Embarcadores e Motoristas em um mesmo caminho.
Recentemente, a ANTP divulgou uma atualização de seu estudo sobre os custos relacionados a acidentes de trânsito, apontando um impacto anual de R$ 50 bilhões na economia brasileira.
Esse montante considera todos os tipos de acidentes, abrangendo transporte público e particular de passageiros, além de uma parcela significativa proveniente do transporte de cargas. Segundo um levantamento do Instituto Paulista do Transporte de Cargas (IPTC), entre janeiro de 2022 e fevereiro de 2023, foram registrados cerca de 108 mil acidentes envolvendo veículos de carga.
Dados do Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV) mostram que 90% desses sinistros estão relacionados a práticas inadequadas ao volante. Entre os principais fatores estão reações tardias, distrações (como o uso do celular), desrespeito à sinalização, falhas ao acessar vias e excesso de velocidade, conforme aponta o Boletim de Acidente de Trânsito da Polícia Rodoviária Federal de 2024.
Venho de uma família de motoristas – meu pai, irmãos e primos atuam nessa profissão essencial para a economia brasileira. Vale lembrar que cerca de 65% do transporte de cargas no Brasil depende de rodovias, de acordo com o Relatório Executivo do Plano Nacional de Logística 2025. Estando tão próximo dos desafios enfrentados pelos motoristas, conheço bem as dificuldades que essa profissão apresenta: infraestrutura precária, excesso de veículos em relação à capacidade das estradas, frotas inadequadas, entre outros problemas. Esses fatores geram preocupações constantes para os familiares, que aguardam com ansiedade o retorno seguro de seus entes queridos.
Além disso, os motoristas vivem sob pressão financeira. Um acidente, sinistro ou problema mecânico pode não apenas ameaçar suas vidas, mas também comprometer todo o lucro planejado, tornando a profissão ainda mais desafiadora.
Por outro lado, minha trajetória profissional sempre esteve ligada ao papel de embarcador. E desse lado enfrentei inúmeros desafios, como buscar as melhores rotas, prazos e custos, enfrentando os problemas de infraestrutura, altas cargas tributárias, instabilidade no preço dos combustíveis, falta de integração entre os modais e a necessidade constante de investimento em frotas.
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Ao longo dos anos, testemunhei muitas evoluções no setor logístico, especialmente com o avanço da tecnologia. As frotas estão sendo modernizadas, e as empresas investem cada vez mais em ferramentas que reduzem os riscos de acidentes. Um exemplo é o uso de câmeras veiculares inteligentes, que monitoram comportamentos de risco, como sonolência, embriaguez e uso do celular, por meio de sistemas avançados de análise.
Outra inovação é a telemetria, que permite o monitoramento em tempo real dos veículos. Essa tecnologia coleta dados essenciais, como velocidade, frenagens bruscas, rotas utilizadas e comportamento dos motoristas, possibilitando análises detalhadas. Com isso, as empresas podem revisar e aprimorar políticas de segurança e programas de treinamento, agindo de forma preventiva para reduzir acidentes, proteger motoristas e cargas e aumentar a eficiência na gestão das frotas.
A expansão da conectividade, aliada a tecnologias como a Internet das Coisas (IoT), também trouxe avanços significativos, proporcionando maior rastreabilidade e clareza nos dados. No âmbito legal, a Lei do Motorista (Lei 13.103) contribuiu para um maior controle e regulamentação da profissão, garantindo direitos e promovendo melhores condições de trabalho.
Apesar das conquistas, ainda há um longo caminho a percorrer. O que é certo é que embarcadores e motoristas estão do mesmo lado dessa jornada. Juntos, trabalham em busca de um objetivo comum: o sucesso e a evolução do nosso país.
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Phillipe Amaral – Gestor de operações logísticas, contratos e parceiros logísticos.