A beleza da imperfeição
Nós estamos sempre buscando pela perfeição: em nós mesmos, nas outras pessoas, nas redes sociais, na profissão...em tudo. Nunca estamos contentes, e fomos convencidos de que isso é parte da nossa natureza.
Essa busca nos escraviza, e faz com a gente abandone muitos momentos bons para buscar a tão sonhada e cobrada perfeição.
Isso não é de hoje, pelo menos na história Ocidental. Do lado de cá do mundo, a ideia de perfeição sempre esteve associada ao conceito de beleza.
Por exemplo, na Grécia Antiga, por volta do século V a.C., não existia uma definição clara sobre a beleza. Alguns filósofos associavam a beleza à sabedoria, outros à justiça, à matemática, à ciência.
Com o passar do tempo, a definição do belo começou a ser associado às noções de simetria, de clareza e à presença de proporções harmônicas baseadas principalmente na arquitetura, pintura e escultura. Mais tarde isso se estendeu ao corpo humano e formou raiz.
Só no século XVIII foi que o filósofo alemão Immanuel Kant trouxe à tona a discussão sobre a subjetividade da beleza, e introduziu a ideia de que o belo não está apenas naquilo que se vê, mas também nos olhos que veem:
"A beleza está nos olhos de quem vê." - Immanuel Kant
Surgiu então o conceito de gosto pessoal, e foram incorporadas a singularidade, individualidade, emoção, coragem, atitude ao conceito do que é belo.
Este caminho, que parecia ser libertador, acabou ficando em segundo plano.
Estimulada principalmente por mídias sociais e por uma indústria que se estrutura na massificação e na supervalorização da juventude, da magreza, do corpo definido, a busca por um ideal de beleza nunca foi tão exacerbada quanto hoje.
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Homens e mulheres – jovens ou não – saem em busca de algo que não existe, e acabam construindo um imaginário coletivo.
É o que estamos fazendo neste momento: abandonando nossas belezas únicas para tentar chegar à beleza que imaginamos ou nos é vendida, e vivendo uma eterna insatisfação.
Mas se olharmos para o lado Oriental do mundo, encontraremos no Japão a filosofia Wabi Sabi. Desenvolvida no século XV, ela deriva dos ensinamentos budistas e representa uma abordagem estética muito diferente da que conhecemos: a do belo que não é perfeito, não é completo e nem dura para sempre.
Wabi Sabi serve como um lembrete de que nada na vida é perfeito, e que podemos olhar para o nosso dia a dia, para o lugar comum, e encontrar magia.
Ela nos convida a sermos conscientes de quais são os momentos que tornam nossa vida rica, e prestar atenção aos prazeres mais simples que são ofuscados pelo caos e excessos de nossa sociedade.
Ao mesmo tempo, nos mostra o inevitável: nossos defeitos, a história que carregamos, os desgastes, o envelhecimento, o sofrimento.
Esta filosofia nos dá a oportunidade de aceitarmos a nós mesmos e evitarmos cobranças internas tão duras – mesmo com todas as nossas falhas e fragilidades. Todos somos imperfeitos, e essa imperfeição nos torna únicos, nos torna nós mesmos, de corpo e alma.
Assim, faço aqui um convite para darmos uma chance de sermos belos e imperfeitos. E citar Leonard Cohen, que em uma de suas canções (Anthem) lindamente nos diz:
“… Esqueça a perfeição. Em tudo há uma fresta. E é por ela que entra a luz...” Leonard Cohen
Auditoria Interna, Consultoria e Treinamento na Maffei Educação Profissional e Consultoria | Auditoria
2 aBuscar a perfeição é positivo, desde que não tenhamos a ilusão de que iremos alcançá-la.
Manager at Diebold Brazil
2 aParabéns pelo texto, excelente reflexão!!
Texto perfeito. Ou lindamente imperfeito.
Especialista Financeiro
2 aParabéns pelo texto... Para refletirmos no início de mês
Executivo em Seguros e Benefícios, Especialista e Conselheiro na Gestão de Contratos Corporativos de Assistência Médica, Odontológica e Seguros | Experiência do Cliente | Administrador de Empresas | MBA FGV | SUSEP
2 aParabéns pelo texto provocativo. Muito bom.