No baú do tempo, impactos de experiências televisivas na vida e na profissão
Das antigas memórias que tenho televisiva, além da vinheta icônica da TV Manchete pela manhã (criança nos anos 80 podem fazer os cálculos do meu tempo de vida), é do famoso “Telecurso 2000”, com aulas práticas de educação ou até formação profissional. No período de infância como telespectadora nem entendia como aquilo poderia ser útil para algumas pessoas. Só consegui compreender esse tipo de aplicação com o tempo e também quando professores mostravam algum episódio do programa em matérias técnicas ou curiosas.
A primeira vez que pisei em estúdio televisivo tinha dez anos de idade e naquele instante todo o meu “mundo mágico Disney” desapareceu, olhei logo o cenário pequeno e mini auditório (uma estrutura de madeira de três níveis), fiquei maravilhada com a desenvoltura do apresentador ao lidar com plateia infantil, os ajustes da gravação, o cuidado da equipe técnica quando fui empurrada por uma colega mais efusiva que abriu o braço nas “tomadas” de aplausos ao meu lado, como estava na ponta, desabei uns dois metros de altura. Não me machuquei, assim meus pais nunca souberam disso, mas fui socorrida para uma salinha com água e lanchinho, ainda vi mais do que rolava por trás das câmeras. A minha segunda exposição, já era adolescente e entrevistada em campeonato de como destaque jovem feminino para um telejornal esportivo. Uma pauta que hoje percebo que teve “dedo” de alguém da Federação de Xadrez e o olhar do jornalista que me encontrou como “personagem” diferente durante a cobertura do evento.
Resolvi mexer nessa minha memória do meio informativo e conteúdo acessível tradicional, como uma tentativa de relacionar algo que surgiu com o poder do entretenimento, se tornou tão presente e influencia no trabalho de tantos. As telenovelas trazem em diversas tramas os núcleos de abastados (rurais, urbanos, praianos...), os injustiçados, os que conseguem prosperar e aqueles “que se viram” honestamente ou não. Esse imaginário que pode inspirar pessoas a seguirem na “vida real” determinado ofício ou criar tendências.
Apesar de vivenciado bastidores antes da faculdade, nem sempre fui fã dos noticiários televisivos, preferia mais ler ou ouvir rádio, mas durante o curso de comunicação, logo comecei a visualizar com um olhar mais atento e crítico. Ficava aflita com conteúdo, maquiagens, cabelos, barulhos, ternos, gravatas, iluminações, tempo, narrativa, improvisos, situações que confesso gostaria de não notar porque sei como envolve tantas pessoas e as vezes só “acontece”.
Na experiência de repórter, fiz uma série que envolvia o mercado de trabalho, na verdade explicava sobre os cursos da Universidade que estudava. A proposta era um guia para explicar e desmistificar determinadas áreas, dar luz às profissões não tão concorridas durante o vestibular, mostrar a versatilidade de outras ou ainda que surgiam como “Biomedicina”. Escolhia a disciplina, quem entrevistaria (coordenador, diretor, profissional), realizava a reportagem, narrava, sentava junto com o editor, montava a cabeça da matéria (com dados curiosos que a editora e o apresentador gostavam), assim consegui produzir 25 episódios e alguns ficaram no ar por mais de cinco anos.
Ao lembrar desse período percebo um elo com a atualidade em que na assessoria crio ponte com produtores, convenço sobre especialistas (fontes profissionais) que proporcionem informações úteis, entendam a responsabilidade e estão preparados para gravação ou ao vivo. E sim, mantenho a atividade nos bastidores, mas entendo que o movimento é ocupar esse espaço para desenvolvimento e mostrar que é possível inspirar pessoas para melhoria na vida, trabalho e sociedade.