BIM - Inovação com ROI?

BIM - Inovação com ROI?

Guest Post: Rogério Suzuki

Arquiteto e Urbanista, Mestrando em Inovação na Construção Civil pela Poli/USP - possui mais de 27 anos de experiência na aplicação e implementação de tecnologias para a indústria da Arquitetura, Engenharia, Construção e Operação (AECO). Atualmente é Consultor para implantação de BIM/4D/6D, Coordenador Técnico da Academia BIM do SindusCon-SP, professor convidado em 6 pós-graduações. Participou como Consultor Especialista no Comitê Estratégico BIM (CE-BIM) do Governo Federal, além de ser coautor do Guia BIM ABDI/MDIC.

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Recém “saído do forno”, o National BIM Report 2019 da NBS, disponível aqui, em mais uma edição tira uma “fotografia” do avanço na adoção da Modelagem da Informação da Construção (BIM) no Reino Unido – condição mandatória na entrega de projetos para o governo local desde abril de 2016.

Alguns dados interessantes:

  •  69% responderam que já adotam BIM (número 2% inferior à pesquisa anterior motivada por uma mudança na metodologia do cálculo);
  •  96% afirmaram que possuem planos para adotá-lo em 5 anos;
  •  48% disseram que a utilização do BIM aumentou a LUCRATIVIDADE.

Obviamente não é fácil introduzir inovações nas empresas. Mesmo com um cenário socioeconômico estável adverso ao nosso, é possível perceber que a realidade de mercados desenvolvidos (e mais maduros) nos trazem preciosos ensinamentos e reflexões sobre as nossas decisões de negócios e as tendências ou caminhos que os mercados apresentam.

Leia também: Por dentro do BIM 

Entretanto, como líderes de negócios, um dos papéis fundamentais que desempenhamos é investigar continuamente meios de melhorar o negócio, de forma a torná-los dia após dia alinhados com o mercado de consumo de nossos produtos e/ou serviços. Ou seja, PREPARAR o negócio para o futuro próximo e um mercado em constante mudança.

Como consultores, uma das perguntas recorrentes que recebemos é sobre o Retorno sobre o Investimento (ROI) de adotar BIM nas empresas da cadeia produtiva da construção. De investidores, proprietários, passando por incorporadores, construtores ou projetistas, a dúvida é sempre a mesma:

Quanto eu ganho implantando BIM em nossa empresa? 

Este tema é recorrente e a resposta não é tão simples, pois os ganhos dependem de diversos fatores internos e/ou externos à empresa, variáveis que nem sempre controlamos ou ainda de modelos de negócios estabelecidos (ou “mindsets”) que são difíceis de serem mudados. Mas vamos tentar deixar aqui alguns pontos para melhorar a compreensão do tema e estimular a discussão, especialmente de quem está a decidir ou nos passos iniciais de sua adoção.

O PROJETO

Vamos iniciar do ponto de vista técnico, focando no início do processo de qualquer iniciativa: o PROJETO.

As tecnologias adotadas para desenvolver projetos autorais em muito são superiores às utilizadas anteriormente baseadas em representação gráfica (CAD).

Os softwares são baseados em dinâmica totalmente distinta, levando em conta o processo de Construção virtual, ou seja, ao invés de representarmos graficamente os diversos componentes de uma construção (paredes, esquadrias, vigas, etc.) usamos tecnologias que as “modelam em informações”. Estes vão desde elementos e geometrias tridimensionais a atributos e propriedades físicas, técnicas ou ainda relacionadas ao processo de orçamentação ou planejamento (EAP, por ex.). Isto confere condições para INTEGRARMOS processos usualmente isolados e aumentarmos de forma drástica o aproveitamento de tais informações durante todo o ciclo de desenvolvimento de qualquer empreendimento da construção.

Durante a fase anterior à construção, podemos aprimorar todo o processo de engenharia à montante (termo utilizado por várias empresas do mercado), antecipando questões de canteiro, extraindo informações quantitativas da obra em tempo real ou ainda municiando a equipe de produção com cronogramas visuais e recursos que facilitarão a sua organização, mobilização e execução.

A OBRA

Durante a obra, tecnologias móveis permitem monitorar a qualidade e a produção, dando suporte a processos avançados de “construção enxuta” ou ainda de monitoramento de produção e qualidade em tempo real. Isto possibilita também a gestão dos prazos e custos, reduzindo os riscos existentes nesta atividade que a cada dia tem suas margens reduzidas.

À medida que a obra avança e os espaços e equipamentos vão sendo entregues e instalados, pode-se iniciar um processo de Comissionamento, criando um “databook” com informações de valor agregado à fase de Assistência Técnica ou ainda Manual do Proprietário.

 Estas informações facilitam sobremaneira o “start” da operação e manutenção, evento que ocorre invariavelmente após a “entrega das chaves” e se passa a operar e manter as instalações, cuidando entre outros de processos como Manutenção Preventiva, Corretiva, Custos, etc.

Ou seja, durante TODO O CICLO DE VIDA de qualquer empreendimento podemos melhorar a execução dos processos e aumentar a eficácia nas atividades, aumentando a qualidade de cada entregável, enquanto reduzimos as perdas e desperdícios em cada fase.

Nos últimos anos, são vários os cases reportando economias e reduções de custos e prazos em função do uso do BIM. Na academia, são diversas as pesquisas reportando o aumento da produtividade e melhoria da qualidade nas diversas fases do empreendimento. Existem, então, ganhos QUANTITATIVOS (mais fáceis de compreender e demonstrar por gestores e diretores) e QUALITATIVOS (mais facilmente percebidos pelos que estão diretamente envolvidos com os processos operacionais).

Se após todo o exposto, não o convencemos a investir em sua adoção, vamos refletir no futuro próximo de nosso negócio.

O Governo Federal brasileiro já decretou que a partir de 2021 irá exigir o uso do BIM em parte de suas contratações, a exemplo do ocorrido no Reino Unido. Isto resultará na aceleração da adoção por parte de seus fornecedores, ainda mais se considerarmos que o mesmo é um dos maiores contratantes da cadeia produtiva. Toda a cadeia deverá se ajustar a tal realidade (projetistas, construtores, gerenciadoras), pois mesmo que estes não participem diretamente ou prestem serviços em obras públicas, outras empresas o farão, e uma vez experimentando os benefícios e melhorias inerentes ao conceito dificilmente não o farão sem o apoio do BIM.

E então? Ainda indeciso a iniciar sua implantação?



Caio Waiteman

Coordenador de Projetos PRC Empreendimentos

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Paula Souza

Principal Consultant | Aviation Design & Engineering | Arcadis UK

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Jose Monares

Paula Souza

Principal Consultant | Aviation Design & Engineering | Arcadis UK

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Tiago Villalobo

Willian Derek Ruiz

Strategy | New Business | M&A | Corporate Venture Capital | Open Innovation | Ex-Deloitte

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