Bom dia, sempre, por favor!

Você já negou um bom dia a alguém alguma vez? Já foi tachado de mal-educado – por anos! – por ignorar pessoas, enquanto se dirigia à sua estação de trabalho?  

Talvez você nunca tenha percebido ou tido a sorte de alguém lhe falar, mas eu já!

Lembro-me como se fosse hoje, quando me foi apresentado o plano de ação, elaborado pela minha equipe, de melhoria da pesquisa de clima realizada na empresa. O resultado era excelente e inquestionável, estávamos em uma GPTW, um ótimo lugar para se trabalhar! Mas um feedback me tirou o chão: 

_ Você é seletivo, só dá bom dia para quem quer! (nunca nessa vida, não sou esse tipo de pessoa – pensei) 

_ Outro dia, perto do relógio de ponto, te cumprimentei e nada! (cara, eu devia estar no celular, pensando nas mil coisas que um líder precisa fazer – tentei argumentar) 

_ Já te falo bom dia bem baixinho, daí as pessoas não percebem que fui ignorado pelo meu gestor... (um soco no estômago, mas deve ser a m#rd@ da máscara – me esquivei em pensamento) 

_ Quando você chega, fala bom dia para um lado da sala e esquece do outro. (me vi claramente fazendo isso, e a ficha começou a cair...) 

_ Chefe, é sério, aceita que dói menos. Você faz, quer dizer, não faz! (e a vergonha me tomou por inteiro – e gaguejando desculpas, aceitei) 

Fui para casa desnorteado. Será que estou educando minhas filhas assim? E o porteiro do prédio, a tia da padaria, o vigia, o que eles pensam de mim? Sou um mal-educado nato, no mínimo!!! 

Boa noite, meus amores, em tom de brincadeira entrei em casa. 

Em seguida, senti um frio na espinha, foi quando percebi que ainda era segunda-feira e que o dia seguinte era dia de labuta, dia de dar bom dia para o pessoal do trabalho! O prazo para mudança era curto demais, eu precisava mudar e estava apavorado. Como iria dar bom dia de forma natural se todo mundo estava me olhando e me julgando? 

E foi uma das experiências mais difíceis que já encarei como gestor de pessoas. Pensei em resistir, em chegar bem mais cedo, sentar na minha estação de trabalho e não sair mais de lá; ou marcar uma reunião externa ou visitar um fornecedor..., mas não adiantava, a minha hora ia chegar. Criei coragem e fui. 

Foi péssimo, como se eu estivesse nu em praça pública com todos apontando em minha direção... O bom dia mais artificial, com o sorriso mais amarelo, da minha vida!!! 

Ontem, após um bom tempo do fatídico dia, minha equipe me disse que eu mudei (mas contínuo preocupado em não ter recaídas) e me desafiou a promover a prática do bom dia para outras lideranças mal-educadas da empresa (a maioria, pasmem). E, por isso, decidi fazer isso publicamente de forma a alcançar outros gestores desavisados ou não.

Sei que liderar não é tarefa fácil, mas temos que tomar cuidado para que as cobranças por resultados, compromissos diversos e a busca constante por soluções acabem nos impedindo de perceber as pessoas que fazem tudo acontecer.

Analisando minha rotina, descobri que meu ponto fraco aparece quando minha atenção está em outro lugar! Das pouquíssimas vezes que ainda me pego negando bom dia a alguém estou sempre andando, digitando ou lendo alguma coisa no celular, ou correndo para uma reunião que surgiu do nada na minha agenda.

Será que esse não é o seu também?

Dar bom dia é tarefa simples e ignorá-la pode ser desastroso no dia a dia do trabalho da sua equipe, pois é um sinal claro de desprezo e de falta de respeito vindo de alguém que deve ser exemplo. 

Dê bom dia sempre, por favor!