e, não, não é aquela localizada na garganta.
A amígdala faz parte do sistema límbico, o centro das emoções. Este está presente no cérebro de todos os mamíferos e é responsável pela integração dos aspectos emocionais aos estímulos e sensações proporcionadas pelo meio, sendo o responsável por nossa sobrevivência. Constantemente a amígdala avalia o meio buscando nos aproximar daquilo que nos traz satisfação (recompensas) e nos afastar daquilo que interpreta como perigo. Se a ela perceber o contexto como um risco para o indivíduo (com base em registros de memória de experiências anteriores), envia sinais para as glândulas suprarrenais que, por sua vez, começam a produzir adrenalina, inundando o sistema circulatório e enviando sinais de alerta para todo o corpo. Quando isso acontece temos três reações típicas: ataque, congelamento ou fuga.
Já o córtex pré-frontal, embora muito menor, consome muito mais energia que o sistema límbico. Sua estrutura desenvolveu-se mais tardiamente e nos diferenciou, possibilitando evoluirmos como raça humana. Ele é o responsável pela análise, resolução de problemas e tomada de decisões, ou seja, pela razão.
Quando a emoção é muito forte, o suprimento de energia do córtex pré-frontal é reduzido e direcionado para o sistema límbico (afinal de contas estamos em perigo).
O detalhe é que é possível desviar o envio de energia do sistema límbico redirecionando-o para o córtex pré-frontal, retomar a razão, diminuir a produção de adrenalina e utilizar os efeitos positivos desse neurotransmissor (agilidade, reflexos, força e velocidade de raciocínio). Para tanto, podemos:
- Respirar profundamente e, de forma consciente, alterar a frequência respiratória e/ou
- Dar nome à emoção que está sentindo no momento. Essa ação poderá ser mental ou verbal.
Portanto, da próxima vez que sentir o coração na garganta, tremedeira generalizada e ansiedade, apenas respire profundamente e diga o nome da emoção que está sentindo. Repita com calma esses dois passos e retome o controle.