Barreiras para a implantação do BIM

Barreiras para a implantação do BIM

Existem muitas barreiras para a implementação eficaz do BIM que são motivados pela natureza fragmentada da AEC. Alguns pesquisadores apresentam formas interessantes de caracterização dos fatores relevantes relacionados com a qualidade e a velocidade da implementação do BIM pela AEC. A leitura dos trabalhos desses autores mostra que os problemas podem ser sintetizados em categorias: produtos, processos e pessoas conforme Gu et al. (2008) ou pessoas, tecnologia e gestão, conforme Silva et al. (2015)
Meu orientando do IPT. Arq. Willian Santos, que está trabalhando em sua Dissertação de Mestrado nesse tema, relacionou em forma de tópicos, uma série de problemas e os categorizou de acordo com o critério de Silva et al. (2015).
A relação de tópicos a seguir não pretende ser completa, contudo serve como um bom roteiro para análise das empresas e de seus problemas na mudança de processos.
A ideia desse post não será comentar cada um dos itens, uma vez que para isso seria necessário um rigor científico que estaria além do objetivo de um post.

FATOR PESSOAS
1. Falta de tempo e planejamento para a aquisição do conhecimento
2. Falta de consultor técnico (cultura BIM inexistente)
3. Resistencia a mudanças pela equipe (em geral pelos funcionários mais experientes)
4. Dificuldade em trabalhar em equipe simultaneamente
5. Falta de trabalho em parceria / relação com complementares/ relações conflitantes e não cooperativas. Conflito entre as diversas disciplinas, risco na produtividade, retrabalhos e perda de prazos
6. Falta de conhecimento dos princípios enxutos
7. Medo do desconhecido x falta de interesse pela nova tecnologia
8. Falta de conhecimento do que é BIM
9. Fixação em cultura operacional própria. Dificuldade em integração e colaboração com processos padronizados
10. Falta de conhecimento da estratégia do negócio e competitividade
11. Falta de clareza nos itens de fases e etapas do projeto.
12. Falta de avaliação no início e no fim de cada etapa, deixando pendências para fase seguinte.
13. Falta de conhecimento dos softwares adequados às atividades necessárias
14. Escassez de mão de obra especializada, alta rotatividade de cooperadores, estagiários, arquitetos, engenheiros
15. Remuneração de profissionais qualificados: são necessárias mais horas de profissionais de alta qualificação nas primeiras etapas de projeto, pois estas são mais caras que no processo tradicional
16. Composição das equipes de projeto, dimensionamento para atender mais de um projeto simultaneamente
17. Compartilhamento de responsabilidade, nova cultura dos agentes da construção
18. Dificuldade na percepção individual do quadro de necessidades do produto
19. Dificuldade em identificar perdas e as causas de ocorrência
20. Falta de autonomia de profissionais para solução de problemas
21. Falta de disponibilidade de tempo para visitar a obra
22. Mudança de prioridades em etapas avançadas
23. Mau uso de materiais, especificação de material fora de fabricação
24. Erro na representação de elementos, dificuldade na compatibilização, de responsabilidade do projetista de arquitetura
25. Mudanças nos órgãos reguladores, sem prévio aviso ou descuido de consultor
26. Adaptação e mudanças necessárias à nova maneira de trabalhar; novo fluxo de trabalho, treinamento da equipe e atribuição de novas responsabilidades
27. A difícil transformação para o ‘pensamento em BIM’ na parte de recursos humanos
28. Convencer a liderança dos benefícios do BIM
29. A falta de conhecimento da tecnologia pela equipe de projeto e dentro da organização é a principal razão para não implementar
30. Conscientizar-se de que a transição é crítica para todos, que é imprescindível a difusão do conhecimento dos potenciais e das responsabilidades a todos os colaboradores.
FATOR TECNOLÓGICO
1. Falta de infraestrutura de TI – necessidade de equipamentos/computadores com maior poder de processamentos; isto gera atraso no desenvolvimento das atividades planejadas.
2. Deficiências próprias do software – desconhecimento da forma correta de operação, ineficiências e problemas quanto a processar o modelo, equívocos e deficiência no software adotado.
3. Compatibilidade – uso de software de diferentes fornecedores, falta de interoperabilidade, conflito entre diversos projetos.
4. Falta de conhecimento dos ganhos para todas as etapas de projeto associados às novas tecnologias.
5. Nem todos os escritórios complementares utilizam softwares compatíveis a interoperabilidade
6. Projeto para complementares deve ir modelado
7. Falta de detalhamento
8. Falta de precisão nas informações trabalhadas e recebidas.
