Bem-vindo, colega ChatGPT
Antes de idolatrar ou jogar aos leões desde já a bola da vez da Inteligência Artificial, vale a pena refletir um pouco, até mesmo para evitar vexame semelhante ao de quem hoje confessa ter feito protesto, por exemplo, contra a perversa calculadora
Quem começou a trabalhar numa época em que fotocopiadora, máquina de escrever, carimbeira, relógio de ponto, PABX, calculadora de rolo (réc, réc) e outras engenhocas extintas ou aprimoradas como, de resto, acabaria acontecendo com muitas categorias e funções, tem a obrigação de olhar de forma especial a aterrissagem retumbante da Inteligência Artificial entre nós.
A chegada do Chat GPT, ainda envolta em questionamentos que, com certeza, em breve serão descartados, e com rapidez bem maior, comparativamente ao que se fez ao aposentar fotolitos, linotipos, teletipos, máquinas de escrever - tanto as manuais quanto as fantásticas elétricas (péc, péc, péc) -, é um excelente momento para se refletir.
Ninguém parece capaz de garantir neste instante de que forma, com qual intensidade e a qual custo a Inteligência Artificial vai entrar no dia a dia de quem, como eu, vive da redação.Mas não precisa ser um gênio para perceber que muita coisa também vai mudar no mundo da comunicação - inclusive para melhor, por que não?
Imagine, por exemplo, o foca (novato) de antigamente melhorando o texto de um robô, pois a etapa anterior do processo, para coletar informações básicas para a pauta em questão, a máquina já fez, poupando tempo precioso do seu estágio, hoje de meio período apenas, por sinal, conforme a lei do trabalho prevê.
Bem, mas como tudo na vida tem mais de uma face, quem buscava no mercado o mesmo estagiário para funções que agora vai delegar a um sistema, já pode estar fazendo contas do quanto economizará - em dinheiro e tempo - ao absorver ele mesmo aquilo que fica bem mais fácil concluir quando dois terços ou mais da missão já foram cumpridos,
Sem dúvida, a evolução tecnológica promete um novo terremoto que, após a devida acomodação do solo, naturalmente mostrará quem, como e onde novos postos de trabalho serão ocupados na comunicação e em vários outros setores..
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Mas não adianta sofrer por antecipação, pois antecedentes assim levaram a maioria dos envolvidos a evoluir naquilo que fazia ou simplesmente mudar de ramo, em ambos os casos, em nome de sua felicidade, esta sim, 100% natural e humana.
Ah, apenas uma sugestão: antes de tentar barrar o curso da história com as próprias mãos, pense no mico - como diz a garotada - que passaria hoje quem viesse a público para admitir um dia ter feito passeata ou greve para protestar, por exemplo, contra o perigo da calculadora eletrônica na capacitação nacional.
Wagner Fonseca é jornalista e empreendedor
Este artigo pode ser republicado, desde que mencionada fonte.
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