A Black Friday x a Logística

A Black Friday, antes vista como um único dia de promoções, tornou-se um evento prolongado, transformando o mês de novembro em um verdadeiro ‘Black Month’. Para o setor logístico, essa mudança não é apenas comercial; é um desafio de escala que exige planejamento, tecnologia e investimentos significativos.

E entrou o mês de dezembro e passou a Black Friday, certo? Na verdade não é bem assim, para a logística o dezembro, especialmente em anos anteriores, era um eterno Black Friday, com os armazéns e fluxos de transportes sobrecarregados das vendas ocorridas em novembro, mas também com entregas de Natal já se iniciando, indústrias nacionais antecipando entregas devido as férias de fim de ano e as indústrias chinesas forçando as entregas devido as paralisações do ano novo chinês.

Me lembro de em outros anos, de conversar com amigos de transportadoras e de operadores logísticos, e todos ficavam de "cabelo em pé" com este período, clientes com entregas atrasadas, aumento de sinistros, aumento de custos e das noites sem dormir.

Em 2024 já é perceptível que temos um cenário um pouco diferente, as empresas já estão mais preparadas para este acúmulo de entregas de fim de ano, o que foi possível principalmente por algumas evoluções do cenário logístico brasileiro, como:

1. Evolução e consolidação do modelo de consumo do brasileiro. Onde conforme pesquisa da inglesa Kantar, em 2022, a penetração de entregas via Delivery chegaram a 89% dos brasileiros, o que consolida a mudança no perfil de consumo do brasileiro, que tem maior confiança em realizar compras on-line, o que passa muito pela logística das empresas, que se tornou mais ágil e confiável. E mesmo com a demanda de entregas crescendo (aumento de 30% em 2024 conforme estudo da InDrive), ela se tornou perene e possibilitou as empresas de logística a se programarem melhor e também a reforçarem seus investimentos.
2. Maior valorização do setor logístico. Empresas que talvez tenham no core business o e-commerce, como a Amazon, Mercado Livre e outras, já são conhecidas como empresas de logística, visto os inúmeros investimentos que fizeram no setor, e tem na logística o seu diferencial, e por isso investem cada vez mais em automações, maior capilaridade, e reforço de seus contratos com parceiros logísticos. E isso se tornou uma tendência do mercado e não está restrito ao e-commerce, com as empresas no geral sendo beneficiadas por este movimento e também investindo nele.
3. Aumento do faturamento do setor de logística. O setor, beneficiado por este crescimento e investimento, está faturando mais, com um crescimento em 2023 no faturamento em 15% (R$ 192 Bilhões), e um crescimento de 2,6% no PIB de transporte também em 2023, conforme dados da ABOL e CNT respectivamente.
4. Evolução da tecnologia: Segundo dados da Anatel o 5G em 2023 já atingia 95% das áreas urbanas, o que mostra que o país tem maior oferta de conectividade, o que beneficia o uso de tecnologias como IoT, RFID, inteligência artificial para roteirização, e uso de drones em entregas, tornando as entregas mais seguras e eficientes.

Isso faz com que o setor se firme como um dos pilares para crescimento do PIB brasileiro, sendo importante para os objetivos de crescimento da indústria, do agro e dos segmentos de serviços.

É claro que o setor segue sofrendo com a infraestrutura precária do país, custos dos combustíveis, taxas de juros elevada, entre outras, mas essa é uma conversa para outro post.

E retornando ao Black Friday, a inflação ainda requer controle, a taxa de juros deve seguir subindo e dificilmente recua abaixo de 10% nos próximos 2 anos conforme previsões dos especialistas, e isso deve seguir afetando o consumo do brasileiro, por outro lado, este consumo, mesmo que impactado, será cada vez mais feito de forma on-line e a logística seguirá crescendo e sendo cada vez mais atuante no dia a dia do brasileiro, que venha a próxima Black Friday!!!

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Phillipe Amaral – Gestor de operações logísticas, contratos e parceiros logísticos.

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