9. Inexperiência no desenvolvimento de modelos tridimensionais
10. Correção de projetos em 2D são difíceis de administrar em todas as peças gráficas.
11. Problemas em modelagem de elementos, falta de famílias de componentes.
12. Problemas em modelagem de elementos, falta de famílias de componentes.
13. Necessidade de adaptação da biblioteca existente no software às normas brasileiras de construção (considerando que biblioteca original do software é estrangeira)
14. Facilidade de partilha de informações entre os aplicativos de software que as utilizam, simulação de processos de construção; apoio as operações de resposta a emergências.
15. Banco de dados único para o desenvolvimento de projeto, permite alterações dinâmicas.
16. Melhoria da comunicação interdisciplinar, redundâncias de dados eliminadas, redução de retrabalho e erros.
17. Necessidade do processo ser continuamente melhorado para maturidade.
FATOR GESTÃO
1. Receber os projetos nos prazos combinados para compatibilizar
2. Atender a cronogramas
3. Indecisão do cliente, geração de perdas
4. Definir ações que reduzem perdas
5. Falta de incorporação de construtibilidade
6. Riscos de modificações de projeto por erros não percebidos na fase de projeto
7. Prazos dilatados por falta de definições de projeto ou do cliente
8. Falta de contratos claros em relação ao programa de necessidades
9. Falta de interações entre os agentes (em tempo necessário as definições)
10. Alterações de projeto, retorno a etapas anteriores
11. Falta de insumos, dados necessários para concepção e tomadas de decisão
12. Falta de fluxo de trabalho confiável
13. Formulação correta do programa de necessidades
14. Avaliação da satisfação dos usuários com o produto edificação
15. Falta de conhecimento de estratégia para alcançar maior nível de competitividade
16. Necessidade de integração dos processos relacionados à construção do produto edificação
17. Falta de capital necessário para investimento com máquinas e treinamentos e na implementação
18. Barreiras econômicas para micro e pequenas empresas
19. Falta de apoio público à inovação na área de negócios
20. Dificuldade no dimensionamento de custos de produção
21. Gestão de recursos humanos, recursos financeiros e tecnológicos.
22. Dificuldade em convencer os profissionais a desenvolver uma nova maneira de projetar diferente do CAD
23. Uso de softwares não compatíveis com IFC
24. Atraso em entrega do projeto completo por falta de gestão das entregas e compatibilizações
25. Deficiência no esclarecimento do escopo do projeto detalhado, desde as reuniões iniciais
26. Falta de definição do nível de desenvolvimento (ND ou LOD)
27. Mudança de cultura no processo de projeto, planejamento e gestão; exigência de preparação e capacitação prévios
28. Custo da implantação da modelagem, investimento na compra de licenças de softwares e novos equipamentos e ao treinamento da equipe
29. Grandes mudanças em todas as etapas de projeto
30. Analise dos processos tradicionais e revisão dos seus métodos de trabalho, reorganização de equipes e definição de novas lideranças e responsabilidades
31. Encontrar maneiras de continuar a produção interna de projeto enquanto simultaneamente implementa a nova tecnologia em projetos piloto
32. Mudança na forma de trabalho, atenção e reflexão sobre o negócio, sobre o planejamento estratégico prevendo custos apropriados de investimentos, calculando o retorno a curto, médio e longo prazo
33. Avaliar e reavaliar no momento da implementação, estrutura organizacional, gestão comercial, gestão financeira, recursos humanos, sistemas de informação, gestão de projetos
34. Dificuldade por falta de guias e manuais de implementação e orientação no uso da modelagem e sua aplicação
35. Implementação de novos estágios: diagnósticos, plano de ação, avaliação e correção do plano estratégico
36. Decisão de atravessar o abismo da inovação e investir em tecnologia
37. Processos com mudanças fundamentais
38. Inexperiência no desenvolvimento de modelos tridimensionais

 

Referências

GU, N., SINGH, V., LONDON, K., BRANKOVIC, L., TAYLOR, C. (2008). BIM: expectations and a reality check. In: 12th International Conference on Computing in Civil and Building Engineering & 2008 International Conference on Information Technology in Construction, Proceedings.
SILVA, T.; MATIAS, K.; MELHADO, S.; Projetos Industriais: barreiras para a implementação da modelagem da informação da construção –In TIC 2015, Proceedings.

NILTON NAZAR

Diretor Geral da Hold Engenharia e Professor de Pós Graduação da E.E.Mauá

8 a

Muito interessante , trata-se de um árduo caminho e com algumas dificuldades a serem vencidas .

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