ARTIGO DE OPINIÃO: Da validade dos testes de QI
Desde que surgiram, os testes de QI tem causado polêmica e diversas interpretações; apesar de terem passado por poucas modificações até o momento, prometem medir a capacidade intelectual te dando uma classificação em um laudo de perito, um número. No caso de um número alto o indivíduo pode entrar na categoria AH/SD (Altas Habilidades/Superdotação), levando em conta as teorias mais aceitas atualmente, que em síntese consideram a criatividade e o que foi produzido (O Círculo dos Três Anéis de Renzulli). – Ou seja, os atuais testes de QI parecem medir uma inteligência fragmentada, onde o fator geral (fator g) oscila tanto para cima quanto para baixo na proporção dos diferentes testes aplicados, pois ele é a média da soma dos resultados. Em alguns casos um único teste promete medir este fator geral de inteligência (Matrizes Progressivas de Raven - APM).
Se levarmos em conta a existência das múltiplas inteligências, não medidas em testes de QI convencionais, aliadas as projeções de “sucesso profissional” com base nos resultados dos testes, teremos uma margem de erro muito alta, isso analisando os casos de registro público, onde vários casos podem ser usados para exemplificar. Enfim, em meio a tantas teorias e testes que prometem medir a inteligência, a meu ver estão medindo perfis de inteligência, ou como ela se manifesta de forma configurada em plasticidade cerebral, onde o número do teste de QI não mede necessariamente o potencial cerebral, conceito que me parece ser mais abrangente que QI.
Então você deve estar se perguntando como medir o BP (Brain potential)? Bom, essa ideia acabou de surgir em um insight enquanto escrevia este artigo, não tenho ainda um conceito totalmente fundamentado em bases científicas, é o que minha intuição diz agora. Mas isso explica porque algumas pessoas com inteligência mediana conseguem ser tão bem sucedidas socialmente: elas são persistentes, metódicas, são mais tolerantes com frustrações, conseguem suportar atividades monótonas seguindo rotinas, são menos afetadas pelo tédio, não costumam perder tempo em devaneios filosóficos, são muito mais práticas do que teóricas etc.
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Outra questão importante, a da necessidade de fazer ou não testes de QI precocemente em todos os alunos em fase escolar? – Considerando o peso que o resultado nestes testes possui para projeção de perspectivas futuras, a inteligência emocional não pode ser desconsiderada, aliás, em pleno séc. XXI não temos na grade escolar o ensino do autoconhecimento psicológico, parece que estão ensinando máquinas ou adestrando animais. Portanto, acredito que crianças que se destacam em atividades intelectuais ou possuam indícios de retardamento devam fazer testes de QI se for recomendado por profissional da área. Mas a população em geral deveria fazer testes de QI regularmente ao longo da vida e depois da maior idade. Ficaria muito melhor se fosse implementado nas autoescolas (junto com o preço absurdo que estão cobrando). Aí, para saber o QI de alguém, bastaria olhar na CNH. Só não Vale aquela desculpa: “Ultrapassei os limites de velocidade porque sou muito inteligente!”.
Natanael Teles