Bitcoin, Blockchain e a disrupção do mercado financeiro

Bitcoin, Blockchain e a disrupção do mercado financeiro

Um dos assuntos que gerou as discussões mais controversas no último ano foi o Bitcoin e as criptomoedas. As opiniões não poderiam ser mais diversas, como a do CEO do JP Morgan, Jamie Dimon, declarando em setembro que o Bitcoin é uma bolha e que ele demitiria qualquer trader que investisse na moeda. No sentido inverso, a Presidente do FMI, Christine Lagarde falando sobre criptomoedas para os banco centrais disse: “Não sejam luditas”

Quem acompanha o valor da moeda digital, viu em 2017 seu valor subir de menos de US$ 1.000,00 para mais de US$ 18.000,00 (até agora!), com uma alta volatilidade. A grande pergunta que fica é: Bitcoin é uma bolha? Para entender melhor esse tema, cabe uma análise detalhadas sobre ele.

O que é o Bitcoin?

Bitcoin é uma moeda criptográfica lançada em 2009. Ela foi criada por uma pessoa (ou grupo de pessoas) que se auto-denominava “Satoshi Nakamoto”, de quem até hoje não se conhece a real identidade. O Bitcoin é revolucionário pois criou a tecnologia chamada Blockchain, que se trata de um registro de transações distribuído e imutável. Isso significa que o Bitcoin está distribuído em todas as máquinas que compõe a sua rede e que as transações registradas não podem ser revertidas. Atualmente, existem mais de 10.000 nós rodando a rede do Bitcoin.

Diferente de uma moeda tradicional, que tem sua emissão controlada por um banco central, novos Bitcoins são gerados em um processo chamado de mineração, onde os computadores que rodam a rede competem entre si para gerar um novo bloco, ficando assim com uma recompensa em Bitcoins (atualmente 12.5 Bitcoins por bloco). Uma das principais características do Bitcoin é que ele é um ativo deflacionário por natureza, visto que existe em sua programação um limite máximo de todas as moedas que existirão (21 Milhões).

Os usos principais para o Bitcoin são para efetuar pagamentos, transferências internacionais, investimentos ou para reserva de valor (especialmente em países com alta inflação).

Após a criação do Bitcoin, diversas novas criptomoedas foram criadas, com usos e características muito distintas. As principais criptomoedas hoje, além do Bitcoin são: Ethereum, LiteCoin, Bitcoin Cash, Dash e Monero.

Usos de blockchain

Apesar das opiniões controversas sobre o Bitcoin, existe um consenso no mercado sobre o valor da tecnologia Blockchain. Várias iniciativas de instituições financeiras para o uso de Blockchain existem, sendo elas:

  • Consórcio R3: consórcio formado por grandes bancos e instuições financeiras, para desenvolver uma tecnologia de blockchain para ser usada por bancos. Os membros do consórcio incluem Itau Unibanco, Bradesco, B3, BBVA, JP Morgan, Citi, entre outros.
  • Ripple: Rede de pagamentos globais baseadas em blockchain. Grandes bancos como Santander, UBS e BBVA estão utilizando
  • Banco Central do Brasil: realiza diversos estudos sobre blockchain. Em uma das publicações feitas, ele avaliou a viabilidade de migração do STR (sistema por onde são processadas as TEDs) para a tecnologia de Blockchain
  • Febraban: Criou um grupo para avaliação da tecnologia, apresentaram um protótipo no CIAB em 2017 do uso da tecnologia para cadastro de clientes em instituições bancárias utilizando um Blockchain

Além de iniciativas de bancos, várias startups estão usando blockchain e criptomoedas, entre elas destacam-se:

  • Bitnation: Primeira nação virtual do mundo baseada em criptomoedas
  • Original My: Startup brasileira de registro de documentos e informações em blockchain
  • Storj: Guarda e compartilhamento de arquivos criptografados
  • Slock.it: Tecnologia para aluguel de apartamentos, carros e outros objetos

Desafios do Bitcoin

Apesar da tecnologia ser muito promissora, existem vários desafios para os mercados financeiros envolvendo Bitcoin. Alguns países, principalmente os com controles de capital mais fortes já sinalizaram a proibição do uso, como a China e Venezuela. Outros mostram restrições, como é o caso do Brasil, onde o Banco Central publicou um comunicado para o mercado mostrando os riscos no uso e proibindo seu uso para transferências internacionais.

Um dos países que mais avançaram na legalização de Bitcoin foi o Japão, que autoriza o uso do moedas virtuais em meios de pagamento, além de autorizar diversos Exchanges a operar.

Os Estados Unidos ainda não lançaram uma regulação formal a nível federal, mas alguns estados já se posicionaram sobre o assunto, como por exemplo Nova York, que criou um licenciamento para Exchange chamado “BitLicense” em 2015. Atualmente três exchanges já possuem essa licença.

Tendências para Bitcoin e Blockchain em 2018

É um grande desafio tentar adivinhar o que será do Bitcoin em 2018. Temos diversos sinais positivos para a criptomoeda, sendo o mais promissor a promessa da maior bolsa de derivativos do mundo, a CME, ter anunciado um produto baseado em futuros de bitcoin, que serão lançados em 18 de dezembro de 2017. Esse produto terá liquidação financeira, ou seja, quem compra-los não terá que lidar diretamente com Bitcoins.

A Nasdaq, maior bolsa de tecnologia do mundo, também anunciou o lançamento de um produto de futuros de Bitcoin, a ser lançado no primeiro trimestre de 2018.

Com o lançamento de produtos para futuros e depois derivativos de Bitcoin em uma instituição respeitada, é possível que haja uma grande valorização do mercado, visto que entidades da economia tradicional como fundos de investimento poderão iniciar a operação com a criptomoeda.

Outro movimento esperado para o ano que vem é o lançamento de um ETF (Exchange Traded Fund) indexado ao Bitcoin na Nasdaq. Algumas inciativas neste sentido já foram recusadas nos anos passados, mas com a existência de um mercado futuro regulado, a expectativa é que uma nova proposta seja aprovada.

Respondendo a pergunta do início: Bitcoin é uma bolha?

Eu pessoalmente não acredito nisso, e sou investidor em Bitcoins, porém aconselho cautela nos investimentos, como em qualquer ativo de alta volatilidade. HODL!

Stefany Carvalho Torrens

Legalização | Licenciamento Ambiental | Incorporação Imobiliária

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Stefany Carvalho Torrens

Legalização | Licenciamento Ambiental | Incorporação Imobiliária

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Stefany Carvalho Torrens

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Luis Gabriel N. Simas

Lifelong Learner | Senior Fullstack Software Engineer | Founder & CTO | Expert in Cloud, AI/ML, .NET, and Microservices

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E bolhas em geral...

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