Assédio sexual: como proteger as mulheres de sua empresa
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Assédio sexual: como proteger as mulheres de sua empresa

Saiba identificar condutas intimidatórias e quais medidas implementar para combatê-las

De acordo com o Datafolha, 42% das mulheres brasileiras relataram já ter sofrido assédio sexual, sendo o ambiente de trabalho o local onde 15% dos casos ocorreram. Esses dados ilustram um grave problema já conhecido pelas mulheres, mas que ainda requer muitas discussões e engajamento das empresas para ser eliminado.

“Mas só foi um elogio”

Durante minha vida profissional, ouvi essa frase mais vezes do que gostaria de me lembrar. Na maioria dessas oportunidades, eu mesma não soube responder com a maturidade que alguns anos de leitura me proporcionaram. Hoje eu explico: assédio sexual é qualquer conduta verbal ou física que tenha por objetivo ou efeito (atente-se a essa palavra) constranger alguém com referências a seu corpo ou a sua sexualidade.

Ou seja, mesmo que você não tenha tido a intenção de constranger, comentários assim são também assédio. Alguns exemplos: expressões faladas ou escritas, gestos, imagens e vídeos enviados por e-mail ou mensagens e até mesmo comentários impertinentes em redes sociais.

Um pequeno exercício é imaginar seu "elogio" dito para algum de seus colegas de trabalho ou mesmo seu chefe, se ele for homem: "que pernas lindas!". Qual seria a reação? Algo entre constrangimento ou ofensa, certo? Com sorte, apenas estranheza. Por que é que, então, mulheres devem reagir a isso com naturalidade - ou, pior, com um sorriso agradecido?

E se acontecer fora do escritório?

Esse é outro ponto relevante para a discussão. Não importa se a mulher está no seu período de descanso, almoçando com os colegas, pegando carona com um colega de trabalho para o escritório ou conversando com ele por redes sociais.

De acordo com o próprio Ministério do Trabalho, em cartilha publicada em parceria com a OIT, para a caracterização do assédio sexual é necessário apenas que a conduta ocorra por conta do trabalho, ou da relação que se estabeleceu em razão dele.

Assim, é preciso garantir que os funcionários de sua empresa compreendam verdadeiramente o sentido de atitudes como essa, para que deixem de tomá-las com suas colegas, dentro e fora do ambiente de trabalho.

O que fazer?

Em diversas campanhas contra o assédio sexual, é comum enaltecerem o dever de as vítimas denunciarem seus assediadores, como ponto de partida para sua repreensão. Entretanto, é importante encarar o tema de maneira mais empática e eficaz.

Lembre-se que assédio é, por natureza, uma conduta que provoca constrangimento e intimidação. Além disso, muitas vezes, no ambiente de trabalho, ele é praticado pelos próprios gerentes ou outros homens em posição hierarquicamente superior. Isso inviabiliza - ou no mínimo dificulta - a tomada de iniciativa da vítima.

Nesse sentido, é papel das empresas garantir espaço de voz para as mulheres, mas é também dever da gerência tomar posição ativa na discussão e no combate às diversas formas de assédio sexual. Quais atitudes são úteis para combatê-lo?

1 - Abordar o tema em entrevistas de recrutamento, treinamentos, palestras e canais de comunicação geral da empresa

Uma cultura de respeito e diversidade começa pelos processos de recrutamento de novos colaboradores, passando pelo reforço de valores importantes para empresa. Sabe aqueles comunicados frequentes para lembrar seus funcionários dos OKR do semestre? Esse assunto é tão importante quanto!

2 - Promover treinamentos especiais às pessoas em cargos liderança para capacitá-las e encorajá-las a repreender condutas de assédio praticadas por membros de seu time

Pessoas em posições de liderança têm o poder de consolidar ou minimizar os valores de sua empresa, de acordo com o seu grau de comprometimento com eles. Líderes inspiram - para o bem e para o mal - e devem ter a capacidade de conter comportamentos indesejados para a empresa, tanto do ponto de vista de resultados quanto do ponto de vista cultural. Neste caso, combater o assédio eleva sua empresa nos dois aspectos. Ter mais mulheres em posição de liderança também contribui para este ponto, o que será tema de outro artigo :)

3 - Garantir acesso e manutenção de canais acolhedores e seguros para denúncias

Observe que essa não é a primeira da lista de recomendações, exatamente porque você não deve esperar que as denúncias sejam a principal motivação para o combate ao assédio na sua empresa. Ainda assim, é necessário estabelecer um canal de denúncias para situações em que as ações anteriores não tenham sido suficientes - e você ainda esteja pesquisando novas formas de educar seus funcionários.

Mas preste muita atenção nessas palavras: acolhedores e seguros. Novamente, lembre-se que você está lidando com um problema que tem o constrangimento em sua essência. Disponibilize canais de denúncia, mas tome o cuidado necessário para que ele proteja a privacidade da mulher.

4 - Não se abster de sanções

Em pesquisa realizada pela HerForce, 40,6% das 1.161 mulheres entrevistadas consideravam importante encontrar ambientes livres de assédio nas empresas e 57% já tinham sofrido ou presenciado esse tipo de conduta em seus espaços de trabalho. Números impressionantes, não?

Então, se você teve cuidado na hora de contratar, falou sobre o tema durante todo o ano, treinou líderes de sua empresa, disponibilizou um canal de denúncias anônimas e ainda assim apurou um caso de assédio, não deixe de tomar medidas "drásticas".

A cultura de sua empresa é o que você tem de mais importante. Além disso, algumas das condutas mencionadas aqui são consideradas criminosas. Lembre-se que o combate ao assédio não é uma luta de mulheres contra homens. É uma responsabilidade de todas e todos, independentemente de gênero, que querem um ambiente de trabalho saudável, seguro e inclusivo!

Tudo bem? Então tudo bem :)

Milena Lara

Software Developer | Java | Spring Boot | React.js

3 a

Assunto super importante! A gente já tem dificuldade em lidar com assédios na nossa vida em geral, imagina então dentro do trabalho? Fora que tem momentos em que nós mesmas nos perguntamos "será que isso é normal ou eu estou sendo louca?". Felizmente mais e mais pessoas tem falado nesse assunto, porque com certeza melhorar esse cenário parte de uma mudança cultural e colocar o assunto em pauta é o primeiro passo.

Ricardo Leitão

Engenheiro Civil Sênior na Autônomo

6 a

Muito importante hoje em dia!

luciano campos campos

Energia Solar Fotovoltaica econômia e segurança.

6 a

Aqui na empresa criamos um codigo de conduta,serve tanto pros de cima como pros colaboradores.

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