Brasil, 3 anos de recessão econômica

A maior recessão desde 1948 – quando começa a série histórica de registro. Esse é o retrato da economia brasileira, que recuou 3,6% em 2016 e fez com que o Produto Interno Bruto (PIB) voltasse ao mesmo nível de 2010. A constatação foi divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e estava dentro das expectativas dos analistas. O Brasil tem retração acumulada de 7,2% em apenas dois anos.

O ciclo de recessão no Brasil começou no segundo trimestre de 2014 e completou, em dezembro de 2016, onze trimestres – ou seja, quase 3 anos -, já tendo alcançado a mesma duração da crise do governo Collor. A queda não foi decorrente de apenas um setor, mas foi consequência de contração em todos os setores - primeira vez que isso aconteceu desde 1996.

Desde 2014, o setor industrial brasileiro registrava queda, entretanto, o setor de serviços continuava crescendo. O ano seguinte, 2015, foi registrado quedas nos setores de serviços e indústria. Já em 2016, a agropecuária teve queda. Esta última sob justificativa de que condições climáticas afetaram a produção de milho, cana e soja, responsáveis por 60% da produção agrícola brasileira.

Entre uma lista de 38 países que divulgaram seus resultados até o momento, o Brasil teve o pior desempenho, segundo o ranking da agência de classificação de risco brasileira Austin Rating. Depois do Brasil, aparecem Grécia e Noruega, que registraram crescimento de 0,3% e 0,6%, respectivamente. 

Dizer que voltamos ao PIB registrado em 2010 é como apagar a história do desenvolvimento econômico que o Brasil viveu desde então. Preocupante, também, é o registro do PIB per capita, que caiu 11% desde 2014, em comparação ao crescimento de 0,9% da população ao ano. Isso significa dizer que a população empobreceu, reduzindo o consumo e isso impacta diretamente na economia.

Se o Brasil vai sair da crise? Os especialistas dizem que sim e complementam afirmando que o pior já passou. Entretanto, acredito que ainda há muitos pontos que atrapalham a recuperação de fôlego econômico, principalmente depois desta grave crise pela qual passam os produtores brasileiros de carne, já que o Brasil é o maior exportador do mundo. Os juros ainda estão muito altos, mesmo com o início de redução da taxa Selic; ainda há uma forte restrição ao crédito; e o nível do desemprego continua aumentando.

A crise brasileira é, sem dúvidas, resultado de anos de uma política econômica sem controle. O único fator que pode estimular a retomada consistente do desenvolvimento econômico é o investimento público. Entretanto, avaliando que o governo não tem recursos para investir, as parcerias e concessões público-privadas seriam parte da solução.

A queda da inflação e dos juros, a alta do preço das commodities e o crescimento da confiança dos consumidores e dos empresários vem reforçando que o Brasil pode e irá sair da crise, mas a passos curtos. A liberação do FGTS inativo também pode acelerar a retomada do crescimento. Além disso, as vendas de minério de ferro e petróleo cresceram nos dois primeiros meses do ano, levando a balança comercial brasileira a um patamar confortável. Já a indústria deve aquecer mais por uma necessidade de repor os estoques e o Brasil deve produzir em 2017 um total de 221 milhões de toneladas de grãos, a maior safra da história do país. E isso movimenta toda a cadeia produtiva. 

Acompanhando todas as mudanças internas, ainda temos que ficar de olho nas movimentações externas. O presidente americano, Donald Trump, tem adotado políticas protecionistas que podem afetar o mercado de exportação brasileiro.

Porém, é preciso mais. A Lava Jato não pode parar e é preciso pensar em maturar as reformas previdenciária, política, tributária, trabalhista, etc. É preciso fazer o dever de casa internamente, para que a economia e, por consequência, o Brasil volte a ter bons índices de crescimento.


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