Bom dia pessoal, Relato no meu texto um outro olhar da demissão, olhar de quem precisa fazer a demissão. Se demitir faz parte da sua responsabilidad
Depois do texto sobre a importância em desenvolver o luto após uma demissão, fui procurada e me pediram para escrever um pouco mais sobre o processo de desligamento, sobre o comunicado de demissão. Então vou aqui promover uma reflexão sobre o outro lado da demissão, a visão daquele que precisa demitir alguém.
Certamente, aqueles que já receberam a oportunidade – a primeira – para liderar ou gerenciar pessoas, pensaram na dificuldade que é desenvolver e principalmente a dificuldade que é demitir pessoas.
Comigo não foi diferente, a vontade de recusar a oportunidade foi grande e a dificuldade em demitir o meu primeiro profissional foi muito maior.
Me deu medo, dor na barriga, a mão ficou molhada do tanto que suei, além da sensação de ter destruído a carreira de alguém. Foi horrível!
Mesmo assim fui lá e fiz. Fiz porque naquela época era a minha obrigação.
Mas o tempo foi passando, e eu contratei, desenvolvi e demiti vários outros profissionais. E com o passar do tempo o que era uma parte chata do meu trabalho – uma obrigação – passou a ser vista de outra maneira, com um olhar mais maduro, com o olhar sobre o desenvolvimento da minha carreira. Afinal, quem contrata, muitas vezes precisa demitir.
Também passei a ver a jornada profissional em uma empresa como um ciclo – início, meio e fim – e esse ciclo precisa ser constantemente reavaliado para não ficar estagnado em algum lugar.
Foi nesse momento que uma luz se acendeu, como uma solução para o desconforto que é demitir, assim, deixei de ter medo desse processo.
Claro que continua sendo horrível, acredito que nunca irei gostar dessa situação, mas entendi que a principal responsabilidade de quem lidera pessoas, não deve ser baseado apenas na demissão. Acredito não ser o final o mais importante e sim como você chegou até lá. De que maneira viveu a sua jornada?
Enquanto líder, me questionava muito e sempre vou me questionar, se eu estava cumprindo o meu papel de desenvolver pessoas e carreiras. Se eu estava melhorando os meus conhecimentos para ter esse papel. Qual era o meu poder em adaptar um recurso em seu meio. Qual era a minha postura diante dos erros e acertos dos profissionais que gerenciava. Eu estava apta a dar e receber feedbacks que contribuiriam com a carreira de alguém?
Quando alinhei esses questionamentos e fiz meus ajustes fiquei tranquila, entendi que o mais importante de quem gerencia pessoas estava sendo feito. Eu fui um bom espelho para aquele profissional desligado!
Infelizmente nem todos se encaixam em todas as empresas, podemos fazer várias tentativas e até conseguir que a pessoa fique o máximo de tempo possível, mas como será essa jornada? Será saudável para todos?
Há também situação que temos que desligar pessoas queridas, pessoas que se encaixam perfeitamente, mas por uma situação ou outra, temos que desligá-los.
Como é o caso da crise financeira vivida por empresas no momento. Muitas pessoas foram demitidas e muitos líderes se entristeceram por isso.
Retomo aqui, que entendo a vida em uma empresa como um ciclo, e nessas situações e em todas as outras, busco desligar a pessoa passando o melhor feedback possível sobre ela (Lembrando que o melhor feedback não contém apenas o que é bom, mas também uma reflexão do que pode ser melhorado).
O papel do líder é esse, melhorar, desenvolver e inspirar pessoas, até na demissão. Obvio, empatia, que é muito querida, mas pouco lembrada.
Pense em como você gostaria de ser tratado nessa situação, de o melhor de você e se possível, ajude esse profissional com a sua recolocação, nem que seja com recomendações. De o seu melhor por você e por ele, ambos ganham. E ao ir para casa se avalie, se questione.
Eu fui um bom espelho para ele?
Saiba se avaliar que o peso dessa situação poderá ser mais suave.
Espero ter contribuído um pouco com a minha vivência e experiência.
Grande abraço!
Karina C. Mendes
Coach de Vida e Carreira | Psicoterapeuta | Consultora em RH