Autismo: novos caminhos para o diagnóstico
O teste do pezinho, realizado nos recém-nascidos, é fundamental. Da versão básica à mais completa, ele é capaz de detectar de seis a 48 doenças metabólicas e genéticas, e deve ser feito até o quinto dia de vida. Com algumas gotinhas de sangue é possível revelar patologias que, se não identificadas precocemente, podem vir a comprometer a qualidade de vida do bebê, levando-o até mesmo à deficiência intelectual. Seria muito bem se esse teste ajudasse também a diagnosticar o #autismo, certo? A "boa notícia" é que estamos caminhando para isso.
Hoje, o Transtorno do Espectro Autista (TEA) tem diagnóstico clínico, ou seja, depende da observação e de relato dos pais ou responsáveis por uma criança. A trajetória para identificá-lo começa com a percepção da família, que nota os atrasos ou avanços incomuns no desenvolvimento, e respostas diferentes a estímulos externos, como quando a criança não olha e não atende pelo nome, por exemplo. Quando se inicia a vida escolar, os educadores também constatam que há algo diferente e conversam com os pais que, a partir daí, procuram ajuda profissional.
Pediatras, neurologistas, psiquiatras, clínicos gerais e psicólogos analisam o caso baseado no comportamento, para só depois chegar a uma conclusão – é válido ressaltar que o acompanhamento multidisciplinar, ou seja, com diversos profissionais além dos já citados - nutricionista, psicopedagogo, terapeuta ocupacional e fonoaudiólogo - é importante não só para a identificação do transtorno e suas comorbidades, mas também para o tratamento e as perspectivas.
Detectar o TEA o mais cedo possível é fundamental para o bom desenvolvimento da criança.
Um estudo da Universidade de Warwick, no Reino Unido, pode ser o primeiro passo para mudar a realidade e abrir novos caminhos para identificar o autismo. Ao analisar dois grupos de crianças com idade entre 5 e 12 anos – um portador do espectro e outro que não seja – pesquisadores perceberam que o diagnóstico do autismo pode ser feito com exames de sangue e urina, por meio de biomarcadores de proteínas tóxicas do estresse oxidativo, de proteína glicosilada e de aminoácidos nitrados.
Se tudo isso se confirmar na prática – e as chances são boas, visto que os testes obtiveram 90% de taxa de acerto – o diagnóstico precoce não será mais um sonho distante. Futuramente, o teste do pezinho ou até mesmo um exame de rotina poderão ser fundamentais para o avanço das estratégias de tratamento e terapia, com chances muito maiores de sucesso terapêutico.
Detectar o TEA o mais cedo possível é fundamental para o bom desenvolvimento da criança. É a partir da constatação do espectro que se adapta a conduta em relação ao dia a dia, à escolha da escola e às atividades que devem ser feitas, e dos cuidados que deverão ser tomados - tudo isso em busca do melhor desempenho. O diagnóstico do autismo não deve ser encarado como uma sentença – é possível viver bem se trilharmos o caminho certo, e este será ainda mais viável com a popularização da descoberta.
Neuropsicóloga Clínica
6 aEstudo muito legal! Concordo totalmente com você Leonardo, e temos que divulgar mesmo essas informações. E eu acho que esse estudo também pode ressaltar a possibilidade de trabalhar com nutricionistas que levem em consideração a especificidade da criança com TEA