Até onde vai sua prática antirracista no trabalho?
Hoje é dia da Mulher Negra e também de Tereza de Benguela, uma líder quilombola que foi muito relevante na década de XVIII.
Quero começar este texto com a intenção de reconhecer todas as mulheres negras (entre pretas e pardas) pela coragem de resistirem na nossa sociedade atual, mas quero falar mesmo diretamente com as pessoas brancas que me seguem e estão conectadas comigo aqui nessa rede social de trabalho.
Pra você que vive dizendo que não pratica racismo, eu te faço uma pergunta: até onde vai a sua prática antirracista no trabalho?
Quero dizer, quando alguma pessoa negra do seu time (e se não há nenhuma, a oportunidade de reflexão é ainda mais de base: pq não há?) é interrompida por alguém branco que repete exatamente o que ela disse, se apropriando de uma ideia ou iniciativa, essa ação fica perceptível para você?
Entenda que eu disse "quando" e não "se", pq INFELIZMENTE é muito natural pessoas negras sofrerem microagressões (pequenas atitudes que violentam a sua existência), sendo invalidadas ou até mesmo tendo suas falas chacotizadas... Isso é uma vergonha!
E se porventura você percebe essa ação de racismo estrutural (atitude que está comumente implantada em nossa sociedade), a sua conduta é parecida com alguma dessas listadas aqui?
1 - Você reproduz o pacto da branquitude (empatia com a conduta racista de pessoas brancas, pensando que aquela pessoa "não fez por mal" e por isso não deve ser alertada desta ação);
2 - Você acha que essa é uma responsabilidade inteiramente das pessoas negras de se posicionarem (lembrando que temos uma dívida histórica de no mínimo 300 anos, então se liga hein!).
3 - Você simplesmente ignora, afinal de contas essa questão não te afetou diretamente, então não precisa da sua atenção (e se fosse com você, como se sentiria?)
O antirracismo não está na sua intenção, mas na sua ação! Te convido a pensar consciente em como ser uma pessoa branca aliada DE FATO nesta causa.
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E trago aqui algumas práticas para reafirmar o nosso compromisso com essa luta:
1 - Compreenda que pessoas negras são dignas de terem protagonismo e representatividade em suas falas, então antes de contrariar, pensa se você não vai abrir a boca pra falar merda escondida na ideia de você está "expressando a sua opinião".
2 - Use a sua voz como pessoa branca para defender a ideia ou iniciativa de uma pessoa negra quando ela for contrariada sem sentido, ou quando se apropriarem de seu projeto sem darem os devidos créditos, se exponha!
3 - Pergunte para a pessoa como ela se sentiu depois de ter sua fala invalidada ou de ter seu investimento intelectual roubado, não para fazer fofoca, mas para acolher e fazer o papel de alguém que se alia a uma causa como essa.
4 - Estude o movimento de pessoas negras e sua inserção na sociedade e mercado de trabalho, ouça, leia, veja pessoas negras falarem sobre como elas se sentem com toda essa patifaria que acontece atualmente.
Com este texto não quero atacar ninguém, senão trazer uma noção de integração deste público em específico, porque se eu, uma mulher travesti branca estou cansada de ver minhas colegas pretas de trabalho sendo invalidadas, imagina elas...
A responsabilidade na criação e manutenção de um ambiente de trabalho inclusivo, é de todas as pessoas, e quando se trata especificamente de pessoas negras, essa bola fica na mão de nós: pessoas brancas que compreendem o seu lugar social e sua parcela na oportunidade ativa de gerar equidade nas relações.
Apenas lembrando: isso é o BÁSICO!
Sem empatia, sem sucesso! Sem saúde mental, não somos nada! Escritor do Blog do Dudu.
2 aComplicado ne?