Gilberto Gil – O eterno jovem

Há algumas semanas estava de TV ligada acompanhando um terrível Palmeiras x Avaí quando fui impactado pela chamada do Domingão do Huck: homenagem aos 80 anos de Gilberto Gil.

Não sou de acompanhar o programa dominical, confesso que pouco me encanta famosos dançantes ou crianças superdotadas. Mas a atração principal me fez deixar a TV ligada e, para grata surpresa, ao se iniciar o programa, lá estava Gil com todos seus familiares/parceiros de banda.

Logo de cara uma bela sequência de seus principais sucessos, intercalando com algumas perguntas do apresentador.

Bem, mas a ideia aqui não é analisar o programa de TV e tão pouco tenho a pretensão de analisar a obra de Gil. Mas sim a atemporalidade deste gênio brasileiro.

Dizem que a arte tem a capacidade de ser atemporal. Passar anos e anos sendo admirada por inúmeras gerações. 

Estou plenamente de acordo, porém há obras que me fazem viajar no tempo e sentir uma época que não vivi, como Las Niñas de Velasquez que me colocam no meio de uma sala da nobreza espanhola do sec XVII ou a Bossa Nova de João Gilberto, Tom e Vinicius que me levam a um Rio de Janeiro dos anos 50 e 60. Mas Gil é outra coisa.

Gil me leva a uma eterna juventude. Um frescor de quem está sempre mais em busca de questões do que de respostas. Uma inquietude sobre a arte de viver e o medo de morrer. Uma provocação sobre a composição de gêneros, sobre quanto há de uma mulher em um ser masculino. Uma inquietude sobre as relações de fé, o conflito entre o universo humano e o celestial. O que se vê e o que se crê.

Gil é capaz de compor uma canção sobre o super-homem, questionando sobre seu lado feminino. É capaz de falar de fé, sem citar ao menos uma religião.

Gil declama sobre um término de relacionamento mostrando que amor assim como a energia, não termina, se transforma. Enfim, há uma infinidade de sabedoria publicada em sua obra.

Em tempos tão sombrios, é um privilégio poder ser contemporâneo a esta entidade. E uma alegria saber que sua obra é infalível ao tempo.

Viva Gil!